15/03/07

3 - Caracterização humana

     3.1 Demografia

O Algarve tem uma área de 4.995 Km2, com uma população residente de 395.218 habitantes, estando distribuídos por 16 concelhos (Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Alportel, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão, Silves, Tavira, Vila do Bispo, Vila Real de Santo António).
Apresenta uma densidade populacional média de 80 hab/km2.
A sua costa tem cerca de 150 km sendo banhada pelo Oceano Atlântico, onde podemos encontrar três Faixas distintas (Litoral, Barrocal e Serra)



     3.1.1 - Evolução população do ano 1960 até 2001

Com base no recenseamento geral da população, podemos verificar que desde o início do século o Algarve tem vindo a perder peso populacional face a conjuntura do Continente visto que o peso da população na região do Algarve é inferior à do continente. Em 1990 era de 5,1% tendo um decréscimo acentuado no ano de 1970 onde apenas representava cerca de 3,3%, no ano de 1991 verifica-se uma subida mas muito pouco significativa, apenas de 3.6%.

No decénio seguinte, Algarve decresce cerca de mais de 1% ao ano, o que se deve em parte pelo grande surto de emigração. O único concelho que se encontra em oposição é o concelho de Portimão que apresenta um acréscimo de 0.6%. Os concelhos onde se verificaram maiores percentagens de crescimento negativo foram Castro Marim, Alcoutim, Silves, Aljezur e Loulé com valores de – 2% ao ano.

Mas é no período de 1950 a 1970 que o Algarve se torna numa região repulsiva. O decréscimo da década de cinquenta deve-se principalmente a migrações para o eixo Lisboa – Setúbal, em consequência da expansão industrial.

O período entre 1960 e 1970 foi onde a percentagem de população mais decresceu devido à emigração, à manutenção da guerra colonial e aos saldos fisiológicos decrescentes. Já no período de 1981/1991 regista-se o maior crescimento anual médio, o que se deve em parte ao fluxo de retornados das ex-colónias (cerca de 20 mil) e à forte quebra do ritmo emigratório. A melhoria das condições de vida e a expansão de alguns sectores económicos (turismo, comércio e serviços) marcam também de uma forma positiva esse acréscimo populacional, os três pólos de crescimento populacional foram Albufeira, Portimão e Faro, facto por estarem directamente relacionados com o desenvolvimento turístico da região. Fazendo uma análise litoral / interior podemos ainda verificar que desde os anos 1940/1950 os concelhos do litoral têm sido os que registam um crescimento médio anual mais elevado.

Assim podemos concluir que o crescimento do Algarve não foi constante ao longo do século, pois apresenta algumas flutuações nos anos de 1911 – 1920 e 1950 – 1970. O crescimento ao nível concelhio também não foi homogéneo uma vez que a população residente na serra (-28%) e no barrocal (-16%) diminuiu ao contrário da população residente no litoral que quase duplicou (+98%) desde 1900.

Esta assimetria litoral/interior iniciou-se em meados do século, e continua a intensificar-se no presente ameaçando o despovoamento da serra algarvia. Portimão, Faro e Albufeira são os concelhos que continuam a registar o maior crescimento populacional. Por outro lado, os concelhos de Alcoutim, Monchique e S. Brás de Alportel registaram os maiores decréscimos desde o início do século.




O Algarve é uma região atractiva no contexto nacional, apresentando taxas de crescimento superiores às outras regiões. No entanto, o crescimento natural é negativo, essencialmente no interior, o que tem levado, associado às migrações da população activa, ao crescente despovoamento do Nordeste e Costa Vicentina. A população tem-se concentrado principalmente à volta de três pólos: Faro, Portimão e Albufeira. Esta concentração deve-se, no primeiro caso, à centralização administrativa provocada pela capital de Distrito e, no caso de Portimão e Albufeira, à componente turística com forte implantação nestes concelhos. Estes factores aliados à localização no litoral têm provocado uma atracção da população dos concelhos limítrofes, especialmente os do interior. Na análise do ritmo de crescimento da população na última década, a região do Algarve evidencia, porém, uma tendência para um crescimento mais moderado na maior parte dos concelhos. Os mais atractivos em termos populacionais apresentam crescimentos menores, enquanto os concelhos do interior apresentam um ritmo de decréscimo populacional mais moderado.

O abandono progressivo das zonas rurais e interiores e a migração populacional para as cidades é um fenómeno global. A oferta de melhores condições de vida, a existência de um mercado de emprego mais dinâmico, centrado nos serviços, em contraponto à quebra dos rendimentos agrícolas, ao isolamento e a uma vida de maiores sacrifícios, explicam, em parte, a atracção exercida pelos centros urbanos. Esta situação de esvaziamento demográfico do interior e de grande concentração nas áreas urbanas tem contribuído para a alteração dos padrões de ocupação do solo, originando por vezes grandes pressões sobre os recursos e colocando em causa a capacidade de carga de determinadas parcelas do território.





A nível global do Algarve, a proporção de jovens tem vindo gradualmente a diminuir, de 25,8% em 1950 para 17,9% em 1991. A década de 70 foi a única em que a proporção de jovens se manteve idêntica, 21,1%. A década de 80 foi a que registou uma maior variação do envelhecimento na base, cerca de -15%.
Ainda numa visão global podemos verificar que, a percentagem de idosos aumentou de 8,7% em 1950 para 17,3% em 1991, ou seja, o dobro (a variação da proporção de jovens para o mesmo período foi de -31%). A década de 60 foi a que registou uma maior variação positiva da percentagem de idosos.






     3.1.2 - Taxa de Natalidade

Os períodos de análise das taxas de natalidade incidem de 1950 a 2001.
Ao nível global do Algarve no período de 1950 a 2001verificamos que a proporção de jovens tem vindo gradualmente a diminuir de 25,8% em 1950 para 17,9% em 1991 no ano de 2001 os valores rondaram os 2,5%.

A década de 1970 foi a única que apresentou uma proporção de jovens idêntica com 21,1%.




Do ano de 1950 a 1991, os concelhos viram as suas proporções de jovens diminuir foram os concelhos de Alcoutim, Aljezur, Monchique e Castro Marim, a situação repete-se no ano de 2001, em que são estes os concelhos que apresentam as taxas de natalidade mais reduzidas. Os concelhos que registaram um decréscimo mais acentuado em igual período, ou seja, de 1950 a 2001 foram com seguintes: Lagos (11,3%), Faro (11%), Albufeira (13,5%), Portimão (12,5%), Olhão (10,3%), São Brás de Alportel (9.6%), Loulé (11,6%) e Lagos (11,2%), os dados acima referidos são referentes ao ano de 2001.

Em 1960 os concelhos que se destaca pela positiva foi Vila Real de Santo António (27,5%), em 1970 continua a ser o mesmo concelho a registar a maior percentagem de jovens seguindo-se dos seguintes concelhos: Monchique, Olhão, Lagoa e Portimão, São Brás de Alportel foi o concelho que registou o valor mais baixo com apenas 18%.

No ano de 1991 e 2001 os concelhos que registaram as taxas de natalidade mais elevadas foram os concelhos de Albufeira, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé e Olhão os que registaram as taxas mais reduzidas assim como a diminuição da proporção de jovens foram Alcoutim, Aljezur, Monchique e Castro Marim.

Assim podemos concluir que de uma maneira geral, no período de análise de 1950 a 2001, os concelhos que apresentam taxas de natalidade elevadas assim como proporções de jovens mantiveram-se ao longo dos anos, o mesmo podemos dizer dos concelhos que apresentam a taxa de natalidade assim como a proporção de jovens mais baixas, a situação manteve-se, desta forma podemos também concluir que o litoral tem crescido à custa do interior provocando nos concelhos interiores um crescente envelhecimento, acentuado pelo declínio da fecundidade.


3.1.3 - Taxa de Mortalidade, Taxa de Mortalidade Infantil, Índice de Envelhecimento

Ao analisarmos as taxas brutas de mortalidade podemos verificar que quatro concelhos registaram uma diminuição das suas taxas de mortalidade estes foram: Tavira (-4,7%), Albufeira (- 4,4%), Olhão (-3,2%) e Lagoa (-o, 9%).

Os valores mais elevados registam-se nos concelhos de Alcoutim (21,8%), Monchique (32,4%) e Vila Real de Santo António (25,3%).

No período de análise 1979/1982 e 1989/1992 os concelhos que apresentam as taxas de mortalidade mais elevadas são os mesmos, ou seja, Monchique, Alcoutim, São Brás de Alportel e Aljezur. Os concelhos que registaram valores mais reduzidos no período de 1979/1982 foram Faro, Portimão, Vila Real de Santo António, já no período de 1989/1992 verifica-se nos concelhos de Portimão, Lagos e Albufeira.

Em 2001 os concelhos que apresentaram as taxas de mortalidade mais elevadas foram Alcoutim (22,7%), Aljezur (15,6%), Castro Marim (14,7%9 e Tavira (15,6%), os concelhos onde podemos encontrar os valores mais baixos são Lagoa (8,1%), Faro (9,9%) e Albufeira (9,5).





Os valores da taxa de Mortalidade Infantil em igual período de análise ao da taxa bruta de mortalidade podemos verificar decréscimos nos concelhos do Algarve. Os concelhos que registaram os decréscimos mais acentuados foram Vila do Bispo (-80%), Lagos (-68%), Albufeira (-64%), Aljezur (-64%) e Portimão (-62%), já os concelhos que apresentaram valores menos significativos, podemos encontrar Monchique (-1,4%), Lagoa (-17,9) e Tavira (-21,2%).

No período de análise entre 1979/1982 os concelhos com os valores mais elevados relativamente a taxa de mortalidade infantil, encontramos Castro Marim, Vila do Bispo, Vila Real Santo António, Lagos.

No período de análise seguinte, que corresponde a 1989/1992, os concelhos foram os seguintes: Castro Marim, Monchique e Lagos.

Quanto aos concelhos que apresentam os valores mais baixos no período 1979/1982 encontramos Alcoutim e Tavira e no período de 1989/1992 vamos encontrar Vila do Bispo e Aljezur.



Na análise do Índice de Envelhecimento podemos verificar que a população Algarvia encontra-se envelhecida, o que se deve em parte à redução das taxas de natalidade, à taxa bruta de mortalidade e ainda à taxa de mortalidade infantil, que tem vindo a perder peso ao longos dos anos e que são as causadoras do envelhecimento.

No período de 1981/1991 o Algarve regista uma variação negativa na classe jovens (0 aos 9 anos) mostrando de forma clara o que foi referido anteriormente, ou seja, um claro decréscimo na taxa de natalidade e mortalidade, levando a que a faixa etária dos (75 e mais anos) registe numero mais elevado de população. Esse crescimento está entre os 20 e 70%, verificando assim um índice de longevidade bastante elevado.

As classes que apresenta as maiores descidas percentuais registam-se na faixa etária dos 0 aos 14 anos.
Na análise concelhia podemos verificar que os concelhos que apresentam um índice de envelhecimento mais reduzido são os concelhos de Albufeira (71%) e Portimão (81%). Estes números devem-se à atracção exercida pelo turismo, como o caso de Albufeira, Portimão e Lagoa, funções administrativas no caso de Faro e Olhão, e ainda por se encontrarem no litoral funcionam como pólos atractivos para os concelhos limítrofes.

Os concelhos que se encontram numa posição intermédia em que a relação jovens e idosos é de igual número são Loulé (109%), Lagos (93%). Silves e Tavira também registam pesos semelhantes o que vai reflectir o comportamento dispare entre litoral e interior. Os concelhos que por sua vez apresentam valores mais elevados vamos encontrar Vila do Bispo (136%), São Brás de Alportel (139%), estes valores devem-se a uma redução momentânea da taxa de natalidade e à emigração da população activa que parte para outra localidades.

Os quatro concelhos que apresentam um índice de envelhecimento bastante elevado vamos encontrar Castro Marim, Monchique, Aljezur e Alcoutim, concelhos que apresentam o maior índice de envelhecimento dos concelhos Algarvios com (252%), concelhos este em que a população envelhecida duplica a população jovens.

Em análise aos dados censitários do ano de 2001, podemos observar que o peso do Algarve é superior ao continente no que toca ao índice de envelhecimento (127,7%, 103,6%).

Quanto à análise concelhia, verificamos que os concelhos que registam índices mais baixo são Albufeira (71,3%), Faro (106,4), Lagos (115,9%) Portimão (119,2%) e Loulé (132,7%).

Nos concelhos que apresentam os índices mais elevados podemos encontrar Alcoutim (438%), concelho com índice de envelhecimento mais elevado de todo o concelho algarvio, Aljezur (281,5%), Castro Marim (219,8%) e Monchique (238,7%).

Assim podemos concluir que o período 1991/2001 não existiu grandes alterações pois os concelhos mantêm-se nas mesmas posições, podemos também concluir que as principais diferenças encontram ao nível de litoral /interior, os concelhos do interior são de facto os que apresentam as taxas de natalidade mais reduzidas, tendo como consequência um índice de envelhecimento bastante elevado.


     3.1.4 - Educação

Através dos dados fornecidos pela tabela do quadro nº 12 da pág. 2 em anexo, podemos verificar a enorme discrepância que existe entre o Algarve e o País e mesmo a nível concelhio, voltamos a verificar a diferença entre litoral e interior.

Quando falamos da discrepância ente o Algarve e o País estamos a falar de 395.218 no total de ensino pelos vários níveis de instrução contra os 10.356.117 do país. Ao nível concelhio a discrepância também é muito grande onde vamos poder encontrar concelhos com um total muito elevado de nível de instrução contra um reduzido nível, os concelhos que apresentam um nível de instrução elevado são Albufeira (31543), Faro (58051), Loulé (59160) e Portimão (44818) estes dados referem-se ao total, podemos verificar que o concelho que apresenta um nível de instrução mais elevado em todas as categorias é o concelho de Loulé.

Já os concelhos que reflectem os níveis mais baixos são Vila do Bispo (5349), Monchique (6974), Castro Marim (6596), Aljezur (5288) e Alcoutim (37700).

Como referi anteriormente os concelhos do interior são os que apresentam os níveis de instrução mais reduzidos, isto deve-se em parte por estarem mais isolados, por terem uma população predominantemente mais idosa.

3.1.5 - Emigração e Imigração

Portugal caracteriza-se por ser um país tradicionalmente de emigração, embora a partir dos anos 90 esta situação se tenha invertido, caracterizando se desde então também por ser um País de imigração.

Em 1960 Portugal recebia cerca de 696.939 em que cerca de 344.288 eram portugueses e 355.651 eram de origem estrangeira. Será importante referir que esta análise se baseia em dados retirados dos censos de 1960 e que se refere as entradas e saídas da Metrópole para as províncias Ultramarinas.

Os dois tipos de movimentos faziam-se por via terrestre ou por via marítima em que por via terrestre entraram cerca de 34.675 portugueses e 122.610 estrangeiros, já por via marítima registaram-se 49.322 portugueses e 14.535 estrangeiros.

Quanto às saídas, estas foram na ordem de 716.397, em que 367.415 eram de nacionalidade portuguesa e 348.982 eram estrangeiros, por via terrestre saíram cerca de 262.136 portugueses e 216.614 estrangeiros já por via marítima o número de portugueses foi de 66.977 e estrangeiros foi de 10.722.

Os principais países de emigração e imigração em 1960 eram Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Índia, Macau e Timor.

O numero de passageiros embarcados entre Metrópole e províncias Ultramarinas foi na ordem dos 32028, o pais que embarcou mais passageiros foi Angola com cerca 17714 passageiros seguindo-se de Guiné com 1014, já os países que menos embarcaram foram a Índia com cerca de 109 passageiros embarcados e Macau com apenas 130 passageiros.

Em análise aos números de passageiros desembarcados, que foram no total de 21.613 sendo Angola o país que mais desembarcados recebeu com cerca de 13.849 seguindo-se da Índia com 4233, o países que menos passageiros desembarcados tiveram foi Macau com 33 passageiros e Timor com 153 passageiros. O saldo total entre saídas e entradas de passageiros é de 10.415.

No que toca à emigração para outros países, tais como Argentina, Brasil, Estados Unidos da América e outros países estes foram na ordem dos 32.318 emigrantes, sendo o Brasil o país que mais recebeu com 12451 emigrantes, o país que menos recebeu foi a Argentina com apenas 100 emigrantes no ano de 1960. O número de emigrantes retornados foi de 1860 sendo igualmente o Brasil o país que mais emigrantes perdeu (953) os Estados Unidos foi o país dos acima referidos que perdeu menos emigrantes (28). O saldo total das entradas e saídas de emigrantes foi na ordem dos 58.430.

Analisando o caso específico do Algarve, mais propriamente Faro, podemos falar de 1040 emigrantes dos quais foram 542 homens e 498 mulheres, sendo os países escolhidos por estes emigrantes em maior número Angola (636) e Moçambique (313), o país menos escolhido foi Macau com apenas 5 emigrantes registados em 1960. Ao nível da imigração que se registou em Faro foi de 976 imigrantes dos quais 571 foram homens e 405 estes imigrantes provinham em maior de Angola (722) e a Moçambique com (156), o número de imigrantes que menos se registaram n concelho de faro foi de Macau.




Na análise do ano de 2001, O Algarve regista um decréscimo da taxa de emigração (9478) em relação à imigração onde 9413 são imigrantes provenientes do estrangeiro e 12.210 provenientes de outros concelhos.

Os concelhos que registam uma perca mais acentuada de população foram os concelhos de Lagos (1184), Castro Marim (2267), Olhão (1116). Os que tiveram uma perca de população, ou seja, os concelhos onde se registam um menor número de emigrantes foi Aljezur (148), Alportel (173) e Portimão (152).

Os feitos de imigração foram sentidos em maior numero nos concelhos de Lagos, Olhão, Silves e Albufeira, os que foram menos afectados foram os concelhos de Alcoutim (32), Loulé (74) e Alportel (85).

Em termos dos saldos das migrações os que apresentam um saldo positivo foram Monchique (506), Faro (464) e Albufeira (408), já os saldos negativos registaram-se em Alcoutim (-19), Castro Marim (-370) e Loulé (-62)segundo dados do quadro nº 14.

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