23/06/11

3.6. Resultados da Actuação


“Essa luta demorou muitos anos para se tornar pública, era uma luta calada, cheia de dor, mortes e pequenas vitórias, mas era uma luta contínua e que começou a dar seus frutos. Começam a despontar seus primeiros dirigentes, entre os quais podemos citar Wilson Pinheiro, Chico Mendes e Osmarino Amancio Rodrigues.

Wilson Pinheiro, Chico Mendes e muitos outros foram assassinados pelas balas dos capangas contratados pelos fazendeiros, quando estavam sob a proteção da polícia e com a conivência do Estado e de seus governos. Só no caso de Chico Mendes, graças a pressão nacional e internacional, foi dada apenas uma leve condenação aos seus assassinos, que, inclusive, já se encontram novamente em liberdade.

Mas foram esses homens e mulheres, que com a marca de seu sangue, em 1975 conseguiram fundar o primeiro Sindicato de Trabalhadores Rurais onde os patrões não poderiam participar, um sindicato só dos trabalhadores” (Rodrigues, 2007:online).

Considerando o valor e a natureza da acção (cariz social e ambiental), e o que representa em termos de cidadania ambiental, nem as baixas desta guerra, que são muitas (e.g. dirigentes sindicais, seringueiros), retiram o sucesso do movimento, que teve e continua a ter vitórias importantes. Só na década de 80 o Movimento conseguiu tirar das mãos dos fazendeiros e dos madeireiros 3.052.527 hectares de florestas, o que se traduziu numa vitória directa de 9.174 famílias na luta pela reforma agrária. Esta floresta que passou para a reserva extrativista, vai ser cuidada/protegida pelas comunidades tradicionais, que a consideram sensível e delicada, correspondendo igualmente a um incomensurável ganho ambiental. Os autóctones sabem que o solo da amazónia é pobre e que depende directamente da cobertura vegetal para ser fertilizado. Aliás, este também foi um dos motivos da sua luta, a desertificação causada pelas queimadas.

Entre 1990 e 1995 o Movimento conseguiu aumentar a área de floresta protegida para 5 milhões de hectares. Contudo, segundo Rodrigues (2007:online), “ainda existem mais 90 milhões de hectares da Amazónia que são dotadas de potencial extrativista, isto quer dizer que a guerra tem que continuar.”

Sem comentários: