15/03/07

ALGARVE - CARACTERISTICAS DO DESENVOLVIMENTO DE UMA REGIÃO



APRESENTAÇÃO EM AULA (power point)



Graça amiga,

este trabalho relembra muita confusão, agitação e stress. As coisas foram complicadas. Agora, com o esforço feito, é giro olhar para trás e lembrar as nossas peripécias. Divirta-se a ler. Leia as vezes que quiser e comente.
Queria deixar uma "indicação de orgulho". Você está entre os colegas com quem mais gostei de fazer trabalhos. Bem sei que a condição de trabalhador-estudante era limitativa e condicionava bastante a execução dos trabalhos. Reconheço o esforço que fez para que fossemos bem sucedidos nas nossas tarefas. Espero, igualmente, que tenha gostado da minha prestação enquanto seu colega de grupo.


ÍNDICE DO TRABALHO

1 – INTRODUÇÃO

     1.1 - OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DO TRABALHO

     1.2 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA REGIÃO EM ESTUDO

     1.3 - BREVE CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A REGIÃO

2 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

     2.1 - CLIMA

     2.2 - MORFOLOGIA
     2.3 - HIDROGRAFIA

3 - CARACTERIZAÇÃO HUMANA

     3.1 DEMOGRAFIA

          3.1.1 - EVOLUÇÃO POPULAÇÃO DO ANO 1960 ATÉ 2001

          3.1.2 - TAXA DE NATALIDADE

          3.1.3 - TAXA DE MORTALIDADE / TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL / ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO

          3.1.4 - EDUCAÇÃO

          3.1.5 - EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO

     3.2 - ACTIVIDADES ECONÓMICAS

          3.2.1 - PESCAS
         
          3.2.2 - AGRICULTURA

          3.2.3 - TURISMO

     3.3 – AMBIENTE

          3.3.1 - NATUREZA E BIODIVERSIDADE / ÁREAS PROTEGIDAS / REDE NATURA / ESPÉCIES DE FAUNA E FLORA AMEAÇADAS

          3.3.2 - AMBIENTES MARINHOS E COSTEIROS / EVOLUÇÃO DA LINHA DE COSTA / QUALIDADE DA ÁGUA EM ZONAS BALNEARES

          3.3.3 - ÁGUA / CONSUMO DE ÁGUA / QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS / QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO / REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA RESIDUAL TRATADA

          3.3.4 - SOLOS E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO / USO DO SOLO / NOVAS CONSTRUÇÕES

          3.3.5 - RESÍDUOS / DESTINO FINAL DE RESÍDUOS

          3.3.6 - INVESTIMENTO PÚBLICO NA ÁREA DO AMBIENTE


CONCLUSÃO

1 – Introdução


1.1 - Objectivos e Metodologias do trabalho

No âmbito da cadeira de Geografia Humana de Portugal leccionada pela docente Dulce Pimentel, foi-nos proposta a elaboração de uma caracterização de uma Nut III, neste caso a escolhida foi o Algarve.

O trabalho tem por objectivo a caracterização, física, demográfica, económica e ambiental.

Foi por isso escolhido para titulo do trabalho o tema – “Algarve, características do desenvolvimento de uma região”.

A metodologia adoptada tem por base a recolha de informação no Instituto Nacional de Estatística, a Comissão de Coordenação e desenvolvimento Regional do Algarve, Direcção Geral de Pescas, assim como outros organismos e bibliografia adequada.

Com a informação recolhida construir-se-ão indicadores que permitam explicar os vários fenómenos, correlacionando-os. Objectiva-se um conhecimento melhor do território.


1.2 - Localização geográfica da região em estudo

O Algarve encontra-se no extremo sul de Portugal Continental, com uma área de 4.995 Km2.
Limite sudoeste da Península Ibérica, faz fronteira com Espanha através do rio Guadiana numa extensão de 48Km. A sul e Oeste é banhado pelo Oceano Atlântico com uma extensão de costa de cerca de 150 km, a delimitação Norte é o distrito de Beja no Alentejo.


1.3 - Breve caracterização histórica sobre a região

Devido aos seus recursos, principalmente junto ao litoral, o Algarve sempre foi um atractivo para vários povos que habitaram na região ao longo do tempo, entre estes os Fenícios e os Cartagineses viveram muito tempo destes recursos estabelecendo colónias junto à costa.

Facto de incontornável importância, é a ocupação Árabe que durante cinco séculos deixou a sua marca no território que ainda hoje se faz sentir (arquitectura, nomes das terras, …)
Também os Romanos deixaram algumas impressões em lugares como Faro ou Vilamoura.

Após várias disputas por esta rica região, os cristãos conseguiram finalmente conquistar o Algarve em 1249, sendo que até à promulgação da Republica os monarcas Portugueses eram apelidados de Rei de Portugal e dos Algarves. Épocas muito importantes e que marcaram pontos de viragem na importância que a região tinha no pais. Nos descobrimentos, o Algarve era a partida por excelência para o norte de África. O terramoto de 1755, com epicentro ao largo de Lagos, destruiu grande parte da região, mas foi na sua reconstrução que o povo algarvio, que nunca desistiu, encontrou a fórmula para tornar o Algarve naquilo que é hoje.

2 - Caracterização física


2.1 - Clima
O seu clima de carácter é temperado e moderado, à excepção da costa ocidental e da ponta de sudoeste, já temperado oceânico [nota 1]. Predominantemente mediterrânico, com Invernos curtos, amenos e pouco chuvosos, prolongando-se a época do estio. As temperaturas são elevadas, mas devido à orla costeira extensa e altitude das serras nunca chega a atingir as temperaturas extremas do Alentejo.

2.2 - Morfologia
O Algarve com uma área correspondente a 5,62% do continente, contem as quatro unidades morfoestruturais de Portugal (Fig. 1 em anexo, pág. 1), 1 – Rochas granitóides (maciço eruptivo da Serra de Monchique), 2 – Rochas metassedimentares que incorpora a Serra de Monchique e a Serra do Caldeirão, atravessando todo o Algarve desde o atlântico a Espanha, espraiando-se pela peni-planície alentejana, 3 - Rochas sedimentares mesozóicas constituídas essencialmente por calcários, margas, arenitos e argilas, que se diferenciam da planície litoral através de rebordo de erosão, e arribas antigas, atravessando todo o Algarve por faixas paralelas de barlavento a sotavento, 4 - A orla costeira denominada por planície litoral é formada por rochas sedimentares cenozoicas, sendo estas essencialmente formadas por areias e arenitos, argilas, calcários e margas, (baseado nas figuras 1 e 2 em anexo).

O relevo evidencia o contraste do interior da Serra algarvia com a orla sedimentar em toda a linha de costa. A Serra do Caldeirão a Nordeste do Algarve tem uma altitude máxima de 578m, a ocidente na serra de Monchique, a rocha eruptiva Foia atinge 902m e a Picota 774m [nota 2].

A faixa litoral caracteriza-se pela arriba até Quarteira, para leste, por restingas arenosas [nota 3].

De terrenos pobres formados por xistos e rochas sedimentares, pouco propícios à agricultura, foi no entanto ao longo dos anos trabalhada e moldada para a satisfação das necessidades básicas e aproveitada para culturas mais adaptadas ao cima, como a alfarrobeira, amendoeira e figueira. Ficou conhecida pela sua produção de laranja, mas esta e outras escolhas que obrigam a um regadio intenso foram uma das causas da salinização dos aquíferos. Na consequência da campanha do trigo, foram feitas arroteias nas serras do Algarve, os solos já de si empobrecidos e frágeis, foram desaparecendo a cada enxurrada, deixando grandes clareiras sem coberto vegetal.


2.3 - Hidrografia
O Algarve caracteriza-se por uma rede hidrográfica diminuta, pois as águas de escorrência e de infiltração só são visíveis na época das chuvas.

É na Serra, particularmente nas serras de Monchique e Espinhaço de Cão, a Ocidente, e do Caldeirão no sector Nordeste, que nascem os principais cursos de água da região hidrográfica designada por Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve. Salienta-se a Ribeira de Quarteira com uma bacia hidrográfica de 407 Km2 e um percurso de 35 Km). Ainda na Serra do Caldeirão nasce o rio Arade que desagua em Portimão (com uma bacia Hidrográfica no Algarve de 812 Km2 e uma extensão de 56Km) A outra bacia hidrográfica representada no Algarve é a do Rio Guadiana. Este rio nasce nas lagoas de Ruidera, em Espanha, estando somente 17% (11.580 Km2) da área da sua bacia hidrográfica em Portugal, e que corresponde, genericamente, ao que se designa por Baixo Guadiana (com uma bacia hidrográfica de 1.424 Km2 na região e 48 Km de percurso).

De entre os cursos de água do Algarve destacam-se o Rio Guadiana e o Rio Arade. Na Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve a maior parte dos cursos de água possui um regime torrencial com caudais nulos ou muito reduzidos durante uma parte do ano, correspondente ao período de estiagem pelo que, de uma forma geral, designam-se todas as linhas de água por ribeiras.





NOTAS:

[1] Carminda Cavaco, “O Algarve Oriental”, pág. 14 - 1976.

[2] Ribeiro, O. “Portugal ,o Mediterâneo e o Atlântico”, pág.161.

[3] Ribeiro, O. Idem, pág. 162.

3 - Caracterização humana

     3.1 Demografia

O Algarve tem uma área de 4.995 Km2, com uma população residente de 395.218 habitantes, estando distribuídos por 16 concelhos (Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Alportel, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão, Silves, Tavira, Vila do Bispo, Vila Real de Santo António).
Apresenta uma densidade populacional média de 80 hab/km2.
A sua costa tem cerca de 150 km sendo banhada pelo Oceano Atlântico, onde podemos encontrar três Faixas distintas (Litoral, Barrocal e Serra)



     3.1.1 - Evolução população do ano 1960 até 2001

Com base no recenseamento geral da população, podemos verificar que desde o início do século o Algarve tem vindo a perder peso populacional face a conjuntura do Continente visto que o peso da população na região do Algarve é inferior à do continente. Em 1990 era de 5,1% tendo um decréscimo acentuado no ano de 1970 onde apenas representava cerca de 3,3%, no ano de 1991 verifica-se uma subida mas muito pouco significativa, apenas de 3.6%.

No decénio seguinte, Algarve decresce cerca de mais de 1% ao ano, o que se deve em parte pelo grande surto de emigração. O único concelho que se encontra em oposição é o concelho de Portimão que apresenta um acréscimo de 0.6%. Os concelhos onde se verificaram maiores percentagens de crescimento negativo foram Castro Marim, Alcoutim, Silves, Aljezur e Loulé com valores de – 2% ao ano.

Mas é no período de 1950 a 1970 que o Algarve se torna numa região repulsiva. O decréscimo da década de cinquenta deve-se principalmente a migrações para o eixo Lisboa – Setúbal, em consequência da expansão industrial.

O período entre 1960 e 1970 foi onde a percentagem de população mais decresceu devido à emigração, à manutenção da guerra colonial e aos saldos fisiológicos decrescentes. Já no período de 1981/1991 regista-se o maior crescimento anual médio, o que se deve em parte ao fluxo de retornados das ex-colónias (cerca de 20 mil) e à forte quebra do ritmo emigratório. A melhoria das condições de vida e a expansão de alguns sectores económicos (turismo, comércio e serviços) marcam também de uma forma positiva esse acréscimo populacional, os três pólos de crescimento populacional foram Albufeira, Portimão e Faro, facto por estarem directamente relacionados com o desenvolvimento turístico da região. Fazendo uma análise litoral / interior podemos ainda verificar que desde os anos 1940/1950 os concelhos do litoral têm sido os que registam um crescimento médio anual mais elevado.

Assim podemos concluir que o crescimento do Algarve não foi constante ao longo do século, pois apresenta algumas flutuações nos anos de 1911 – 1920 e 1950 – 1970. O crescimento ao nível concelhio também não foi homogéneo uma vez que a população residente na serra (-28%) e no barrocal (-16%) diminuiu ao contrário da população residente no litoral que quase duplicou (+98%) desde 1900.

Esta assimetria litoral/interior iniciou-se em meados do século, e continua a intensificar-se no presente ameaçando o despovoamento da serra algarvia. Portimão, Faro e Albufeira são os concelhos que continuam a registar o maior crescimento populacional. Por outro lado, os concelhos de Alcoutim, Monchique e S. Brás de Alportel registaram os maiores decréscimos desde o início do século.




O Algarve é uma região atractiva no contexto nacional, apresentando taxas de crescimento superiores às outras regiões. No entanto, o crescimento natural é negativo, essencialmente no interior, o que tem levado, associado às migrações da população activa, ao crescente despovoamento do Nordeste e Costa Vicentina. A população tem-se concentrado principalmente à volta de três pólos: Faro, Portimão e Albufeira. Esta concentração deve-se, no primeiro caso, à centralização administrativa provocada pela capital de Distrito e, no caso de Portimão e Albufeira, à componente turística com forte implantação nestes concelhos. Estes factores aliados à localização no litoral têm provocado uma atracção da população dos concelhos limítrofes, especialmente os do interior. Na análise do ritmo de crescimento da população na última década, a região do Algarve evidencia, porém, uma tendência para um crescimento mais moderado na maior parte dos concelhos. Os mais atractivos em termos populacionais apresentam crescimentos menores, enquanto os concelhos do interior apresentam um ritmo de decréscimo populacional mais moderado.

O abandono progressivo das zonas rurais e interiores e a migração populacional para as cidades é um fenómeno global. A oferta de melhores condições de vida, a existência de um mercado de emprego mais dinâmico, centrado nos serviços, em contraponto à quebra dos rendimentos agrícolas, ao isolamento e a uma vida de maiores sacrifícios, explicam, em parte, a atracção exercida pelos centros urbanos. Esta situação de esvaziamento demográfico do interior e de grande concentração nas áreas urbanas tem contribuído para a alteração dos padrões de ocupação do solo, originando por vezes grandes pressões sobre os recursos e colocando em causa a capacidade de carga de determinadas parcelas do território.





A nível global do Algarve, a proporção de jovens tem vindo gradualmente a diminuir, de 25,8% em 1950 para 17,9% em 1991. A década de 70 foi a única em que a proporção de jovens se manteve idêntica, 21,1%. A década de 80 foi a que registou uma maior variação do envelhecimento na base, cerca de -15%.
Ainda numa visão global podemos verificar que, a percentagem de idosos aumentou de 8,7% em 1950 para 17,3% em 1991, ou seja, o dobro (a variação da proporção de jovens para o mesmo período foi de -31%). A década de 60 foi a que registou uma maior variação positiva da percentagem de idosos.






     3.1.2 - Taxa de Natalidade

Os períodos de análise das taxas de natalidade incidem de 1950 a 2001.
Ao nível global do Algarve no período de 1950 a 2001verificamos que a proporção de jovens tem vindo gradualmente a diminuir de 25,8% em 1950 para 17,9% em 1991 no ano de 2001 os valores rondaram os 2,5%.

A década de 1970 foi a única que apresentou uma proporção de jovens idêntica com 21,1%.




Do ano de 1950 a 1991, os concelhos viram as suas proporções de jovens diminuir foram os concelhos de Alcoutim, Aljezur, Monchique e Castro Marim, a situação repete-se no ano de 2001, em que são estes os concelhos que apresentam as taxas de natalidade mais reduzidas. Os concelhos que registaram um decréscimo mais acentuado em igual período, ou seja, de 1950 a 2001 foram com seguintes: Lagos (11,3%), Faro (11%), Albufeira (13,5%), Portimão (12,5%), Olhão (10,3%), São Brás de Alportel (9.6%), Loulé (11,6%) e Lagos (11,2%), os dados acima referidos são referentes ao ano de 2001.

Em 1960 os concelhos que se destaca pela positiva foi Vila Real de Santo António (27,5%), em 1970 continua a ser o mesmo concelho a registar a maior percentagem de jovens seguindo-se dos seguintes concelhos: Monchique, Olhão, Lagoa e Portimão, São Brás de Alportel foi o concelho que registou o valor mais baixo com apenas 18%.

No ano de 1991 e 2001 os concelhos que registaram as taxas de natalidade mais elevadas foram os concelhos de Albufeira, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé e Olhão os que registaram as taxas mais reduzidas assim como a diminuição da proporção de jovens foram Alcoutim, Aljezur, Monchique e Castro Marim.

Assim podemos concluir que de uma maneira geral, no período de análise de 1950 a 2001, os concelhos que apresentam taxas de natalidade elevadas assim como proporções de jovens mantiveram-se ao longo dos anos, o mesmo podemos dizer dos concelhos que apresentam a taxa de natalidade assim como a proporção de jovens mais baixas, a situação manteve-se, desta forma podemos também concluir que o litoral tem crescido à custa do interior provocando nos concelhos interiores um crescente envelhecimento, acentuado pelo declínio da fecundidade.


3.1.3 - Taxa de Mortalidade, Taxa de Mortalidade Infantil, Índice de Envelhecimento

Ao analisarmos as taxas brutas de mortalidade podemos verificar que quatro concelhos registaram uma diminuição das suas taxas de mortalidade estes foram: Tavira (-4,7%), Albufeira (- 4,4%), Olhão (-3,2%) e Lagoa (-o, 9%).

Os valores mais elevados registam-se nos concelhos de Alcoutim (21,8%), Monchique (32,4%) e Vila Real de Santo António (25,3%).

No período de análise 1979/1982 e 1989/1992 os concelhos que apresentam as taxas de mortalidade mais elevadas são os mesmos, ou seja, Monchique, Alcoutim, São Brás de Alportel e Aljezur. Os concelhos que registaram valores mais reduzidos no período de 1979/1982 foram Faro, Portimão, Vila Real de Santo António, já no período de 1989/1992 verifica-se nos concelhos de Portimão, Lagos e Albufeira.

Em 2001 os concelhos que apresentaram as taxas de mortalidade mais elevadas foram Alcoutim (22,7%), Aljezur (15,6%), Castro Marim (14,7%9 e Tavira (15,6%), os concelhos onde podemos encontrar os valores mais baixos são Lagoa (8,1%), Faro (9,9%) e Albufeira (9,5).





Os valores da taxa de Mortalidade Infantil em igual período de análise ao da taxa bruta de mortalidade podemos verificar decréscimos nos concelhos do Algarve. Os concelhos que registaram os decréscimos mais acentuados foram Vila do Bispo (-80%), Lagos (-68%), Albufeira (-64%), Aljezur (-64%) e Portimão (-62%), já os concelhos que apresentaram valores menos significativos, podemos encontrar Monchique (-1,4%), Lagoa (-17,9) e Tavira (-21,2%).

No período de análise entre 1979/1982 os concelhos com os valores mais elevados relativamente a taxa de mortalidade infantil, encontramos Castro Marim, Vila do Bispo, Vila Real Santo António, Lagos.

No período de análise seguinte, que corresponde a 1989/1992, os concelhos foram os seguintes: Castro Marim, Monchique e Lagos.

Quanto aos concelhos que apresentam os valores mais baixos no período 1979/1982 encontramos Alcoutim e Tavira e no período de 1989/1992 vamos encontrar Vila do Bispo e Aljezur.



Na análise do Índice de Envelhecimento podemos verificar que a população Algarvia encontra-se envelhecida, o que se deve em parte à redução das taxas de natalidade, à taxa bruta de mortalidade e ainda à taxa de mortalidade infantil, que tem vindo a perder peso ao longos dos anos e que são as causadoras do envelhecimento.

No período de 1981/1991 o Algarve regista uma variação negativa na classe jovens (0 aos 9 anos) mostrando de forma clara o que foi referido anteriormente, ou seja, um claro decréscimo na taxa de natalidade e mortalidade, levando a que a faixa etária dos (75 e mais anos) registe numero mais elevado de população. Esse crescimento está entre os 20 e 70%, verificando assim um índice de longevidade bastante elevado.

As classes que apresenta as maiores descidas percentuais registam-se na faixa etária dos 0 aos 14 anos.
Na análise concelhia podemos verificar que os concelhos que apresentam um índice de envelhecimento mais reduzido são os concelhos de Albufeira (71%) e Portimão (81%). Estes números devem-se à atracção exercida pelo turismo, como o caso de Albufeira, Portimão e Lagoa, funções administrativas no caso de Faro e Olhão, e ainda por se encontrarem no litoral funcionam como pólos atractivos para os concelhos limítrofes.

Os concelhos que se encontram numa posição intermédia em que a relação jovens e idosos é de igual número são Loulé (109%), Lagos (93%). Silves e Tavira também registam pesos semelhantes o que vai reflectir o comportamento dispare entre litoral e interior. Os concelhos que por sua vez apresentam valores mais elevados vamos encontrar Vila do Bispo (136%), São Brás de Alportel (139%), estes valores devem-se a uma redução momentânea da taxa de natalidade e à emigração da população activa que parte para outra localidades.

Os quatro concelhos que apresentam um índice de envelhecimento bastante elevado vamos encontrar Castro Marim, Monchique, Aljezur e Alcoutim, concelhos que apresentam o maior índice de envelhecimento dos concelhos Algarvios com (252%), concelhos este em que a população envelhecida duplica a população jovens.

Em análise aos dados censitários do ano de 2001, podemos observar que o peso do Algarve é superior ao continente no que toca ao índice de envelhecimento (127,7%, 103,6%).

Quanto à análise concelhia, verificamos que os concelhos que registam índices mais baixo são Albufeira (71,3%), Faro (106,4), Lagos (115,9%) Portimão (119,2%) e Loulé (132,7%).

Nos concelhos que apresentam os índices mais elevados podemos encontrar Alcoutim (438%), concelho com índice de envelhecimento mais elevado de todo o concelho algarvio, Aljezur (281,5%), Castro Marim (219,8%) e Monchique (238,7%).

Assim podemos concluir que o período 1991/2001 não existiu grandes alterações pois os concelhos mantêm-se nas mesmas posições, podemos também concluir que as principais diferenças encontram ao nível de litoral /interior, os concelhos do interior são de facto os que apresentam as taxas de natalidade mais reduzidas, tendo como consequência um índice de envelhecimento bastante elevado.


     3.1.4 - Educação

Através dos dados fornecidos pela tabela do quadro nº 12 da pág. 2 em anexo, podemos verificar a enorme discrepância que existe entre o Algarve e o País e mesmo a nível concelhio, voltamos a verificar a diferença entre litoral e interior.

Quando falamos da discrepância ente o Algarve e o País estamos a falar de 395.218 no total de ensino pelos vários níveis de instrução contra os 10.356.117 do país. Ao nível concelhio a discrepância também é muito grande onde vamos poder encontrar concelhos com um total muito elevado de nível de instrução contra um reduzido nível, os concelhos que apresentam um nível de instrução elevado são Albufeira (31543), Faro (58051), Loulé (59160) e Portimão (44818) estes dados referem-se ao total, podemos verificar que o concelho que apresenta um nível de instrução mais elevado em todas as categorias é o concelho de Loulé.

Já os concelhos que reflectem os níveis mais baixos são Vila do Bispo (5349), Monchique (6974), Castro Marim (6596), Aljezur (5288) e Alcoutim (37700).

Como referi anteriormente os concelhos do interior são os que apresentam os níveis de instrução mais reduzidos, isto deve-se em parte por estarem mais isolados, por terem uma população predominantemente mais idosa.

3.1.5 - Emigração e Imigração

Portugal caracteriza-se por ser um país tradicionalmente de emigração, embora a partir dos anos 90 esta situação se tenha invertido, caracterizando se desde então também por ser um País de imigração.

Em 1960 Portugal recebia cerca de 696.939 em que cerca de 344.288 eram portugueses e 355.651 eram de origem estrangeira. Será importante referir que esta análise se baseia em dados retirados dos censos de 1960 e que se refere as entradas e saídas da Metrópole para as províncias Ultramarinas.

Os dois tipos de movimentos faziam-se por via terrestre ou por via marítima em que por via terrestre entraram cerca de 34.675 portugueses e 122.610 estrangeiros, já por via marítima registaram-se 49.322 portugueses e 14.535 estrangeiros.

Quanto às saídas, estas foram na ordem de 716.397, em que 367.415 eram de nacionalidade portuguesa e 348.982 eram estrangeiros, por via terrestre saíram cerca de 262.136 portugueses e 216.614 estrangeiros já por via marítima o número de portugueses foi de 66.977 e estrangeiros foi de 10.722.

Os principais países de emigração e imigração em 1960 eram Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Índia, Macau e Timor.

O numero de passageiros embarcados entre Metrópole e províncias Ultramarinas foi na ordem dos 32028, o pais que embarcou mais passageiros foi Angola com cerca 17714 passageiros seguindo-se de Guiné com 1014, já os países que menos embarcaram foram a Índia com cerca de 109 passageiros embarcados e Macau com apenas 130 passageiros.

Em análise aos números de passageiros desembarcados, que foram no total de 21.613 sendo Angola o país que mais desembarcados recebeu com cerca de 13.849 seguindo-se da Índia com 4233, o países que menos passageiros desembarcados tiveram foi Macau com 33 passageiros e Timor com 153 passageiros. O saldo total entre saídas e entradas de passageiros é de 10.415.

No que toca à emigração para outros países, tais como Argentina, Brasil, Estados Unidos da América e outros países estes foram na ordem dos 32.318 emigrantes, sendo o Brasil o país que mais recebeu com 12451 emigrantes, o país que menos recebeu foi a Argentina com apenas 100 emigrantes no ano de 1960. O número de emigrantes retornados foi de 1860 sendo igualmente o Brasil o país que mais emigrantes perdeu (953) os Estados Unidos foi o país dos acima referidos que perdeu menos emigrantes (28). O saldo total das entradas e saídas de emigrantes foi na ordem dos 58.430.

Analisando o caso específico do Algarve, mais propriamente Faro, podemos falar de 1040 emigrantes dos quais foram 542 homens e 498 mulheres, sendo os países escolhidos por estes emigrantes em maior número Angola (636) e Moçambique (313), o país menos escolhido foi Macau com apenas 5 emigrantes registados em 1960. Ao nível da imigração que se registou em Faro foi de 976 imigrantes dos quais 571 foram homens e 405 estes imigrantes provinham em maior de Angola (722) e a Moçambique com (156), o número de imigrantes que menos se registaram n concelho de faro foi de Macau.




Na análise do ano de 2001, O Algarve regista um decréscimo da taxa de emigração (9478) em relação à imigração onde 9413 são imigrantes provenientes do estrangeiro e 12.210 provenientes de outros concelhos.

Os concelhos que registam uma perca mais acentuada de população foram os concelhos de Lagos (1184), Castro Marim (2267), Olhão (1116). Os que tiveram uma perca de população, ou seja, os concelhos onde se registam um menor número de emigrantes foi Aljezur (148), Alportel (173) e Portimão (152).

Os feitos de imigração foram sentidos em maior numero nos concelhos de Lagos, Olhão, Silves e Albufeira, os que foram menos afectados foram os concelhos de Alcoutim (32), Loulé (74) e Alportel (85).

Em termos dos saldos das migrações os que apresentam um saldo positivo foram Monchique (506), Faro (464) e Albufeira (408), já os saldos negativos registaram-se em Alcoutim (-19), Castro Marim (-370) e Loulé (-62)segundo dados do quadro nº 14.

3.2 - Actividades económicas

O litoral é o local onde se concentra a maior parte das actividades económicas ao nível regional, que se deve em parte à grande diversidade paisagística. O Barrocal é conhecido como a zona de transição entre o litoral e a serra, sendo tradicionalmente reconhecido o facto de ser o principal fornecedor de produtos agrícolas do Algarve. A serra é importante na medida em que ocupa 50% do território algarvio.

O sector de actividades que assume maior relevo é de facto o sector terciário (comércio e serviços), sendo o turismo a principal fonte de receitas na medida em que representa cerca de 60% do total de emprego e 66% do pib regional, o Algarve recebe em média cerca de 5 milhões de turistas.




     3.2.1 - Pescas

O sector das pescas teve grande expressão desde sempre no Algarve, tanto na captura como na indústria de transformação (conserveira).

Com as normativas da CEE nos finais dos anos 80 para o sector das pescas, assistimos ao seu desmantelamento. Os pescadores foram pagos para abaterem os seus barcos. A falta de matéria-prima, aliada às novas exigências sanitárias levaram ao encerramento de vasta indústria no sector conserveiro e de transformação.

Segundo dados da biblioteca digital do INE, foram capturados em 1970, 255.648 toneladas de pescado para utilização na indústria (congelação, conserva, salga, farinha e óleo). Só a captura da sardinha para os centros conserveiros foi de 64 881 toneladas, das quais cerca de 22% no Algarve (14 260t). Mais de 60% do pescado dos portos algarvios são encaminhados para alimentar a sua indústria conserveira.

Em 1970 existiam no Algarve 5 024 embarcações, em 2004 existiam apenas 2 134, tendo havido um decréscimo de -57,52% em 34 anos.

Com o desmantelamento do sector da pesca, após a entrada na UE, verificou-se um decréscimo brutal tanto no nível de pescadores como de embarcações.

Como nem todas as politicas são positivas, estas medidas tiveram consequências na estrutura económica e social no país.

Começou a debater-se com um novo problema, que tem a ver com a idade média dos pescadores, que começou a ultrapassar os quarenta anos, ao que poderemos juntar a falta de formação dos mesmos.

A evolução tecnológica das embarcações, aliada à necessidade crescente de percorrer distâncias cada vez mais longas, dada a escassez de recursos, tornou premente a frequência de cursos de formação que habilitassem os profissionais a fazer face às novas exigências da sua profissão.

Estes dois problemas levaram a partir de 1986 à implementação de centros de formação nos principais portos do país, levada a cabo pela Forpescas. A adesão foi crescente até 1994, após o que se verificou uma regressão. Houve reformulação dos cursos para incentivar mais jovens, mas a sua adesão não cresceu significativamente.



Como se pode verificar neste quadro, numa década houve um decréscimo gradual e progressivo de pescadores matriculados no Algarve, que atingiu os -30%, embora se mantenha a nível nacional com a supremacia a nível de efectivos.

O Algarve tinha em 2004, 3 510 pescadores matriculados (águas interiores não marítimas e águas marítimas – pesca de arrasto, de cerco e polivalente), cerca de 21% da totalidade do continente. Detém ainda 26,5% das embarcações (com e sem motor) com uma capacidade de 14 279 GT (toneladas brutas) distribuídas pelos cinco portos pesqueiros: Lagos, Portimão, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António (29,41%) que corresponde quase a 1/3 dos portos pesqueiros existentes em Portugal Continental.

Em 2004 no Algarve, houve uma descarga de 28 373 toneladas de peixe (20,32%) do total nacional, que totalizou 58 297 milhares de euros (24,28% do total nacional). Sendo a cavala e a sardinha a totalizarem cerca de 50% do pescado, no entanto, são os crustáceos e os moluscos, conjuntamente com o linguado que contribuem para mais de 50% do rendimento. (quadros 17 e 18 em anexo, págs 4 e 5) Estes dados não incluem a aquicultura. Esta, está neste momento a desenvolver-se em Portugal.

Ao longo da pesquisa verificamos que a captura de algas tem muito pouca expressão estatística.
Podemos verificar neste quadro qual a evolução a nível de pescadores matriculados nos últimos 34 anos.



     3.2.2 - Agricultura

Na economia do Algarve, o sector primário predominou maioritário durante muitas décadas do séc. XX. A maior ocupação do solo tem por base as serras, que são pouco próprias para a prática agrícola. Com solos pobres, desenvolveu principalmente a cultura hortícola na área do barrocal, uma agricultura de regadio. Evidenciou-se principalmente na cultura de citrinos, na qual se especializou, e hoje consegue ter a sua laranja certificada. Em 1987 tinha 776 773 ares ocupados com estas espécies perfazendo um total de 92% da superfície ocupada de árvores de fruto, segundo um inquérito temático do INE.

Alargou também as espécies plantadas de acordo com o clima e mais adaptadas aos solos, como sendo a alfarrobeira, figueira ou amendoeira, tendo também alguma expressão o damasqueiro. È uma das áreas de referência no Continente relativamente aos frutos secos e desenvolveu doçaria regional de acordo com a sua produção, destacando-se as confecções com figos e amêndoas.

O sustento na terra e no mar não era suficiente para fixar a população à terra e criar riqueza para desenvolver a região.


      3.2.3 - Turismo

As suas praias ensolaradas e o seu clima ameno, com temperaturas altas sem extremos e pouca chuva, não sendo a ideal para desenvolver muito a agricultura, era no entanto um ex-líbris para o lazer. No princípio do séc. XX e nas suas primeiras décadas, poucos eram os que o apreciavam ou que o podiam gozar. Com a evolução da estrutura social e condições salariais, lentamente o turismo começou a ganhar forma em Portugal.

Só a partir da segunda metade do século passado o turismo se massificou e desenvolveu-se progressivamente, já no sentido empresarial como o compreendemos hoje. A densificação do litoral e a descoberta do Algarve como destino Turístico de Excelência só se verificou após o 25 de Abril.

Especializaram-se em aparthotéis de luxo, campos de golfe, tendo mesmo sido este ano eleito de entre os melhores na modalidade. “Em Portugal, o golfe encontra-se, também, em expansão, representando mais de 300 milhões de euros de receitas anuais, registando 1,2 milhões de voltas de golfe e um milhão de dormidas, o que o torna uma actividade económica importante, geradora de receitas e criadora de postos de trabalho. Considerando o elevado potencial que o nosso país tem …” [nota 4]. Resta saber o impacto que esta expansão possa ter sobre a biodiversidade local, que está a ser pouco aproveitada para fins turísticos, e que não está a ser devidamente protegida. Não basta existirem áreas protegidas, há que as respeitar para as preservar.

A criação de acessibilidades e de infra-estruturas vieram dar um novo fôlego ao Algarve, uma nova visibilidade e permitiu a circulação de Pessoas, Serviços e Bens. Nas acessibilidades regionais destaca-se a conclusão da A2, a tão aclamada Via do Infante (A 22) e a IC 27 que liga o Algarve a Beja (ainda em construção) pelo interior. O aeroporto de Faro é outro ponto de entrada na região. Em 2004 foram realizados 16.064 voos, sendo 695 movimentos nacionais e os restantes Internacionais. A predominância vai para a Europa dos 25 com 15.369, tendo os outros destinos valores diminutos. O aeroporto tem 2 pista, capacidade para 22 aeronaves e 2400 passageiros por hora.

A nível industrial, segundo dados do INE pela distribuição CAE, (quadro nº 20, anexo pág. 6) a progressão do número de empresas verificou-se em todos as categorias e em todos os sectores de actividade. O destaque destes 6 anos em análise vai para a construção e para as actividades imobiliárias em que a sua taxa de variação ultrapassou os 200%, +238,67% e +209,85% respectivamente. A grande pressão imobiliária que se verificou em toda a área de costa, com predominância entre Lagos e Olhão O sector animal e agrícola, tal como a pesca, também evoluiu, duplicou, muito devido a uma nova organização por parte dos produtores, ligado a uma transformação e escoamento também em alta

Quase todas as taxas de variação estiveram perto de duplicar quando não o ultrapassaram largamente.

A destacar estão as indústrias extractivas que teve uma ligeira subida de apenas +3,28% e a ausência de actividade na produção e distribuição de electricidade em 1998.

Em 30 anos, a capacidade hoteleira melhorou a sua qualidade e ampliou-se. Só Faro e S. Brás de Alportel viram o nº total de estabelecimentos diminuir com uma taxa de variação de -12.50% e -50% respectivamente.

Albufeira, bate todos os recordes com um aumento exponencial de +1330%, logo seguida de Lagoa. No entanto, os concelhos com mais capacidade de alojamento para oferta turística, alem de Albufeira, são: Loulé, Portimão, Lagos e Lagoa com mais números de estabelecimentos.(Quadros 21 e 22).

Estes dados podem ser correlacionados com o quadro nº 23 em anexo referente a 2001, em que a agricultura, silvicultura e pescas se destaca, logo seguido dos serviços e que tanto a construção, como os hotéis e a restauração já têm um peso considerável na geração de emprego.

3.3 – Ambiente

      3.3.1 - Natureza e Biodiversidade

Áreas Protegidas

A criação de uma rede nacional de áreas protegidas, pretende criar condições para que se estabeleça um contacto íntimo e harmonioso entre o Homem e a Natureza. Surge da necessidade de conservar a natureza, a paisagem e a vivência das populações, assegurando a sua evolução harmoniosa e equilibrada.

A sua criação tem o objectivo de estimular o desenvolvimento integrado desta área, vitalizando os seus recursos e as suas actividades tradicionais, tendo de base, que o turismo é uma das maiores fonte de riqueza desta região e depende directamente da Natureza, ou seja, alia a vertente lúdica à da natureza. As áreas protegidas podem ser classificadas em: Parque Nacional, Parque Natural, Reserva Natural e Monumento Natural.
No Algarve esta rede é composta pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, pelo Parque Natural da Ria Formosa e pela Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, existindo ainda áreas com estatuto de protecção como Rocha da Pena e Fonte Benémola.

Estas áreas localizam-se predominantemente no Litoral [nota 5], onde existe uma grande pressão pelos agentes económicos e pela saturação do espaço, devido ao elevado número de cidadãos que o frequentam, excedendo a capacidade de carga destes ecossistemas, reflectindo a posteriori problemas irremediáveis.


Rede Natura

A Rede Natura 2000 é constituída pelo conjunto das Zonas de Protecção Especial (ZPE) e das Zonas Especiais de Conservação (ZEC)[nota 6], resultantes da aplicação de duas directivas comunitárias: a das Aves e a dos Habitats.

Estas zonas foram criadas com o objectivo particular de conservação das aves, respectivos habitats e conservação dos habitats naturais em geral, da fauna e flora. O Algarve devido à riqueza do seu património natural e grande biodiversidade, através da proximidade do mediterrânico, possui uma notável diversidade de habitats e espécies que são importantes no que diz respeito à concretização dos objectivos da Rede Natura 2000. Esta rede tem o objectivo de assegurar a conservação dos habitats de aves, da fauna em geral e da flora que se encontrem ameaçados, ou que sejam expressivas no espaço da UE.

No Algarve a Rede Natura 2000 é muito expressiva, pois ocupa 193.011,5 hectares, o que corresponde a 38,6% do território continental da região. Estes 38,6% de território, são compostos por catorze sítios integrados na Rede Natura 2000, listados em anexo Quadro nº 26.


Espécies de fauna e flora ameaçadas

Como já anteriormente tinha referido, o Algarve é dotado de inúmeras espécies de fauna e flora, que lhe conferem um característica única em território Continental, permitindo-lhe fomentar o turismo, uma das principais fontes de rendimento desta região. Actualmente, presencia-se uma perda de biodiversidade [nota 7], em benefício do crescimento económico, nomeadamente em estruturas (urbanização de extensas partes do território e implantação de infra-estruturas rodoviárias) que favoreçam a principal fonte de receitas, o Turismo; mas também com a intensificação dos processos agrícolas e exploração dos recursos pesqueiros.

No Algarve existe 72 % de espécies de fauna e 20% de espécies de flora classificadas como ameaçadas em Portugal. Assim, a redução dos factores de ameaça existentes na região poderá contribuir para uma significativa diminuição do número de espécies ameaçadas em Portugal. No Quadro nº29 anexo, apresenta-se a distribuição por classes das 115 espécies de fauna classificadas como ameaçadas em Portugal e que ocorrem no Algarve.


      3.3.2 - Ambientes Marinhos e Costeiros

Evolução da linha de costa

O litoral do Algarve pode-se diferenciar, de acordo com as características geológicas e geomorfológicas, em litoral de arriba rochosa, litoral de arriba arenosa e litoral arenoso. A linha de costa defronta-se com o rápido decréscimo da quantidade de sedimentos fornecidos ao litoral e com um acelerado processo de erosão costeira. Isto em parte devido ás actividades humanas, com a construção de barragens, dragagens portuárias, exploração de inertes nos leitos fluviais, construção de corta-mar de portos, obras de “protecção costeira” e passear nas dunas.

As zonas mais problemáticas em litoral de arriba rochosa ocorrem nos concelhos de Albufeira e Portimão. Os grupos com maiores taxas de erosão em litoral de arriba arenosa verificam-se no concelho de Loulé e em litoral arenoso nos concelhos de Faro e Loulé [nota 8], cuja observação permite avaliar as tendências evolucionistas no litoral algarvio.


Qualidade da água em zonas balneares

A qualidade das águas balneares, constitui de um modo geral uma preocupação para a região, não só pela sua importância ao nível ambiental e da saúde pública, mas também por ser de extrema importância para a actividade económica com maior peso, o turismo.

Durante a época balnear de 2006, entre 15 de Maio e 01 de Outubro, após avaliação do conjunto de valores dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos da qualidade da água, verifica-se que 3 zonas balneares não tinham qualidade, 4 qualidade aceitável e as restantes 103 boa qualidade. Assim conclui-se que a qualidade da água é boa e tem melhorado ao longo dos anos [nota 9].



      3.3.3 - Água

Consumo de água

A região do Algarve possui características essencialmente mediterrânicas, apresenta uma precipitação de regime torrencial que permite uma boa suficiência em recursos hídricos no Inverno. No verão a pressão sobre os recursos hídricos aumenta significativamente devido ao grande acréscimo populacional e da maior necessidade de água para rega [nota 10].

As actividades humanas que mais utilizam água no Algarve são a prática agrícola e o abastecimento público de água para consumo humano, incluindo a actividade turística, seguindo-se a rega de golfes e a indústria, como constatamos no quadro nº 35 em anexo.


Qualidade das águas superficiais e subterrâneas

Até 1998 o abastecimento público de água efectuava-se, na maioria dos concelhos, a partir de origens subterrâneas. Com a substituição das águas de origem subterrânea por águas superficiais armazenadas em albufeiras e através da entrada em funcionamento do sistema multimunicipal de abastecimento de água, a região tem garantido as suas necessidades qualitativas e quantitativas para abastecimento público, como se verifica no quadro nº 36. A degradação das águas subterrâneas deve-se não só às más práticas agrícolas, mas também à dissolução de rochas evaporíticas existentes em profundidade e ao avanço da cunha salina, devido a extracções excessivas de água dos aquíferos costeiros, que conduzem a um aumento da concentração de cloretos. As principais causas de degradação da qualidade da água superficial deve-se a actividades humanas, de que são exemplo as descargas de águas residuais urbanas, industriais e de explorações agro-pecuárias (suiniculturas) sem tratamento adequado, bem como causas naturais associadas ao regime de precipitação torrencial, que provocam o arrastamento de diversos materiais.


Qualidade da água para consumo humano

A região do Algarve apresenta um dos melhores desempenhos nacionais ao nível da qualidade da água para consumo humano, sendo o controlo da água feito individualmente pelos municípios.

Esta água, é maioritariamente de origem superficial e é captada nas albufeiras de Beliche e de Odeleite, no Sotavento, e do Funcho e da Bravura, no Barlavento. Os concelhos de Alcoutim, Monchique e Aljezur, apesar de integrarem o sistema multimunicipal, são servidos por soluções individuais de abastecimento, quer de origem subterrânea, quer de origem superficial.


Reutilização de água residual tratada

O tratamento desta água tem pouca expressão nesta região, onde apresenta vantagens, sempre que técnica e economicamente fosse viável o seu tratamento, particularmente para a rega de certas culturas agrícolas, de campos de golfe, de espaços verdes, bem como outros usos, entre os quais, lavagem de pavimentos urbanos e espaços públicos, permite a redução dos caudais captados nos meios hídricos, a redução de descargas de efluentes de ETAR para meios hídricos sensíveis e a utilização benéfica de nutrientes quando usada em rega.

Este fraco desempenho deve-se ao facto de poucas ETAR fazerem a reutilização de água residual tratada constatado no quadro nº 37 em anexo.


     3.3.4 - Solos e Ordenamento do Território

Uso do solo

O solo é um recurso finito, pelo que é essencial a sua utilização através de um perfeito ordenamento, de forma a assegurar o equilíbrio das necessidades consumistas humanas, do espaço, da subsistência da biodiversidade e dos ecossistemas.

Em termos gerais as áreas agrícolas têm diminuído ao longo da última década, ao passo que as áreas edificadas, de equipamentos e infra-estruturas, têm aumentado, em especial a Sul da Via do Infante e ao longo da faixa litoral, entre os concelhos de Lagos e Olhão. Também as áreas de indústria, comércio, armazenagem e logística têm aumentado, muitas vezes para fora das zonas industriais.

As áreas agrícolas e florestais identificadas no quadro nº 38 em anexo e que se pode ver com mais evidência no quadro nº 39 em anexo representam, respectivamente, 23% e 37% do solo, sendo 4% do território ocupado por áreas húmidas. As áreas edificadas representam 4% e os equipamentos e infra-estruturas, conjuntamente com a indústria, comércio, armazenagem e logística correspondem a 1% do território. Cerca de 31% do território representa uso diverso, não estando ligado a nenhum dos usos anteriores.


Novas construções
 Os diferentes e continuados processos de construção destinados à habitação, com maior incidência na faixa costeira e o crescente alastramento da edificação dispersa, tem provocado pressões nomeadamente nos recursos naturais, paisagem e infra-estruturas.

O número de alojamentos construídos é um indicador esclarecedor da evolução construtiva observada no Algarve onde, entre 1991 e 2001, foram construídos 69.557 novos alojamentos, o que corresponde a 25% do parque habitacional existente. O quadro nº 40 em anexo permite verificar que os concelhos de Albufeira, Loulé, Faro e Portimão apresentam os crescimentos mais elevados.


     3.3.5 - Resíduos

Destino final de resíduos

O actual sistema de tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é composto por 2 aterros, 8 estações de transferência, 2 estações de compostagem, 1175 ecopontos para recolha selectiva de vidro, papel e cartão, plástico e metal (aço e alumínio) e 2 pontos de recolha de pneus. Em relação aos Resíduos Hospitalares, 78 % são equiparados aos RSU, tendo o mesmo tratamento, 19% necessitam de tratamento físico-químico, e apenas 3 % são eliminados por incineração. Existem ainda situações de deposição de resíduos em locais inadequados para a sua recepção, nomeadamente Resíduos de Construção e Demolição e Resíduos Agrícolas, para os quais ainda não há sistemas de gestão implementados, existindo apenas um areeiro, no concelho de Faro, onde é possível fazer o seu deposito, desde que devidamente separados.

O quadro nº 41 em anexo, demonstra o tratamento e destino final dos resíduos recolhidos pelo Sistema Multimunicipal em 2003.


     3.3.6 - Investimento público na área do Ambiente

No âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio estabelecido para o período 2000-2006, o investimento público na área do ambiente no Algarve, foi de 180 milhões de euros até Dezembro de 2003. Neste investimento está incluído o apoio de Programas como o PROALGARVE, Programa Operacional do Ambiente, Fundo de Coesão, Interreg III e Inovalgarve.

Este investimento espelha a dificuldade financeira da região em todas as vertentes naturais e ambientais, tendo em conta não só o cumprimento da legislação nacional e comunitária, mas também a solução de situações de conflitualidade e a valorização do território. O quadro nº 42 em anexo, demonstra Tipologia e custo de projectos ambientais até Dezembro de 2003.


NOTAS:

[5]  Como se pode verificar no quadro nº 24, em anexo.

[6]  A (ZEC) Inclui os Sítios de Importância Comunitária (SIC), apresentados pelo Estado Português, para selecção Europeia, como se pode verificar no Quadro nº 25, em anexo.

[7]  Como se pode verificar nos Quadros nº27 e 28 em anexo.

[8]  Como se pode observar nos Quadros nº 30 e 31 em anexo.

[9]  Como se pode verificar no Quadro nº 32 e 33, em anexo.

[10]  Como se verifica no quadro nº 34 em anexo.

Conclusão & Bibliografia (Algarve)


A região do Algarve tem características e problemas muito próprios que decorrem, entre outros aspectos, da concentração da população no litoral e da actividade económica mais relevante para a região, o turismo. No verão, principalmente durante o mês de Agosto, regista-se uma grande afluência de pessoas que vêm usufruir do clima e das praias, bem como das infra-estruturas de diversão e lazer existentes. Esse acréscimo populacional promove, num curto período de tempo, a utilização intensiva dos recursos naturais com custos ambientais significativos para a região.

As assimetrias entre o litoral e o interior são muito acentuadas tanto no aspecto demográfico como nas actividades económicas. Na área serrana não foi reposta a população que rumou ao litoral, ao centro do continente ou para o estrangeiro. As infra-estruturas económicas são construídas nos locais que mais atraem os turistas ou de maior acessibilidade. A serra já não está tão isolada, mas continua a faltar um pouco de tudo. A nível económico está em crescimento real com o número de empresas a ultrapassar o crescimento médio do país.

As melhorias em diversos indicadores são igualmente inegáveis, apesar de estar longe para atingirem as metas desejadas.

Ainda assim, os sinais positivos no domínio do ambiente são reais. Ainda se registam tendências negativas no consumo de água, nas novas construções para habitação, na área ardida e na reutilização da água residual tratada, que terão de ter resposta por parte dos órgãos da administração pública, regional e local, das empresas, das associações não governamentais e da restante sociedade civil.



Bibliografia

Carminda Cavaco, “O Algarve Oriental – As Vilas, o Campo e o Mar”, 1976, Gabinete do planeamento da região do Algarve. (vol. I e II).

Geografia de Portugal – O Ambiente Físico, 2005, Editora - Círculo de Leitores, Vários, Direcção de Carlos Alberto Medeiros.

Orlando Ribeiro, “Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico”, 1986, Livraria Sá da Costa Editora

Geografia Universal, Grande Atlas do Séc. XXI, vol. I – Europa Ocidental, 2005, Ed. Planeta de Agostini.

CCDR Algarve

Diciopédia 2005 Porto Editora, Lda.

http://www.almargem.org/algarve.htm

http://www.ccdr-alg.pt/ccr/index.php

http://www.dg-pescas.pt/

http://www.inag.pt/inag2004/port/a_intervencao/planeamento/pbh/pbh04.html

http://www.inag.pt/inag2004/port/divulga/actualidades/actualidades/arquivo_2006.html

http://www.letras.up.pt/geograf/geofis/

http://www.letras.up.pt/geograf/geofis/t1.html - Maria da Assunção Araújo

http://www.maotdr.gov.pt/MAOTDR

http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=7247&iLingua=1

INE-Sensos, Retratos territoriais,

Instituto da água

Trabalho de campo, ou seja o reconhecimento real da região do Algarve, quer litoral mar como interior montanhoso