06/01/09

Pólis dos Espartanos

A pólis dos espartanos na sua extensão máxima ocupava o Peloponeso e a Lacónia. Os espartanos são dos poucos Gregos que viveram numa planície (no contexto grego). O Peloponeso é uma grande planície que está integrada na Lacónia, entre os montes Parnon e Taygeté, e tem um rio que foi muito importante para Esparta, o Rio Eurotas.

A pólis de Esparta surgiu a partir de quatro povoados diferentes do Peloponeso que se uniram no processo de sinecismo (explicação defendida pelos próprios Espartanos). Com o tempo e com guerras, os espartanos ocuparam a Lacónia e as regiões vizinhas.

Os arqueólogos encontram poucos vestígios de materiais entre os séculos VIII a.C. e IV a.C. na área geográfica da pólis de Esparta. Geralmente, o que os investigadores sabem dos espartanos é lhe transmitido pelos vizinhos de Esparta. Esta falta de vestígios deve-se sobretudo à simplicidade da vida dos espartanos.

A pólis dos espartanos foi extremamente disciplinada o que motivava algum descontentamento a outros helenos, nomeadamente aos atenienses, que frequentemente criavam conflitos na sua pólis, em que muitas vezes era necessário alterar as leis para os suprimir.

A estabilidade da pólis dos espartanos só foi possível devido à falta de prazeres pessoais dos seus cidadãos e da negação de bens supérfluos, e ainda da aceitação pela pólis da fazer aplicar a lei. A título de exemplo, todos os espartanos, desde os pobres aos ricos, tomavam banho no rio Eurotas abdicando de tomar banho confortavelmente em sua casa.

Somente uma vez a pólis dos espartanos entrou em dysnomia. Então, Licurgo foi consultar o oráculo de Delfos e quando regressou à pólis apresentou aos concidadãos a lei (Rethra). A Rethra, aprovada pelo Deus Apolo, foi colocada em prática e nunca foi contestada nem alterada. Facto que permitiu aos espartanos viveram para sempre em eunomia (harmonia). Esta explicação é completamente lendária porque a Rethra nunca foi escrita e ninguém sabia quem era Licurgo.

A Rethra contemplava a divisão da população em tribos (phylai) e em agrupamentos militares (opai), uma reforma agrária que consistia na divisão do território em parcelas de produtividade iguais; distribuição pela população e a definição de instituições políticas e sistemas de organização que levassem à harmonia.

Os espartanos são caracterizados como lacónicos por falarem pouco; levavam uma vida objectiva e de bastantes sacrifícios, e tinham um regime de treino militar permanente (preparação para a guerra serviu para travar a revolta dos servos). Desde novos que os espartanos vivem com os mínimos, sem qualquer conforto ou regalia, para se prepararem para serem bons soldados. O que lhes interessava eram as suas qualidades militares que pudessem ser aplicadas na defesa e protecção da sua pólis. Nem mesmo os edifícios de maior relevo eram tão imponentes como, por exemplo, os de Atenas.

Aos sete anos de idade as crianças de Esparta abandonam o lar e são inscritas em quartéis com refeitório onde vão residir durante o período que vão receber formação ao abrigo do Programa educativo de Aprendizagem (AGOJ). Este programa prepara os cidadãos para a actividade politica e militar. Entre as actividades politicas estão também as religiosas.

Aos trinta anos recebem o título de cidadãos. Devem se casar e para esse fim recebem da pólis uma parcela de terreno para produzir.

Os laços familiares são reduzidos ao mínimo entre os país e os filhos, e também entre os maridos e as mulheres. O objectivo é que eles estejam preparados constantemente para a guerra, para que não fiquem presos em recordações que lhe possam limitar a produtividade na guerra. Pretende-se que os espartanos coloquem a sua vida ao serviço da guerra, ou seja, da pólis, sem que existam quaisquer reservas se tiver que escolher entre a vida dos seus familiares ou entre a comunidade (pólis).

As mulheres também têm um programa específico educativo e físico. O programa físico pretende munir a mulher de instrumentos de defesa pessoal para se defender na ausência do seu marido. Também está incluído no programa de formação da mulher como esta deve gerir a casa e tratar os filhos, enquanto estes residem com a mãe. Sabe-se que na ausência do marido as mulheres espartanas tinham que gerir os bens da família.

Alem dos próprios espartanos, ainda viviam na pólis dos espartanos os elotas. Após os espartanos ganharem a primeira Guerra Messénica (c. 730 a.C. – 710 a.C.) libertaram os Messénicos. Porém, estes voltaram a atacar Esparta pela segunda vez em (c. 640 a.C. – 630 a.C.) e mais uma vez perderam a guerra. Os espartanos reduziram à servidão todos os Messénicos, para que pudessem se dedicar à arte da guerra enquanto os elotas trabalhavam nas suas fazendas para permitir a sustentabilidade da pólis. Esta é uma dedução que se pode fazer pois os espartanos nunca tinham feito servos até esta batalha.

As informações de fontes históricas credíveis para estudar a pólis espartana são reduzidas. Dos espartanos só se conhece o grupo porque nunca quiseram evidenciar em particular alguém do grupo. Não se conhecem indivíduos, nem artistas, nem intelectuais, e raramente se conhecem alguns reis “basileus”, os quais são eleitos vitaliciamente e tinham que obedecer à lei.

Sabe-se que os espartanos estabeleceram tratados com os periecos, permitindo-lhes a conservação da autonomia local em troca do pagamento de impostos e da proibição da celebração de tratados de política externa. Também poderá ser daí que surgiu os conflitos com os Messénicos. Destes tratados os Periecos tinham que pagar um imposto aos Espartanos. Este é pago em géneros porque os espartanos não tinham muito comércio externo, logo não precisavam de moeda.

Para além dos conflitos com os Messénicos os espartanos tiveram, com alguma frequência, conflitos de menor dimensão com Cítara e Arcádia, e mais com Atenas na guerra do Peloponeso.

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