23/06/11

3. Estudo de caso: “Movimento dos Povos da Floresta Amazónica”


1.1.        Caracterização histórico-geográfica

A floresta amazónica, maior floresta equatorial e autêntico pulmão do mundo, localiza-se no território do continente sul-americano que compreende a bacia hidrográfica do Amazonas. Embora de limites imprecisos, liga-se a Norte com o maciço das Guianas, a Sul com o planalto brasileiro de Mato Grosso e a Oeste com os Andes (Aoki, 2006:131). Está repartida por diversos países, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, mas é na região Norte do Brasil que tem a maior extensão, ocupando metade de todo o país (5000000 Km2) (Aoki, 2006:131).




Diversos grupos habitavam as terras que hoje correspondem à região Norte do Brasil quando os colonizadores portugueses iniciaram a ocupação e exploração económica deste território, com base na extracção dos recursos naturais. Capturaram indignas para evangelizar e escravizar e importaram de forma maciça escravos de África, sempre dando resposta às necessidades que se foram colocando ao longo dos vários ciclos económicos: pau-brasil e açúcar (séc. XVI e XVII), ouro ou mineração (séc. XVIII), café e borracha (séc. XIX), borracha e desmatação (séc. XX), e actualmente continua a existir desmatação visando a exploração da madeira, o estabelecimento de pecuária extensiva (que substitui a mata pelo capim) ou a agricultura intensiva (e.g. soja e cana-do-açúcar) para fazer biodiesel (Koshiba & Pereira, 1987).
Todos estes ciclos económicos foram conseguidos à custa da exploração dos recursos minerais, da expropriação de camponeses e indígenas, e da destruição ambiental (fig. 1). Foi em protesto contra esta situação que nos anos 70 (séc. XX) surgiram vários movimentos sociais que defendiam “conteúdos” ecológicos. Estes tinham como principal objectivo a conquista de terra para agricultar em áreas abrangidas pela floresta amazónica, a preservação da floresta, da paisagem natural e da biodiversidade. Estes movimentos sociais eram desencadeados pelos mais desfavorecidos, que viam na defesa ambiental a resposta à pobreza extrema em que viviam (Campos, 2007:33).

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