13/07/09

Evolução da Competitividade Internacional do Luxemburgo

Avaliar a Competitividade Internacional de um país é uma tarefa complicada em virtude de este ser um indicador principalmente qualitativo que agrega vários indicadores. Assim, adoptou-se o estudo World Competitiveness Yearbook 2008 elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD) como suporte desta breve análise.

O Luxemburgo é um país extremamente competitivo que se tem vindo a afirmar entre os mais competitivos em todo o mundo. A política fiscal mais recente caracterizou-se por uma redução da pressão fiscal e um aumento das despesas em projectos de infra-estruturas para a segurança social. Ao reduzir-se os impostos sobre o rendimento e as actividades financeiras, de forma a favorecer a competitividade internacional da economia, favoreceu-se a entrada de investimentos estrangeiros.

São vários os artigos de jornal que dão conta da preocupação do executivo luxemburguês na redução de impostos. A título de exemplo, Joanna Faith jornalista do International Tax Review, publicou o artigo “Luxembourg slashes corporate tax rate and abolishes capital duty”, onde argumenta invocando as palavras de Guy Schuller, porta-voz do primeiro-ministro: “…Industry members probably think more needs to be done to boost Luxembourg's competitiveness further, but with general elections taking place next year, this is something for the next government to consider…”.

No estudo World Competitiveness Yearbook o Luxemburgo apresenta-se como o quinto país mais competitivo do mundo em 2008, fixando-se em quinto lugar do ranking, tendo caído uma posição em relação ao ano de 2007, data em que ocupava o quarto lugar da ranking.

Se tivermos em consideração os dados dos anteriores relatórios do IDM, representados no esquema ao lado, verificamos que em 2004, 2005 e 2006 existiu uma clara perda de competitividade, que viria a ser recuperada em 2007[2].


Os dados são inequívocos e demonstram claramente a elevada competitividade internacional do Luxemburgo em relação ao mundo, e em particular em relação à Europa, por ser o seu principal parceiro comercial[3].

De acordo com o World Competitiveness Yearbook, 2008 (figura 1) as melhorias do Luxemburgo no ano de 2008 foram: melhor controlo da inflação e melhoria da competitividade, maior eficiência de gastos públicos, reforço da política social, fomentou a inovação e a investigação e diversificou de forma eficiente a economia.



Figura 1 – Posição e indicadores do Luxemburgo no World Competitiveness Yearbook 2008

Fonte: World Competitiveness Yearbook, 2008


Se tivermos em consideração que o Grão-Ducado passou por um desenfreado processo de globalização ainda mais valorizamos o sucesso da sua competitividade internacional. Comenta-se que países com poucos habitantes são pouco competitivos devido ao seu reduzido mercado interno! Mas isso não é verdade no caso do Luxemburgo. Baseando-se numa reestruturação da mão-de-obra (possuindo quadros humanos altamente qualificados), no dinamismo do comércio externo e na forte exportação de serviços, o Luxemburgo tornou-se num dos mais “confortáveis” países da UE para viver, trabalhar e investir.

Anteriormente analisou-se a competitividade do Luxemburgo a nível internacional. Agora vamos analisar os quatro grandes grupos que agregam todos as indicadores analisados: Desempenho Económico, Eficácia do Governo, Eficiência Empresarial e Infra-estruturas, respectivamente. A figura 2 aborda de forma resumida as tendências dos quatro grupos.


Figura 2 – Desagregação do indicador “Competitividade Internacional” em quatro grupos[4]

Fonte: World Competitiveness Yearbook 2008


No âmbito do Desempenho Económico, primeiro grande grupo, ressalta o excelente desempenho das empresas no Comercio Internacional, que permite um elevado padrão de vida e um importante crescimento do emprego. O Luxemburgo ocupa o 4º lugar do ranking mundial, tendo caído uma posição em relação a 2007.

A Eficácia do Governo que tinha registado uma melhoria considerável até 2007, chegando ao 9º lugar do ranking, caiu para 14º lugar em 2008. É caracterizada por uma elevada estabilidade política e uma forte coesão social que facilita a competitividade global. O IVA é de apenas 15%.

A Eficácia Empresarial é boa apesar de ter caído da 5º posição em 2007 para a 9º posição em 2008. O Luxemburgo é muito valorizado pelo seu Know-how financeiro, atraindo volumosos investimentos estrangeiros. “Se desde a década de 1980, o sector financeiro beneficia de um estatuto fiscal e jurídico muito competitivo (vejam-se as sociedades de investimento mobiliário de capital variável, entre nós denominadas SICAV’s), foi a partir de 2002, altura em que se transpôs a terceira directiva europeia sobre valores mobiliários, que este sector cresceu consideravelmente” (Jornal de Negócios, 2006).

Em relação às infra-estruturas o Luxemburgo tinha melhorado o seu desempenho até 2007, chegando ao 15º lugar, mas em 2008 caiu três lugares, posicionando-se no 18º lugar. Este grupo engloba internet, telecomunicações, recursos humanos e também I & D. Apesar de ser ter uma posição negativa neste grupo o Grão-Ducado está extremamente desenvolvido e dotado de novas tecnologias, e para isto muito contribuem as características poliglotas da população bem como o contexto geográfico (centro da Europa / banana europeia).

Em suma, a competitividade, a produtividade, o rigor e a exigência na educação, a tecnologia, o conhecimento, as infra-estruturas, o IVA reduzido e os benefícios fiscais são algumas das muitas vantagens que o Luxemburgo oferece para estimular o investimento externo no seu território.




BIBLIOGRAFIA


THE NATHIONAL GEOGRAPHIC (2005), Europa II, Volume II, Editora RBA Coleccionables S.A., Espanha, pág. 84 – 87.

MONTEYS, Mónica (2006), Novo Atlas da Terra, Editora Planeta De Agostini, Portugal, pág. 56 – 122.

SACCO, Marcello (2005), Geografia Universal: Grande Atlas do Século XXI – Europa Ocidental, Volume I, Editora Planeta De Agostini, Portugal, pág. 398 – 401.

UNGER, Monika (2006), Geografia do Mundo – Europa [Título original: Das Neue Bild unserer Welt – Europa], Editado por Círculo de Leitores, Lisboa, pág. 118 – 122.

______ (2006), El Gran Ducado de Luxemburgo en pocas palabras, Editado pelo Service information et presse du gouvernement, Roosevelt – Louxembourg.

______ (2007), World Competitiveness Yearbook 2007, estudo elaborado por International Institute for Management Development (IMD), editado por Lausanne, Luxembourg.

______ (2008), World Competitiveness Yearbook 2008, estudo elaborado por International Institute for Management Development (IMD), editado por Lausanne, Luxembourg, pág. 186-189 (em anexo).


WEBLIOGRAFIA



FAITH, Joanna (2008), Luxembourg slashes corporate tax rate and abolishes capital duty, publicado online por International Tax Review, disponível em http://www.internationaltaxreview.com/includes/news/ (acedido a 17-12-2008).

ARRUDA, Carlos et al (2008), O Brasil é destaque no Anuário de Competitividade Mundial de 2008, Fundação Dom Cabral, disponível em http://www.fdc.org.br/parcerias/upload/outros/Artigo%20IMD%20-%20Brasil%20%20FINAL.pdf (acedido a 20-12-2008).

JORNAL DE NEGÓCIOS (2006), Luxemburgo, disponível em http://www.negocios.pt/default.asp?CpContentId=265187 (acedido a 170-12-2008).

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[1] O World Competitiveness Yearbook 2008 é um estudo de periodicidade anual que analisa a Competitividade Mundial desde os anos 80, e produz um indicador que indica a capacidade de um país em promover um ambiente no qual as empresas possam competir eficientemente e crescer. A análise é feita entre 55 países (os mais competitivos) com base em 331 critérios agrupados em quatro grupos: Desempenho Económico, Eficácia do Governo, Eficiência Empresarial e Infra-estruturas.
Adoptou-se este estudo para fundamentar o capítulo da Competitividade Internacional em prol da sua credibilidade e novidade (actual/recente). Este estudo foi elaborado com base em informação quantitativa (estatísticas nacionais e internacionais) e qualitativa (cedida por organizações internacionais, regionais; com base na opinião de executivos empresariais inqueridos entre Janeiro e Março de cada ano). O governo do Luxemburgo considera no seu site oficial, ser este o relatório mais completo e fidedigno elaborado neste âmbito. O estudo é produzido pelo International Institute for Management Development. A generalidade da informação constante neste estudo referente ao Luxemburgo foi fornecida pela Câmara de Comercio do Luxemburgo (http://www.cc.lu/). Devido à sua magnitude este estudo não é gratuito, e por isso somente estão disponíveis excertos localizados em: http://www.imd.ch/index.cfm.

[2] O esquema representa a posição do Luxemburgo no estudo World Competitiveness Yearbook, 2007. É composto por duas variáveis: Negrito “posição no ranking” – Cinzento “vários anos”.

[3] Com base no quadro 2, em anexo, podemos verificar duas situações: primeiro, a supremacia do Luxemburgo na União Europeia (UE), e segundo, o gigante fosso entre os vários membros da UE em termos de competitividade internacional. O Grão-Ducado conseguiu manter a sua competitividade mesmo quando dava entrada no seu país de produtos estrangeiros de melhor qualidade e menor preço.

[4] Os números representados na figura correspondem a um ranking intermédio entre os países analisados. É através deste ranking que se chega ao ranking final, composto por todos estes indicadores.


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