Actualmente a ideia de progresso económico tem muita importância, mas o passado impôs-se como um lugar de referência. Assegurarmo-nos daquilo que fomos é indispensável para sustentar aquilo que pensamos ser. A recuperação do passado surge assim como um dos instrumentos simbólicos mais utilizados nas negociações identitárias.
No Concelho de Amadora, tal como noutros contextos de norte a sul do país, a patrimonialização abrange elementos tão diversos como paisagens, monumentos, arquitecturas tradicionais, artesanato, romarias, gastronomia; todos os objectos que possam, uma vez transformados em representações materiais do passado, servirem às ficções identitárias das pessoas.
A origem histórica de Amadora e o seu povoamento ao longo dos séculos deixaram um conjunto de elementos identificativos que conseguiram chegar até aos nossos dias, conferido aos territórios onde estão implantados uma carga simbólica da cultura humana.
Em todo o concelho, existem oito Monumentos Nacionais classificados e protegidos por legislação, repartidos pela freguesia da Mina, Venteira e Venda-Nova.
Para melhor identificar na área concelhia o património e os espaços verdes, utilizou-se pontos nos mapas, que estão numerados de acordo com a subdivisão dos pontos 9.1 e 9.2, com a mesma ordem.
11.1. Património Imóvel Classificado – Monumentos Nacionais
A Câmara Municipal da Amadora tem desenvolvido ao longo do tempo, esforços para garantir a gestão e conservação do património paisagístico e urbanístico através da recuperação de diversos Imóveis.
Embora a classificação estivesse prevista no regulamento do PDM, nunca foi levada à prática.
Sendo alguns destes Imóveis propriedade particular e em considerável estado de degradação, a Autarquia notificou vários proprietários no sentido de realizarem obras de beneficiação e recuperação dos Imóveis, devendo as obras ser executadas de forma a respeitar as características e materiais originais do imóvel.
Envolvendo este processo alguma complexidade, diversas fases e entidades, a CMA celebrará brevemente um protocolo que agilize e concretize a classificação dos Imóveis, beneficiando o património e a memória histórica do Município.
11.1.1. Aqueduto da Gargantada
No reinado de D. Pedro III, o príncipe D. João (futuro D. João VI) realizaram-se explorações preliminares na Nascente da Gargantada, que lhe tinha sido oferecida por Justino Álvares.
Em 1790, iniciaram-se as obras com o intuito de levar água até ao Terreiro do Paço de Queluz, para consumo das cavalariças reais. Estes trabalhos foram entregues a Joaquim José Reis, que terminou a obra em 1794.
O Aqueduto nasce no lugar da Gargantada, Carenque, onde existem duas nascentes: a nascente da Gargantada e a do Pocinho.
No seu percurso, segue pela encosta esquerda do vale até à Ponte de Carenque, num troço subterrâneo, transpõe a Ribeira de Carenque, e entra na freguesia da Venteira, onde apresenta um troço exterior, constituído por um conjunto de arcarias; continua então para o seu destino, o Palácio de Queluz, já no Município de Sintra.
Estas águas serviram vários chafarizes em Queluz, nomeadamente: Chafariz das Quatro Bicas, Fonte dos Namorados e Chafariz das Carrancas.
A partir de 1802, a água é encanada para as cocheiras reais. A falta de limpeza provocou a inutilização do Aqueduto sendo a água deste, desviada para a Quinta das Necessidades, na Reboleira, em 1846.
11.1.2. Necrópole de Carenque
A Necrópole de Carenque é constituída por três sepulcros colectivos (designados de I, II e III, contando de Este para Oeste) escavados em 1932, pelo arqueólogo Manuel Heleno, nos afloramentos calcários do Tojal de Vila Chã, entre Carenque e os Moinhos da Funcheira.
11.1.3. Aqueduto Romano
Lisboa era uma cidade cujo abastecimento de água era deficitário, e tal como os Romanos tinham feito, sugeria-se que se construísse um Aqueduto que suprisse estas necessidades.
Em 1979, o Aqueduto foi identificado no troço sul, situado junto do Bairro da Mina. Nesse mesmo ano iniciaram-se os trabalhos arqueológicos, tendo-se prolongado pelo ano seguinte.
Descobriu-se que o Aqueduto se estendia para Norte; nomeadamente, pela Ribeira de Carenque até à Barragem Romana, e também para Este.
11.1.4. Casa do Infantado
Localiza-se na Rua Elias Garcia, conhecido por "Palácio do Infantado", datado do Século XVIII, actualmente funciona, numa parte deste edifício, o Externato Verney.
Por lá terão passado funcionários da Corte, que seguindo viagem a caminho dos palácios de Queluz, Mafra ou Sintra, buscavam um local para repousar e uma estrebaria para tratar as montadas, condições que esta casa reunia.
É também chamada Casa do Infantado, por ter sido uma das propriedades herdadas após a Restauração (1640) pelos segundos filhos reais, que foram confiscadas a fidalgos considerados traidores.
11.1.5. Casa Roque Gameiro
Esta vivenda foi edificada entre 1898 e 1901 no alto da Venteira, para a habitação do pintor Alfredo Roque Gameiro e da sua família. Nesta época, entre o local e a então chamada Estação da Porcalhota, podia desfrutar-se de uma vista bucólica sobre os campos lavrados, sobretudo searas, que se estendiam em seu redor.
A Casa é um exemplo típico do conceito de "Casa Portuguesa", inspirada na arquitectura popular das diferentes regiões do país.
11.1.6. Portas de Benfica
Localizam-se na velha estrada da Circunvalação Fiscal de Lisboa, no limite das cidades de Lisboa e Amadora.
As Portas de Benfica integravam um sistema de controlo das entradas de mercadorias na cidade e de cobrança do imposto designado por Real da Água e dos direitos de consumo sobre os géneros alimentares vendidos na Capital fazendo parte da Alfândega Municipal, criada em Lisboa, em 1852, para fiscalizar os direitos de trânsito para a cidade.
11.1.7. Recreios Desportivos da Amadora
São fruto da iniciativa de José Santos Mattos e António Correia. Em 1912, já tinham sido inaugurados os primeiros recintos desportivos, constituídos então por um campo de ténis e um ringue de patinagem cimentado.
Alguns anos mais tarde, os Recreios possuíam um grandioso salão de festas, um cine-teatro, um campo de patinagem em madeira (concluído em 1915) e um campo de ténis.
O edifício do ponto de vista arquitectónico ao longo do tempo sofreu várias alterações, tendo sido a primeira em 1943 sob a responsabilidade do arquitecto Raúl Lima, que consistiu na construção de uma nova sala de espectáculos e cinema, com uma plateia de 600 lugares.
Actualmente, e após um interregno de alguns anos, funciona como um espaço cultural que actua como pólo produtor e difusor de cultura, nomeadamente nas áreas de cinema, teatro, ballet e realização de exposições temporárias.
11.1.8. Mães de Água
As Mães de Água estão separadas pela Ribeira de Carenque que divide os Municípios da Amadora e Sintra.
O seu conjunto marca o início do Aqueduto Geral das Águas Livres, no Município da Amadora. A Mãe de Água Nova é de cantaria, tem 17 metros de altura desde o fundo da câmara interior até à base da lanterna e 5 metros de profundidade onde se pode aceder por uma escada de 29 degraus em meia circunferência no interior.
11.2. Espaços Verdes
Neste âmbito, a Câmara Municipal da Amadora tem vindo a desenvolver esforços no sentido de dotar o Município de mais espaços verde, através da criação de mais Parques Urbanos e outras zonas verdes, bem como a recuperação e renovação de espaços verdes já existentes.
Neste sentido, a Câmara Municipal da Amadora promoveu a construção de parques especialmente dedicados aos jovens e à educação (Parque Aventura, na Ribeira da Falagueira, freguesia da Falagueira), à água e aos desportos radicais (Ilha Mágica do Lido, na freguesia da Venteira), e às crianças e aos avós (Parque da Fantasia, freguesia da Venteira).
Antes da construção dos parques, são realizados estudos, no sentido de dirigir os parques à população que os vai frequentar maioritariamente.
11.2.1. Parque Delfim Guimarães
Este Jardim-Parque foi inaugurado em 27 de Julho de 1937, sendo-lhe atribuído o nome de Delfim Guimarães como homenagem, pelo empenho no desenvolvimento da Amadora que este poeta teve, através da sua participação cívica enquanto habitante da Amadora.
Este espaço nobre no centro da cidade, foi durante muitos anos o principal parque da Amadora, constituindo uma referência histórica e afectiva, no que diz respeito aos espaços verdes, para os habitantes do Município.
11.2.2. Parque Aventura
Com uma área de cerca de 5 ha, o Parque Aventura inclui zonas verdes, pedonais e cicláveis, e elementos do património arquitectónico valorizadores daquele espaço: uma Casa Rural da Ordem de Malta, uma ponte da mesma época, um troço do Aqueduto de S. Brás, subsidiário do Aqueduto das Águas Livres e uma mãe-de-água.
Os desportos aventura são o tema do Parque, que inclui diversos equipamentos, nomeadamente uma ludoteca, um circuito de mini-golfe, uma horta pedagógica, uma escola de trânsito para as crianças e um parque infantil de grandes dimensões, com torres com escorregas, torres para trepar, molas e baloiços, havendo também espaços destinados à terceira idade e cascatas.
Para potenciar os efeitos da vegetação do Parque, foi instalado um sistema de iluminação directa e colorida, que realça as suas características próprias, permitindo, com efeitos de luz / sombra / cor, criar um ambiente diferente no parque durante a noite.
11.2.3. Parque Central da Amadora
Localiza-se na freguesia da Mina e desde 2004 possui um circuito de manutenção para idosos e pessoas com necessidades especiais, composto por um conjunto de equipamentos que permitem exercitar os membros superiores e inferiores, as articulações e o sistema vascular.
11.2.4. Parque da Fantasia
Com uma área de 8.850m2, no Borel, é um espaço verde urbano dotado de equipamentos infantis inovadores, para actividades de longa duração, zonas de lazer e de estadia, especialmente concebidas a pensar nos idosos, e percursos de ligação pedonal, que potenciam o uso do espaço.
11.2.5. Parque Goa
Com cerca de 1690 m2, este espaço verde urbano localiza-se na freguesia da Damaia.
É dotado de um parque de estacionamento, mobiliário urbano, reforço da iluminação pública e um espaço central em forma quadrangular, que corresponde ao espaço verde principal, permitindo a estadia e convívio da população.
11.2.6. Parque da Ilha Mágica do Lido
Localiza-se na freguesia da Venteira, entre a Ribeira de Carenque e a Ribeira da Amadora.
É um Parque Temático cujo tema é a água e os desportos radicais, tendo no centro um lago com 500m2, com profundidade reduzida, e uma ilha, que as crianças e pais terão que "conquistar", utilizando barcos, jangadas e o rappel para atravessar a água.
11.2.7. Parque Terra da Bonita
Situado na freguesia da Falagueira, o Parque Terra da Bonita apresenta uma "pérgola", mobiliário urbano moderno, com bancos em carvalho, papeleiras e mesas com bancos. Conta ainda com um parque de estacionamento e uma zona ajardinada.