01/11/10

Inversão Térmica

Palavra-chave: Inversão térmica, chuva ácida, smog, concentração da poluição, Água, Massas de Ar, Atmosfera

A temperatura da atmosfera diminui proporcionalmente com a altitude.
As massas de ar são extremamente dinâmicas; as de ar quente tendem a subir em altitude na atmosfera, porque são mais leves, e as de ar frio, mais pesadas e densas, tendem a descer por compressão, compensando-se. À medida que o ar frio desce vai tornar-se mais quente em relação às camadas superiores adjacentes. Quando se aproxima do solo, aquecido pelo calor produzido pelas actividades humanas, pelos raios solares e pela emissão de calor da terra, forma uma massa de ar quente, que vai voltar a subir e a arrefecer; processo em constante dinâmica de compensação. (Fajardo, 1998).

Neste processo, totalmente natural, as massas de ar accionam a mistura vertical dos poluentes produzidos na terra, e impedem a sua acumulação e concentrações junto ao solo, tal como se verifica no esquema sem inversão da imagem seguinte, retirada de Ehrlich (1974:165).



A inversão térmica, representada no esquema inferior da imagem, verifica-se “ (…) quando uma camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar”. (Fajardo, 1998:147). Geralmente, ocorrem inversões térmicas na atmosfera em altitude, mas em dias soalheiros e com baixa humidade relativa no ar, ocorrem em níveis mais baixos, próximos da superfície terrestre, o que dificulta a disseminação da poluição pelas camadas verticais da atmosfera terrestre, e aumenta a concentração dos poluentes que afectam directamente com a saúde humana, “ (…) causando problemas de saúde que vão desde irritação nos olhos até doenças broncopulmonares.” (Fajardo, 1998:147). Em altitude pode formar-se uma inversão se existir advecção de uma massa de ar mais quente.

É frequentemente pela manhã que surgem as inversões térmicas, o que se justifica pelo facto de ser neste o período do dia que se atinge as temperaturas mais baixas junto do solo, fruto da emissão de calor para a atmosfera durante todo o período nocturno. Também é pela manha que os automóveis circulam com maior intensidade, na deslocação casa/trabalho, libertando gases tóxicos, tais como o monóxido de carbono.

Para reforçar o exposto, Manahan (2000:279-280) no seu fabuloso trabalho Environmental Chemistry, referindo-se ao smog fotoquímico, indica as mesmas condições para a inversão térmica, conforme citação: “Na presença de NO [monóxido de azoto], sob as condições da inversão da temperatura, baixa humidade e luz solar, estes hidrocarbonetos [hidro (hidrogénio) + carbonetos (carbono)] produzem o indesejado smog fotoquímico manifestado pela presença de partículas, que reduzem a visibilidade, oxidantes como o ozono e espécies nocivas como os aldeidos.” (texto original na nota 1).

A inversão térmica, nas condições com que vulgarmente se identifica (formação de nuvens que impedem o sol de abrir de forma límpida), acontece mais no Inverno, nomeadamente após a passagem de uma frente fria. Resulta do facto de a camada de ar quente mais próxima do solo arrefecer mais do que a camada imediatamente superior (entrincheirando assim uma camada de ar quente entre duas camadas frias, superior e inferior), e de não existirem ventos fortes para as misturarem, conforme imagem acima. Não obstante, se no decorrer do dia se verificar o aquecimento da superfície e a circulação de vento, as camadas de ar voltam a interagir e restabelecem o ciclo natural da circulação atmosférica. (Fajardo, 1998).


Nota 1: Texto original Citado“In the presence of NO, under conditions of temperature inversion (see Chapter 11), low humidity, and sunlight, these hydrocarbons produce undesirable photochemical smog manifested by the presence of visibility-obscuring particulate matter, oxidants such as ozone, and noxious organic species such as aldehydes.”
Vídeo educativo: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=13466


Referências Bibliográficas:

__________ Explicando o Tempo - Inversão Térmica (Vídeo), disponível em http://www.youtube.com/watch?v=iKI6QePYnYQ, acedido em 21 de Outubro de 2010.

EHRLICH, Paul; EHRLICH, Anne (1974), População, recursos, ambiente: problemas de ecologia humana, tradução de José Tundisi, Polígono, edição da Universidade de São Paulo, São Paulo.

FAJARDO, Elias (1998), Ecologia e cidadania: se cada um fizer a sua parte, Senac Nacional, Rio de Janeiro

MANAHAN, Stanley (2000), Environmental Chemistry, CRC Press online e Lewis Publishers, Boca Raton.

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