13/07/09

História de François Pyrard de Laval (relação com os Portugueses)

François Pyrard, marinheiro, residente na zona de Laval em França, filho e neto de comerciantes, partiu do porto de Saint-Malo[1] em 11 de Maio de 1601, a bordo do corsário Corbin, rumo às Índias Orientais, Ilhas de Maldiva, Ilhas Maluco[2] e Brasil, numa viagem que teve uma duração de dez anos, até 1611, conforme anexo n.º 1. (Pyrard (a), 1994).

Durante a sua viagem, o navio onde seguia François Pyrard naufragou[3] durante a noite nos recifes das Maldivas. Pyrard foi recolhido e após um longo período de cinco anos a viver em cativeiro nas Maldivas, escapou na frota dos piratas bengaleses, em 1607, após estes terem saqueado a cidade (Pyrard (a), 1994). Em busca de um navio que o levasse ao seu país, passou por Chatigão, Cananor e Calecute, chegando ao contacto com os Portugueses em 1608, na colónia de Cochim, localizada no subcontinete Indiano, e aconselhado por dois jesuítas com boas ligações à coroa. (Pyrard, S/d).

Foi preso pelos Portugueses em Cochim e posteriormente enviado para Goa, onde recuperou das debilidades físicas no hospital de Goa. Por falta de efectivos para a defesa do império foi transformado em soldado, ocupando o posto durante dois anos. Durante este período incorporou varias expedições pela Índia que possibilitaram um conhecimento mais aprofundado sobre os Portugueses no Oriente. Destas viagens, resultou uma crónica onde registou descrições e impressões pessoais, agora alvo de estudo.

Em 1609 uma ordem régia proibia a permanência de franceses, ingleses ou holandeses na Índia. Em 1610, Pyrard parte da Índia e chega a Bayonne, uma baía na costa da Galiza, em 1611, tendo posteriormente partido para França. (Pyrard, S/d).

De regresso à França escreveu uma crónica sobre a sua viagem: Viagem de Francisco Pyrard de Laval. Será este trabalho de François Pyrard uma fonte fidedigna? Assim parece. Vários autores consideram os seus escritos imparciais em relação aos interesses da coroa (em detrimento de alguns escritos de renome deste período) e dotados de elevada idoneidade. (Penrose, 1960).

Esta obra caracteriza-se pelo detalhe e pelo pormenor das suas referências: aos hábitos e costumes, às leis, à difusão do cristianismo, aos métodos e amplitude da actuação dos jesuítas (decisivo na materialização da fixação dos portugueses), ao fluxo comercial, à organização da cidade, à rede hidrográfica, à segurança, aos animais, árvores e frutas, à organização social e política; descreveu obras de arquitectura e a malha urbana, bem como a conduta social desde o vice-rei[4] (mais alto cargo) aos escravos/assalariados/artesãos que trabalharam para os senhores portugueses. (Pyrard (a), 1994) & (Pyrard (b), 1994).

É ainda de salientar, que foi o primeiro estrangeiro a abordar a sensualidade da população feminina, ainda que tenha sido da pior forma já que afirma, dogmaticamente, que “ (…) as mulheres de Goa são excessivamente lascivas, visto o clima e a alimentação da região as inclinar a isso”, de facto, continua ele, “ (…) são tão amorosas e tão dadas aos prazeres da carne que não deixam de os praticar à mais pequena oportunidade”. (Pyrard (b), 1994:115 citado por Penrose, 1960:90-92).

BIBLIOGRAFIA


PYRARD(a), Francisco (1944), Viagem de Francisco Pyrard de Laval, Vol. I, Livraria Civilização, Porto.

PYRARD(b), Francisco (1944), Viagem de Francisco Pyrard de Laval, Vol. II, Livraria Civilização, Porto.

PENROSE, Bóies (1960), Goa – Rainha do Oriente, Editado pela Library of the Instituto Britânico em Portugal/Comissão Ultramarina no âmbito das Comemorações do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, edição bi-lingua em porugues/inglês, Lisboa.

WEBGRAFIA

PYRARD, François (S/d), disponível em http://fr.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_Pyrard, acedido em 4 de Maio de 2009, às 10:00 horas (página actualizada pela última vez em 18 de Março de 2009).

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[1] Saint-Malo é conhecida pelos corsários que tinham permissão do Estado francês para “explorar” as riquezas alheias.
[2] Segundo Frade (1999) considera-se as Ilhas Maluco as cinco Ilhas do Cravo: Ternate, Tidore, Motir, Maquiém e Bachão.
[3] O naufrágio ficou a dever-se à inexperiência do Capitão e ao excesso de álcool de todos os membros da tripulação.
[4] No capítulo V, denominado: Do governo de Goa, do vice-rei, de sua Corte e magnificência, é possível observar com mais pormenor a mais alta patente do estado português da Índia.



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