24/05/07

Evoluçao da Indústria do Papel (Geografia Económica e Social)

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O trabalho está disponibilizado na integra. No entanto, em prol da sua dimensão optou-se por separar cada uma das partes que constituem o trabalho, estando em entradas separadas mas consecutivas. A apresenta-se nesta entrada o índice e a apresentação em power point do trabalho).



APRESENTAÇÃO DO TRABALHO EM AULA (power point)






Índice Geral



1. Resumo

2. Introdução

3. Objectivo de Estudo

4. Definição de pasta de papel&papel

5. Origem e aplicações da pasta de papel

6. História do papel

7. Definição de CELPA (“cara” da Indústria Papeleira)

     7.1. Evolução Económica da Industria Papeleira

     7.2. Industria Papeleira no contexto do Comércio Externo

     7.3. Sustentabilidade ambiental da Indústria Papeleira

     7.4. Distribuição Geográfica das Indústrias Papeleiras

     7.5. Estratégias e Competitividade Empresarial da Industria do Papeleira

     7.6. Pontos fortes e fracos do Sector Papeleiro

8. Reflexão

9. Bibliografia

10. Anexos

 
 
 
Índice de Imagens




1. Distribuição de Eucalipto em Portugal Continental

2. Distribuição de Pinheiro em Portugal Continental

3. Máquina de desfazer trapos Holandesa

4. Indústria Moderna

5. Localização das Unidades Industriais e Caracterização do Sector





Índice de Gráficos



1. Evolução da Produção de Pasta Mundial, 1996 a 2003

2. Evolução das Importações de Pasta, 1994 a 2005 (Anexos)

3. Evolução das Vendas Totais de Pasta, 1995 a 2005

4. Evolução das Importações de Papel e Cartão, 1994 a 2005

5. Venda de Papel e Cartão, 1995 a 2005

6.Principais Destinos das Vendas de Papel no Mercado Comunitário, 2005

4. Estrutura Geográfica do Emprego




Índice de Quadros


1. Produção de Pastas Químicas, pelos Vários Países da CEPI

2. Variação Anual de alguns Indicadores do Sector da Pasta e do Papel

3. Perspectivas de Crescimento para Portugal

4. Aquisição de Madeiras por tipo e por origem, 1998 a 2005

5. Venda de Pasta, 2002

6. Venda de Papel, 2005

7. Caracterização do Sector

1. Resumo (Geografia Económica e Social)

1. Resumo


O sector português da pasta e do papel detém um peso significativo na economia do país. O volume de emprego e os rendimentos gerados por ambas as indústrias são alguns dos indicadores que evidenciam a sua importância económica e social.

A indústria da pasta caracteriza-se pela existência de grandes empresas, com elevado grau de automatização e mão-de-obra qualificada, para a qual muito têm contribuído os cursos universitários existentes nesta área de especialização. Já na indústria do papel predominam empresas de pequena dimensão, com importância a nível local, em que a mão-de-obra é menos especializada, praticando-se a formação on the job. [nota 1]

A indústria papeleira tem vindo a modernizar os seus processos de fabrico, tornando-se das mais eficientes na utilização e gestão dos recursos naturais, e, para diminuir os impactos ambientais resultantes da sua actividade têm sido efectuados grandes investimentos pelas empresas do sector, em tecnologias de ponta. Na generalidade estas Indústrias localizam-se junto à costa e no Vale do Tejo.



“A geografia económica ocupa-se essencialmente dos motivos pelos quais as várias actividades económicas do homem ocorrem nos lugares em que se produzem, situando-se nos limites da geografia, da economia e da história económica. A sua compreensão é mais geográfica do que económica porque se centraliza mais na localização do que na conduta económica do homem e na teoria económica” [nota 2].

NOTAS:

[1] Formação no Trabalho.

[2] Retirado de Geografia Económica in Diciopédia 2005 [DVD-ROM], Porto Editora, Porto, 2004.


2. Introdução

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Este trabalho destaca basicamente em três momentos. A primeira parte, a mais breve, intitula-se História da Indústria Papeleira. A segunda parte, designada por caso de estudo, vou estudar através de dados da associação CELPA a evolução desta Indústria em vários níveis, finalizando com uma conclusão, que reflecte sobre a situação do passado, actualidade e expectativas futuras. Apesar de só estarem presentes no mapa de localização da Indústria de pasta e papel as empresas associadas da CELPA, todo o trabalho se refere à totalidade do sector, até porque a CELPA representa quase a totalidade do sector podendo designar de informação resídual, a não constante no mapa. Todos os gráficos, mapas ou imagens que não possuem fonte foram cedidos pela CELPA.


3. Objectivo de Estudo


Inicialmente, é meu objectivo perceber a definição de pasta de papel, a sua origem, e quais as suas aplicações.
Numa segunda fase, pretendo abordar de forma breve a História do papel ao longo do tempo.
Num terceiro momento, vou analisar um estudo de caso, a CELPA (Associação da Indústria Papeleira), que resultou da fusão, efectuada em 1993, entre a ACEL (Associação das Empresas Produtoras de Pasta de Celulose) e a FAPEL (Associação Portuguesa de Fabricantes de Papel e Cartão); e, sendo a “Imagem” da Indústria Papeleira em Portugal, vou através de dados fornecidos por esta associação conhecer a evolução desta Indústria, nas várias vertentes, Económica, Ambiental, Social e Geográfica.

A escolha da CELPA prende-se por diversos motivos, tais como: o facto de se tratar de uma associação que representa quase 100% da produção de pasta e fabrico de papel; por estar sedeada em Lisboa e possuir muita informação documentada; e, por ser o último recurso, após uma tentativa falhada de trabalho sobre a Renova, devido à falta de vontade por parte desta empresa em facultar informação.


4. Definição de pasta de papel&papel


A pasta de papel destinada à indústria do papel pode ser produzida a partir de fibras virgens por processos químicos ou mecânicos ou por transformação de papel recuperado novamente em pasta de papel. As fábricas de papel poderão simplesmente reconstituir pasta de papel fabricada noutro local ou estar integradas com as operações de fabrico de pasta de papel no mesmo local.

O papel, basicamente é uma folha de fibras a que foram adicionados produtos químicos que afectam as propriedades e as qualidades da folha. Para além das fibras e dos produtos químicos, o fabrico de pasta de papel e de papel exige grandes quantidades de água de processamento de energia sob a forma de vapor e de energia eléctrica.


5. Origem e aplicações da pasta de papel

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As fibras naturais com as quais se produz pasta de papel ou celulose encontram-se em diferentes espécies de árvores. Em Portugal, a indústria de celulose utiliza a madeira de pinho e a madeira de eucalipto, em prol da sua excelente aptidão para a produção de variados papéis: papéis de impressão, de cópia, para escrever, papel de cozinha, papel higiénico, papel de embrulho, papel de embalagem, papel de decoração e muitos mais.




O Eucalipto encontra-se sobretudo no Norte/Litoral de Portugal e o Pinheiro é muito frequente no Norte/Centro, sendo característica do primeiro, uma localização próxima de abundantes recursos hídricos, conforme figuras n.º 1 e 2, respectivamente.

6. História do Papel


Desde os princípios da humanidade que o Homem desenha as suas memórias visuais, sendo exemplos dessas memórias as cenas de caça encontradas nas paredes das cavernas onde o homem primitivo se abrigava, como por exemplo as grutas de Altamira (Espanha). As matérias-primas mais famosas e próximas do papel foram o papiro e o pergaminho. O papiro foi inventado pelos egípcios e, os exemplares mais antigos datam de 3.500 a.C. E, embora os chineses tenham sido os primeiros a fabricar papel com as características que actualmente possui.

Em 105 d.C., o imperador chinês Chien-ch'u, irritado por escrever sobre seda e bambu, ordenou ao seu oficial da Corte T'sai Lun que inventasse um novo material para a escrita. T'sai Lun produziu uma substância feita de fibras da casca da amoreira, restos de roupas e cânhamo, humedecendo e batendo a mistura até formar uma pasta. Depois, fez passar a pasta pela peneira para ficar fina, e secou esta ao sol, transformando-a numa folha de papel (princípio básico usado até hoje).

A primeira fábrica de papel apareceu em 1094 em Xativa, Espanha, aparecendo depois, por volta de 1150 a fábrica de Fabriano, em Itália. A partir daí, na Europa, começa-se a difundir a arte de produzir papel: França em 1189, Alemanha em 1291 e Inglaterra em 1330.


Máquina de Desfazer Trapos Holandesa


Curiosamente, a ideia de fazer papel a partir de fibras de madeira foi perdida algures neste percurso, pois o algodão e os trapos de linho foram transformados na principal matéria-prima utilizada. No fim do século XVI, os holandeses inventaram uma máquina que permitia desfazer trapos, desintegrando-os até ao estado de fibra.

Em 1719, o francês Reamur sugeriu o uso da madeira, em vez dos trapos, por existir uma enorme concorrência entre as fábricas de papel e a indústria têxtil, o que dificultava a obtenção e tornava mais cara a principal matéria-prima usada na época: o algodão e o linho. Certo dia, observando que as vespas mastigavam madeira podre e empregavam a pasta resultante para produzir uma substância semelhante ao papel na construção dos seus ninhos, Reamur percebeu que a madeira seria uma matéria-prima alternativa.

Mas apenas em 1850 foi desenvolvida uma máquina para moer madeira e transformá-la em fibras, processo que se passou a ser chamado pasta mecânica de celulose.

Em 1854 é descoberto na Inglaterra um processo de produção de pasta de celulose através de tratamento com produtos químicos, surgindo a primeira pasta química.

As primeiras espécies de árvores usadas na produção de papel em escala industrial foram o pinheiro e o abeto das florestas das zonas frias do Norte da Europa e América do Norte, utilizando-se depois espécies como: o vidoeiro, a faia e o choupo preto nos Estados Unidos e Europa Central e Ocidental, o pinheiro do Chile e Nova Zelândia, o eucalipto do Brasil, Espanha, Portugal, Chile e África do Sul.

A pasta de celulose vinda do eucalipto surgiu pela primeira vez, em escala industrial, no início dos anos 60, e ainda era considerada uma "novidade"
até a década de 70.


Indústria Moderna


Entretanto, de entre todas as espécies de árvores utilizadas no mundo para a produção de celulose, o eucalipto é a que tem o ciclo de crescimento mais rápido (com abundância de água) e por isso tornou-se a principal fonte de fibras para a produção do papel até à actualidade.

7.1. Evolução Económica da Indústria Papeleira


A actividade do Sector da Pasta e do Papel (SPP) contribui fortemente para o crescimento da economia Portuguesa, uma vez que é um sector exportador líquido, ou seja, as exportações do sector são mais elevadas do que as importações. Na realidade, o sector tem uma taxa de cobertura das importações em cerca de 40%, contribuindo assim positivamente para a Balança de Pagamentos.

A produção a nível Mundial desde 1960 até 2003 cresceu de forma exponencial, nunca tendo um decréscimo significativo na evolução anual do sector, verificando-se tal facto no seguinte gráfico, a produção de todas as categorias de pasta.



Portugal acompanha a mesma tendência [nota 4], e desde 1997 que a produção de pasta aumentou 15%, como se observa no quadro nº 1 em anexo, tendo sido acompanhada também por um crescimento na produção de papel de cerca de 55 %.

Em Portugal produzem-se vários tipos de papel: Papel e cartão de escrita e impressão não Couché, Papeis Sanitários e de Usos Domésticos, Kraftliner, Testliner, Fluting entre outros. O crescimento da produção de papel deveu-se essencialmente à aposta do mercado na venda de papel de impressão e escrita, tendo a sua produção aumentado 106% entre 1997 e 2004. Em 2003 registou-se um decréscimo económico no seio deste sector, à semelhança de toda a Europa que estagnou até 2004, onde uma ligeira retoma da economia Europeia reflectiu-se num aumento do volume de vendas, essencialmente de papel revestido, dada a recuperação do mercado publicitário.

Mais recentemente, entre 2004 e 2005, o volume de vendas do sector aumentou 3% apesar do volume de produção de pasta e de papel ter diminuído, conforme Quadro nº 2 em anexo. Isto é justificado pela melhoria que em 2005 o sector apresentou ao nível da produtividade, que aumentou 17%, e do Valor Acrescentado Bruto por tonelada produzida, que teve uma subida de 11% em relação aos valores de 2004.

Este sector industrial é responsável em Portugal por 3581 empregos directos e um activo fixo de 4 489 977 milhões de euros em 2005, o que demonstra a sua importância na economia do País, nomeadamente na área das exportações. O facto 41% de trabalhadores do sector serem do Norte, é justificado pelo maior número de unidades industriais, conforme Gráfico nº 7.



A produção de plantas para arborização em viveiros tem uma grande importância económica para a região em que se insere e para a envolvente, devido aos postos de trabalho que se originam. Nas áreas onde estes viveiros se localizam, estes postos de trabalho fazem toda a diferença, apresentando-se em alguns casos como único meio de subsistência, dando actualmente trabalho a cerca de 98 pessoas.


NOTAS:

[1] Comparação de dados entre o Boletim Anual de 1997 e 2004.

7.2. Indústria Papeleira no Contexto do Comércio Externo

O Economia Portuguesa passou por um período de estagnação, quase recessão em 2005 e parte de 2006, começando agora a florescer e evidenciar potencial. Esta estagnação foi devida ao aumento dos combustíveis em cerca de 65%, e na mudança do paradigma económico, reflectindo-se depois na inflação dos bens e serviços.

Apesar de em 2005 se ter esperado um crescimento de 1,6 % do PIB, este não foi além dos 0,8%, melhorando depois em 2006 de forma suave. Nos primeiros meses deste ano (2007) a situação começou a melhorar devido ao aumento das exportações, conforme dados da tabela abaixo.



Como já referi anteriormente Portugal é um exportador líquido neste sector, ou seja, exporta mais do que importa, demonstrando um forte equilíbrio na balança de pagamentos.

O sector tem vindo a crescer fortemente nos últimos 10 anos, sem que a importação da sua matéria-prima, a madeira, tenha aumentado [nota 5]. Em 2002, a floresta nacional foi responsável por 94% da madeira produzida para abastecer estas indústrias, sendo os restantes 6% provenientes de importações (4% do Continente Americano e 2% da Europa), e em 2004 apenas 0.26% da madeira consumida pelo sector foi importada. A floresta portuguesa constitui a principal fonte de matéria-prima para a produção de pasta e papel. Dando continuidade ao que se tem verificado ao longo dos anos, em 2005 cerca de 99% da madeira adquirida proveio de florestas nacionais de eucalipto e pinho. Do total de madeiras compradas apenas 1% teve origem na importação. A importação verificada ocorreu na madeira de pinho, representando apenas 3% do total de pinho adquirido em 2005.

No antecedente, e como se pode verificar no quadro nº 4 em anexo, a dependência externa era relativamente grande nomeadamente na rolaria sem casca, o que se tem vindo a diluir ao longo dos anos.

No seu total, em 2005 adquiriu-se menos 8% de madeira quando comparado com 2004, que teve origem essencialmente numa diminuição das compras de madeira de eucalipto em 11%. As compras de madeira de pinho tiveram, por seu lado, um crescimento de 8%.

Em relação ás vendas de pasta, verificou-se uma certa regularidade apesar de existirem alguns momentos menos conseguidos, nomeadamente em 2005, onde as vendas totais de pasta diminuíram 8% entre 2004 e 2005, conforme gráfico abaixo. Esta queda foi sentida, quer ao nível das exportações, que desceram 5% entre 2004 e 2005 (1009 mil toneladas em 2004 para 954 mil toneladas em 2005), quer nas vendas no mercado doméstico que passaram de 142 mil toneladas em 2004 para 106 mil toneladas em 2005.



Realçando o aumento de 5% em nas vendas em 2002, contrariando a descida verificada em 2001, com as exportações a crescerem 4% entre 2001 e 2002, e as vendas no mercado doméstico aumentaram 23%.

Este aumento de 4% nas exportações reflecte um aumento de 5% nas exportações de pasta de eucalipto branqueada ao sulfato (86% do volume total exportado), de 10% nas exportações de pasta de eucalipto crua ao sulfato. Em 2003 esta área do sector voltou a perder em relação a 2002, tendo melhorado outra vez em 2004. Apesar de existir regularidade, existe várias oscilações anuais de pequena dimensão, com uma característica própria (um ano melhor precede um ano pior), na história dos últimos seis anos.

O destino das vendas é maioritariamente o mercado comunitário, com cerca de 94% [nota 6], como se verifica no quadro nº 5 a seguir.



O actual padrão de consumo de papel é proporcional ao desenvolvimento económico, ou seja, as economias emergentes e até mesmo as desenvolvidas como Portugal, com baixas taxas de leitura, são potencias mercados consumidores que dependem da sua evolução económica e qualidade de vida das populações.

As importações de papel e cartão subiram cerca de 2% entre 2001 e 2002, abaixo da média anual de 8% que se tinha verificado nos últimos 10 anos. Desde 2000 que a importação de papel se definiu nos moldes dos padrões actuais, que se traduz numa baixa importação do exterior devido ao aumento da produção nacional de papel, principalmente ao nível dos papéis de impressão e escrita. O aumento das importações foi mais acentuado no cartão canelado e nos outros papéis e cartões.


O consumo do papel tem sido constante e as variações anuais são próximas de 1%. A variação de 2004 para 2005 foi de 1%, a menos nas importações de papel, e, não se perspectiva grandes alterações neste padrão.

Ao nível da venda de papel (exportação e de uso domésticos), a um aumento gradual desde os últimos dez anos.

Esta evolução de vendas de papel deve-se essencialmente a um aumento das exportações de papéis gráficos, a um acréscimo das exportações de papéis sanitários e de usos domésticos, e a um aumento das exportações de papéis e embalagens para empacotamento.

O volume de vendas entre 2004 e 2005 manteve-se constante nas 1595 mil toneladas conforme quadro nº 6 em anexo.

Do total de papel e cartão vendido, cerca de 77% destina-se às exportações, principalmente para o mercado comunitário, e dentro deste mercado 82% das exportações destinam-se à Espanha, à França e à Alemanha.


Este comércio entre Portugal e Europa Oriental tem vindo a aumentar nos últimos anos.


NOTAS:

[1] Vide gráfico nº 2 em anexo.

[2] Este valor refere-se ao ano de 2005, e não foi calculado com os dados deste quadro apesar de não existir variações elevadas. A utilização deste quadro serve para demonstrar os principais parceiros comerciais na compra de pasta, pois ainda se mantêm desde 2002 até à actualidade.


7.3. Sustentabilidade Ambiental da Indústria Papeleira



Na área energética a eficácia desta indústria papeleira é relativamente boa, tendo uma produção que excede o consumo em 12,5% (valor de 2005), e em termos europeus a auto-suficiência é de 40%, muito inferior aos 88% verificados em Portugal.

A produção desta energia é por cogeração, conseguindo uma grande eficiência energética e mais amiga do ambiente, com o gás natural a ser o combustível fóssil dominante.

A nível ambiental os gastos aumentaram, pois está presente na consciência dos empresários os actuais problemas ambientais influenciados pelo aumento da produção, tentando assim reduzir este impacto, racionalizando e tornando mais eficientes os circuitos produtivos.

A água é uma das matérias auxiliares principais na fabricação de pastas e de papéis. É utilizada no processo principal, como fonte de energia térmica e mecânica, nos sistemas de arrefecimento e na produção de energia eléctrica. Os principais investimentos realizados nesta área têm promovido a racionalização dos circuitos de utilização da água e a optimização dos consumos em cada fase. Deste modo, e apesar dos aumentos de produção verificados, a indústria papeleira tem vindo a reduzir os consumos totais, tendo consumido na produção de 2005 - 99 milhões de m3, ou seja menos 4,9% que em 2004. Do total de água utilizada 65% do volume proveio de captações superficiais (rios e albufeiras).

Os afluentes, à semelhança do consumo de água, têm vindo a diminuir, e o seu destino traduz a localização geográfica das instalações, junto à costa e no Vale do Tejo. Em 2005, 66% dos efluentes líquidos foram descarregados no Oceano, 21% em estuários e 13% em rios e albufeiras.

Os resíduos sólidos em 2005 aumentaram, estando directamente relacionados com a quantidade de pasta de papel produzida, os seus principais destinos foram: 32% aplicação de lamas e cinzas resultantes da queima de biomassa na agricultura e compostagem, 40% valorização energética e os restantes 20% dos resíduos produzidos foram depositados em aterros.

Na área da renovação de floresta, existe uma boa evolução da produção de plantas de qualidade de várias espécies florestais para arborização de áreas próprias e venda a terceiros. A produção destes viveiros cifrou-se, em 2005, perto dos 10,5 milhões de plantas. Em relação a 2004, houve um aumento na produção de plantas de eucalipto para consumo próprio de 31% e houve uma quebra na venda de plantas a terceiros de 37%.



7.4. Distribuição Geográfica das Indústrias Papeleiras



A associação CELPA tem associadas nove unidades Industriais; Portucel Viana, S.A., Portucel, S.A., Celbi, S.A., Soporcel, S.A., Celtejo, S.A., Renova, S.A., Caima, Indústria de Celulose, S.A., Nisa, S.A. e Portucel, S.A.




Estas situam-se em geral junto à costa (desde Sesimbra até Viana do Castelo) e no Vale do Tejo, devendo-se esta localização há abundância de matéria-prima, proximidade dos grandes mercados consumidores e principais ligações intermodais de Portugal.

As empresas associadas da CELPA representam 100% da produção de pasta para papel e cerca de 90% da produção de papel, ou seja, representam quase a totalidade da produção do sector.

Como se verifica no quadro nº da caracterização do sector em baixo, estas nove unidades industriais produzem pasta de papel e também papel. Estas produzem o papel em função da sua localização e do tipo de mercado para que estão a produzir. Por exemplo, a Celbi só produz pasta de papel, mas no entanto o mercado não está deficitário devido à Soporcel S.A., que produz papel. De acordo com o que aprendi nas aulas de Geografia Económica e Social, posso dizer que existe uma estratégia Global de integração vertical, neste sector industrial. A nível das pequenas indústrias a informação é muito reduzida, pelo que acredito que não existam estratégias definidas.



Em suma, o custo de produção de pasta é determinado especialmente pelo preço da madeira, logo é o factor determinante na definição de estratégias das empresas, tornando-se vantajoso para optimizar os custos e diversificar a produção investir em unidades produtivas desterritorializadas, embora integradas verticalmente.


7.5. Estratégias e Competitividade Empresarial da Indústria do Papel



O sector da indústria papeleira tanto a nível mundial como a nível europeu tem registado uma crescente concentração, sendo do interesse da indústria nacional da pasta e do papel actuar para não perder parte do mercado, passando por criar segmentos com maiores barreiras à entrada e dilatar a capacidade produtiva das nossas empresas.

Existem neste sector empresas competitivas de dimensões internacionais, esperando que de futuro a indústria da pasta e do papel seja menos fragmentada, nomeadamente na Península Ibérica onde já se destacam empresas como a Portucel, a Soporcel e a espanhola ENCE, visando o aumento da competitividade e possíveis parcerias entre empresas especializadas no mesmo segmento de mercado com rigor de produção.
Apesar da indústria papeleira portuguesa ser em termos gerais competitiva, possui em termos de custos realidades diferentes, isto porque, se se diferenciar as empresas integradas das que adquirem a pasta no mercado, a competitividade do sector vai variar de acordo com o grau de integração da empresa. O mesmo se passa numa integração total, onde a estrutura de custos da empresa produtora de papel altera-se, sendo a produção de pasta determinada pela procura de papel; e, numa integração parcial, onde a procura de pasta é determinada em parte pelos factores expostos no caso da integração total e pelo preço da pasta no mercado. Assim, têm-se verificado muitos movimentos de integração vertical de empresas da pasta e do papel, bem como empresas da área da comercialização e da distribuição, como é o caso da Portucel industrial/Papéis Ina- pa/Inapa Distribuição, e também, a Inapa IGP que comprou a Papier Union, uma das maiores distribuidoras alemãs de papel, tornando-se a terceira empresa europeia distribuidora de papel, presente já em 10 países.

Como estratégia de internacionalização poderá pensar-se numa intensificação dos circuitos de comercialização e um investimento em unidades produtivas localizadas em países que apresentam um potencial de crescimento de consumo de papel, de que são exemplo os países emergentes e os Países do Sul e Leste da Europa. Isto porque é onde predominam as espécies resinosas e se prevê um aumento do poder de compra associado ao previsível crescimento económico.

Numa óptica de internacionalização, é de referir a criação da empresa de papel Renova Espana, com o objectivo de produzir para um mercado mais vasto, e para tirar vantagens da proximidade geográfica desse mesmo mercado, e também da Portucel Espanha com objectivos muito semelhantes.

O ambiente constitui uma preocupação para sector da pasta e papel, “dependendo” directamente da floresta, e também de todos os outros recursos naturais. Como já tinha referido anteriormente no capítulo da sustentabilidade ambiental as empresas têm apostado não só na gestão sustentável da floresta, mas também na redução do impacto ambiental do processo industrial recorrendo ao auxílio de tecnologia de ponta; não só em prol do meio ambiente mas também como estratégia de conquista de mercados com maior sensibilidade a estas questões.



7.6. Pontos fortes e fracos do Sector Papeleiro


Após tudo que li e ouvi, posso concluir que os pontos fortes onde se deverá reforçar as iniciativas de investimento, no sentido de fazer a diferença entre o “bom e o muito bom”, e, os pontos fracos que limitam a própria actividade do sector nomeadamente em questões ambientais e de distribuição de mercado, são os seguintes:


Pontos fortes

     • Capacidade de investigação e desenvolvimento florestal,

     • Qualidade da matéria-prima,

     • Potencial de diferenciação da fibra de eucalipto em aplicações papeleiras,

     • Posse e gestão de propriedades florestais,

     • Produto de muito boa aceitação mundial,

     • Empresas bem apetrechadas tecnologicamente e competitivas,

     • Cumprimento de requisitos ambientais,

     • Proximidade dos grandes mercados europeus,

     • Controlo dos canais de distribuição e comercialização por parte das empresas produtoras de pasta e das grandes empresas de papel.


Pontos fracos

     • Floresta nacional pouco competitiva e insuficiente para o cabal abastecimento da indústria aos níveis actuais de produtividade (importação crescente),

     • Existência de empresas de papel com baixo nível de articulação a montante e a jusante, de pequena dimensão a nível nacional e internacional (produção de média e baixa qualidade),

     • As empresas de pasta actuam em segmentos mais vulneráveis à entrada de novos produtores de baixo custo,

     • Deficiente domínio dos canais de distribuição e comercialização por parte da maioria das empresas produtoras de papel de pequena e média dimensão,

     • Elevada utilização de água na produção de cada tonelada de pasta.



8. Reflexão




“É necessário que a indústria não continue a ser em todos os aspectos parasitária”
[nota 7]



O mercado nacional do papel está em crescimento e contribui fortemente para a economia portuguesa. Nos últimos anos o consumo per capita de papel foi muito reduzido, colocando Portugal numa das últimas posições a nível europeu, o que mostra existir potencial de crescimento. Tendo em conta o aumento do poder de compra (ainda abaixo da média europeia), o prolongamento do ensino obrigatório e as reduzidas taxas de leitura registadas no país, perspectiva-se um aumento do consumo de papel, quer por parte das artes gráficas (impulsionadas, nomeadamente, pelo dinamismo do mercado da publicidade), quer do consumidor final. Apesar das tecnologias de informação e comunicação (TIC) estarem a evoluir muito rápido, não apresentam qualquer tipo de ameaça à evolução económica deste sector industrial, podendo criar algum receio aos jornais, sendo improvável que se deixem de comercializar em papel curto prazo.

Contudo, a distribuição do tecido empresarial do sector não é homogéneo, já que existem empresas com diferentes dimensões, dinamismos e especializações produtivas. Serão provavelmente as unidades produtivas de maior dimensão, com diferentes graus de integração, com produtos de qualidade e de boa aceitação internacional, que acabarão por satisfazer o previsível acréscimo da procura. Por seu lado, e não se alterando as condições actuais, as pequenas unidades produtoras de papel, que detêm importância na economia local (até por criarem emprego), terão tendência a desaparecer gradualmente, na medida em que são muito vulneráveis aos preços das matérias-primas, e a sua produção é de baixa/média qualidade.

Uma possível expansão da produção de papel poderá ainda existir, se for tido em consideração o potencial mercado dos Países de Leste e dos países emergentes asiáticos, os nossos principais clientes da Europa do Sul (Espanha, França e Itália), pois possuem um consumo de papel ainda abaixo da média comunitária.



NOTAS:

[7] Frase retirada da capa do livro “Industria e as Artes Gráficas em Portugal” escrito por Alberto Gomes, publicado pelo seu jornal em 1989. Demonstra a crescente evolução de confiança neste sector, nomeadamente por parte da Comunicação Social.

9. Bibliografia


• Alberto Gomes (1989) – Indústria papeleira e as artes gráficas em Portugal, Lisboa

• António Paulo Brandão Moniz Jesus, (1991) – Processos de mudança Tecnológica e organizacional na Industria Portuguesa, Lisboa

• Boletim Estatístico 2000 – Indústria Papeleira Portuguesa, Lisboa

• Boletim Estatístico 2001 – Indústria Papeleira Portuguesa, Lisboa

• Boletim Estatístico 2002 – Indústria Papeleira Portuguesa, Lisboa

• Boletim Estatístico 2003 – Indústria Papeleira Portuguesa, Lisboa

• Boletim Estatístico 2004 – Indústria Papeleira Portuguesa, Lisboa

• Boletim Estatístico 2005 – Indústria Papeleira Portuguesa, Lisboa

• CELPA (1998), Indústria Papeleira Portuguesa – Análise do Sector, Lisboa

• Diciopédia 2005 [DVD-ROM], Porto Editora, Porto, 2004

• Geografia de Portugal (2005) – Actividades Económicas e espaço geográfico Volume 3, Circulo de Leitores e Autores, Lisboa

• Ministério da Indústria e Energia – Gabinete de Estudos e Planeamento (1995) A Indústria Portuguesa Horizonte 2015 – Evolução e Prospectiva, Lisboa

• Regina Salvador (1994) – Dinâmica espacial da industria portuguesa, Lisboa

• Outras fontes – Utilização do motor de busca Google para efectuar pesquisas de informação nomeadamente o site da CELPA e do Ministério da Economia, e conversa com responsável de relações publicas da CELPA por telefone



10. Anexos

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