25/01/06

12. Inquérito


12.1. Introdução

O presente relatório tem como base os dados relativos a 50 questionários aplicados à população das 11 freguesias do Concelho da Amadora. Os inquéritos foram efectuados no mês de Novembro e Dezembro de 2006, existindo a preocupação de inquerir uma percentagem em todas as faixas etárias, no sentido de reunir uma amostra bastante diversificada para perceber a evolução do Concelho da Amadora.


12.2. Algumas considerações metodológicas

O inquérito visa fornecer informações sobre a qualidade de vida que o concelho da Amadora fornece aos seus cidadãos, pretende conhecer os grupos sociais dominantes, hábitos de consumo e condição económicas.


12.3. Analise dos dados

Após o tratamento da informação recolhida, verificou-se que a fixação da população no Concelho da Amadora se deve a três factores essenciais:
          • Relação preço/conforto/dimensão da habitação,
          • Motivo de casamento,
          • No caso dos jovens, pelo facto de aqui sempre terem residido.

Estes factores reflectem 90% da amostra recolhida e, os restantes 10%, sreferem-se a cidadãos residentes no concelho pela qualidade que este lhes proporciona, sendo na generalidade nacionalidade estrangeira e estando no concelho há menos de um ano.

Na generalidade a população não esta satisfeita com a habitabilidade no concelho devido a razões de diversas naturezas, que apresento a seguir:
          • Parquímetros não funcionam;
          • Guetos;
          • Uso excessivo do automóvel;
          • Insegurança;
          • Excesso de urbanização;

Apesar do regulamento que estabelece o funcionamento de parquímetros na Freguesia da Mina, junto à Estação da CP da Amadora já ter sido aprovado há dois anos, nunca entrou em funcionamento e contribui para o aumento da caducidade do trânsito. É uma área de enorme tráfego, porque os cidadãos na sua deslocação para o trabalho utilizam o automóvel ate à estação, e este permanece no local ate ao seu regresso, impedindo a fluidez do trânsito.

As máquinas estão colocadas nas ruas mais centrais mas nunca foram usadas o que indigna os residentes por não terem onde deixar o carro, e os visitantes, que quando têm necessidade de se deslocar à zona central, só lhes resta estacionar em segunda fila.

Em relação aos Guetos, o problema acentua-se e não aparenta melhorias. Ao contrário das primeiras gerações de africanos, muito marcadas pela passividade, as novas gerações já nascidas em Portugal, procuram diversas formas da sua afirmação cultural, nomeadamente através da música, grafittis... métodos não muito práticos.

Tornou-se então frequente verem-se grupos de jovens africanos envolvidos situações de criminalidade organizada: vandalismo de edifícios e equipamentos públicos, destruição de estações de comboios, de metro, tráfico de droga, assaltos a pessoas e bens, no quais tem resultado brutais agressões colectivas (arrastão na praia de Carcavelos e no Algarve na praia de Quarteira em Junho de 2005) e a morte de várias pessoas, incluindo de polícias.

O Concelho da Amadora está repleto de bairros problemáticos: Bairro 6 de Maio (Damaia); Estrela de África (Venda Nova); Estrada Militar do Alto da Damaia; Alto da Cova da Moura; Quinta da Lage; Serra da Mira; Boba; Bairro de Santa Filomena; Reboleira; Portas de Benfica, Azinhaga dos Besouros, etc. Alguns destes bairros foram tomados por bandos de criminosos, a polícia é frequentemente recebida a tiro. A pequena e a grande criminalidade ultrapassaram aqui todos os limites e a população acredita que a única forma de trazer bom ambiente e aspecto ao concelho é realojando os mais necessitados.

O uso excessivo do automóvel também se define como prioritário, no sentido de melhorar vida da população, já que gera agressividade, angustia, isolamento, tédio, alterações da personalidade, e poluição sonora e ambiental, colocando em risco a qualidade dos recursos das gerações vindouras.

A insegurança é preocupante para os mais velhos, mas é em relação aos mais jovens que as preocupações aumentam, isto porque os assaltos aos mais novos estão em acréscimo, sobretudo nas zonas envolventes de algumas escolas básicas do 2º e 3º ciclo e ensino secundário do Concelho da Amadora, o que preocupa os pais. Estes afirmam que os roubos de telemóveis, peças de roupa e dinheiro e as agressões estão a aumentar no trajecto entre a escola e a casa.

Os elevados aglomerados de urbanizações, pela proximidade de Lisboa, não cedem espaço a infra-estruturas que possam melhorar o nível de vida das populações nem o gosto pela habitabilidade do município. São estes equipamentos: uma piscina, uma sala de cinema, uma ciclovia, um parque de merendas, falta de livrarias, sendo que entre Agosto e Novembro de 2006 não existiu nenhuma livraria no município a funcionar, existindo actualmente só uma a funcionar que não disponibiliza mais de 30.000 volumes, e faltam campos de futebol.

O facto de a habitação ser económica em relação a Lisboa, possibilita que a maior fatia da população inquirida possua casa própria (plurifamiliar), à excepção da população de nacionalidade estrangeira, que apesar de residir em casa alugada, confessa que as condições poderiam ser melhores. Apresenta uma auto-suficiência no comércio do concelho, pois só 23% da população se dirige a Lisboa para obter bens de consumo.

As habitações são compostas na generalidade por três divisões, 78% dos cidadãos afirma que a sua habitação esta em médio/bom estado de conservação. Por todo o município a recolha selectiva dos resíduos ainda não se pratica na totalidade, sendo do agrado da população que esta situação se altere, esperando que a câmara em breve coloque os contentores diferenciados.

A população não apresenta sinais de desafogo económico, existindo em média um automóvel por casal, cerca de 60% da população inquerida não vai ao cinema, teatro, eventos desportivos, concertos, museus e exposições, só 45% dos cidadãos tem computador, e só metade destes possuem ligação à Internet, sendo que estes últimos pertencem à classe de jovens, não estando a classe activa receptiva a esta fonte de informação, por falta de tempo.

Acerca do grau de satisfação em relação aos equipamentos existentes no concelho, o agrado da população vai no sentido das acessibilidades, meios de transportes e espaços verdes, sendo que estes últimos só recentemente começaram a ter expressão, pelo que é necessário continuar no caminho que se tem seguido neste domínio. Quanto à Educação e à Cultura, apresenta uma melhoria significativa nos últimos anos, nomeadamente na educação com a abertura de novas escolas, mas os cidadãos acreditam que ainda muito tem de ser feito para se atingir um patamar de boa qualidade.

Por fim, as infra-estruturas de Saúde, Desporto e de Apoio à terceira idade são um desagrado geral, acrescentando serem de péssima qualidade os serviços prestados, vem como as metodologias de aplicação de leis para zelar pelo funcionamento destas instituições.


12.4. Notas conclusivas

Em jeito de conclusão, salientam-se alguns dos traços da problemática que demonstram o descontentamento dos cidadãos, através da última questão do inquérito que foi colocado à população do Concelho da Amadora.

Questionando os cidadãos para o que pensavam que a Câmara Municipal podia fazer para melhorar o desenvolvimento local, as respostas são variadas, bastante fundamentadas e lógicas. A lista é muito extensa pelo se que indica as que mais foram referidas pela população: Melhorar a produtividade do poder local; condicionar a urbanização em favor da criação de espaços verdes e espaços de lazer entre os habitantes (associações); aumentar o policiamento das ruas e junto das escolas; mais parques de estacionamento; mais organização do poder local para que as suas decisões sejam no sentido das carências da população; aumentar o número de espaços de desportos radicais; terminar com as “barracas” realojando os cidadãos em áreas variadas dentro do concelho, para não originar novos bairros perigosos e melhorar a limpeza e a imagem das áreas periféricas do centro de Concelho da Amadora que estão descuidadas e degradadas.

Estes indicadores são um espelho real da opinião pública do concelho em estudo, através de 50 inquéritos, podendo não corresponder a 100% de verdade pela amostra reduzida face ao elevado número de efectivos que o concelho tem.

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