15/03/07

3.2 - Actividades económicas

O litoral é o local onde se concentra a maior parte das actividades económicas ao nível regional, que se deve em parte à grande diversidade paisagística. O Barrocal é conhecido como a zona de transição entre o litoral e a serra, sendo tradicionalmente reconhecido o facto de ser o principal fornecedor de produtos agrícolas do Algarve. A serra é importante na medida em que ocupa 50% do território algarvio.

O sector de actividades que assume maior relevo é de facto o sector terciário (comércio e serviços), sendo o turismo a principal fonte de receitas na medida em que representa cerca de 60% do total de emprego e 66% do pib regional, o Algarve recebe em média cerca de 5 milhões de turistas.




     3.2.1 - Pescas

O sector das pescas teve grande expressão desde sempre no Algarve, tanto na captura como na indústria de transformação (conserveira).

Com as normativas da CEE nos finais dos anos 80 para o sector das pescas, assistimos ao seu desmantelamento. Os pescadores foram pagos para abaterem os seus barcos. A falta de matéria-prima, aliada às novas exigências sanitárias levaram ao encerramento de vasta indústria no sector conserveiro e de transformação.

Segundo dados da biblioteca digital do INE, foram capturados em 1970, 255.648 toneladas de pescado para utilização na indústria (congelação, conserva, salga, farinha e óleo). Só a captura da sardinha para os centros conserveiros foi de 64 881 toneladas, das quais cerca de 22% no Algarve (14 260t). Mais de 60% do pescado dos portos algarvios são encaminhados para alimentar a sua indústria conserveira.

Em 1970 existiam no Algarve 5 024 embarcações, em 2004 existiam apenas 2 134, tendo havido um decréscimo de -57,52% em 34 anos.

Com o desmantelamento do sector da pesca, após a entrada na UE, verificou-se um decréscimo brutal tanto no nível de pescadores como de embarcações.

Como nem todas as politicas são positivas, estas medidas tiveram consequências na estrutura económica e social no país.

Começou a debater-se com um novo problema, que tem a ver com a idade média dos pescadores, que começou a ultrapassar os quarenta anos, ao que poderemos juntar a falta de formação dos mesmos.

A evolução tecnológica das embarcações, aliada à necessidade crescente de percorrer distâncias cada vez mais longas, dada a escassez de recursos, tornou premente a frequência de cursos de formação que habilitassem os profissionais a fazer face às novas exigências da sua profissão.

Estes dois problemas levaram a partir de 1986 à implementação de centros de formação nos principais portos do país, levada a cabo pela Forpescas. A adesão foi crescente até 1994, após o que se verificou uma regressão. Houve reformulação dos cursos para incentivar mais jovens, mas a sua adesão não cresceu significativamente.



Como se pode verificar neste quadro, numa década houve um decréscimo gradual e progressivo de pescadores matriculados no Algarve, que atingiu os -30%, embora se mantenha a nível nacional com a supremacia a nível de efectivos.

O Algarve tinha em 2004, 3 510 pescadores matriculados (águas interiores não marítimas e águas marítimas – pesca de arrasto, de cerco e polivalente), cerca de 21% da totalidade do continente. Detém ainda 26,5% das embarcações (com e sem motor) com uma capacidade de 14 279 GT (toneladas brutas) distribuídas pelos cinco portos pesqueiros: Lagos, Portimão, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António (29,41%) que corresponde quase a 1/3 dos portos pesqueiros existentes em Portugal Continental.

Em 2004 no Algarve, houve uma descarga de 28 373 toneladas de peixe (20,32%) do total nacional, que totalizou 58 297 milhares de euros (24,28% do total nacional). Sendo a cavala e a sardinha a totalizarem cerca de 50% do pescado, no entanto, são os crustáceos e os moluscos, conjuntamente com o linguado que contribuem para mais de 50% do rendimento. (quadros 17 e 18 em anexo, págs 4 e 5) Estes dados não incluem a aquicultura. Esta, está neste momento a desenvolver-se em Portugal.

Ao longo da pesquisa verificamos que a captura de algas tem muito pouca expressão estatística.
Podemos verificar neste quadro qual a evolução a nível de pescadores matriculados nos últimos 34 anos.



     3.2.2 - Agricultura

Na economia do Algarve, o sector primário predominou maioritário durante muitas décadas do séc. XX. A maior ocupação do solo tem por base as serras, que são pouco próprias para a prática agrícola. Com solos pobres, desenvolveu principalmente a cultura hortícola na área do barrocal, uma agricultura de regadio. Evidenciou-se principalmente na cultura de citrinos, na qual se especializou, e hoje consegue ter a sua laranja certificada. Em 1987 tinha 776 773 ares ocupados com estas espécies perfazendo um total de 92% da superfície ocupada de árvores de fruto, segundo um inquérito temático do INE.

Alargou também as espécies plantadas de acordo com o clima e mais adaptadas aos solos, como sendo a alfarrobeira, figueira ou amendoeira, tendo também alguma expressão o damasqueiro. È uma das áreas de referência no Continente relativamente aos frutos secos e desenvolveu doçaria regional de acordo com a sua produção, destacando-se as confecções com figos e amêndoas.

O sustento na terra e no mar não era suficiente para fixar a população à terra e criar riqueza para desenvolver a região.


      3.2.3 - Turismo

As suas praias ensolaradas e o seu clima ameno, com temperaturas altas sem extremos e pouca chuva, não sendo a ideal para desenvolver muito a agricultura, era no entanto um ex-líbris para o lazer. No princípio do séc. XX e nas suas primeiras décadas, poucos eram os que o apreciavam ou que o podiam gozar. Com a evolução da estrutura social e condições salariais, lentamente o turismo começou a ganhar forma em Portugal.

Só a partir da segunda metade do século passado o turismo se massificou e desenvolveu-se progressivamente, já no sentido empresarial como o compreendemos hoje. A densificação do litoral e a descoberta do Algarve como destino Turístico de Excelência só se verificou após o 25 de Abril.

Especializaram-se em aparthotéis de luxo, campos de golfe, tendo mesmo sido este ano eleito de entre os melhores na modalidade. “Em Portugal, o golfe encontra-se, também, em expansão, representando mais de 300 milhões de euros de receitas anuais, registando 1,2 milhões de voltas de golfe e um milhão de dormidas, o que o torna uma actividade económica importante, geradora de receitas e criadora de postos de trabalho. Considerando o elevado potencial que o nosso país tem …” [nota 4]. Resta saber o impacto que esta expansão possa ter sobre a biodiversidade local, que está a ser pouco aproveitada para fins turísticos, e que não está a ser devidamente protegida. Não basta existirem áreas protegidas, há que as respeitar para as preservar.

A criação de acessibilidades e de infra-estruturas vieram dar um novo fôlego ao Algarve, uma nova visibilidade e permitiu a circulação de Pessoas, Serviços e Bens. Nas acessibilidades regionais destaca-se a conclusão da A2, a tão aclamada Via do Infante (A 22) e a IC 27 que liga o Algarve a Beja (ainda em construção) pelo interior. O aeroporto de Faro é outro ponto de entrada na região. Em 2004 foram realizados 16.064 voos, sendo 695 movimentos nacionais e os restantes Internacionais. A predominância vai para a Europa dos 25 com 15.369, tendo os outros destinos valores diminutos. O aeroporto tem 2 pista, capacidade para 22 aeronaves e 2400 passageiros por hora.

A nível industrial, segundo dados do INE pela distribuição CAE, (quadro nº 20, anexo pág. 6) a progressão do número de empresas verificou-se em todos as categorias e em todos os sectores de actividade. O destaque destes 6 anos em análise vai para a construção e para as actividades imobiliárias em que a sua taxa de variação ultrapassou os 200%, +238,67% e +209,85% respectivamente. A grande pressão imobiliária que se verificou em toda a área de costa, com predominância entre Lagos e Olhão O sector animal e agrícola, tal como a pesca, também evoluiu, duplicou, muito devido a uma nova organização por parte dos produtores, ligado a uma transformação e escoamento também em alta

Quase todas as taxas de variação estiveram perto de duplicar quando não o ultrapassaram largamente.

A destacar estão as indústrias extractivas que teve uma ligeira subida de apenas +3,28% e a ausência de actividade na produção e distribuição de electricidade em 1998.

Em 30 anos, a capacidade hoteleira melhorou a sua qualidade e ampliou-se. Só Faro e S. Brás de Alportel viram o nº total de estabelecimentos diminuir com uma taxa de variação de -12.50% e -50% respectivamente.

Albufeira, bate todos os recordes com um aumento exponencial de +1330%, logo seguida de Lagoa. No entanto, os concelhos com mais capacidade de alojamento para oferta turística, alem de Albufeira, são: Loulé, Portimão, Lagos e Lagoa com mais números de estabelecimentos.(Quadros 21 e 22).

Estes dados podem ser correlacionados com o quadro nº 23 em anexo referente a 2001, em que a agricultura, silvicultura e pescas se destaca, logo seguido dos serviços e que tanto a construção, como os hotéis e a restauração já têm um peso considerável na geração de emprego.

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