Nesta citação de Rastier (2001:22), retirada do livro Arts et sciences du texte, o autor assume uma posição próxima de Marcuschi (2001) e mais distante de Duarte (2003).
Os géneros textuais, na perspectiva de Rastier, são caracterizados individualmente por uma estrutura particular, que define as situações em que devem ser aplicados pela sociedade. Assim, cada género textual é regido por normas linguísticas, já convencionadas, que permitem reconhecer cada género pelas condições de produção que lhe estão associadas e pela sua estrutura.
O autor não defende uma formação textual universal estandardizada, de boa qualidade, mas sim princípios de boa formação, adequados a diferentes géneros textuais, que se adaptem às práticas sociais, podendo ambos (géneros e práticas sociais) evoluir ao longo dos tempos, dada a constante mutação a que o mundo e as sociedades estão sujeitas.
Do meu ponto de vista, desde a publicação da obra de Rastier (2001) até à actualidade, a evolução dos géneros textuais não implicou um enriquecimento da textualidade, uma vez que, em alguns casos, se verificou uma proliferação de géneros que trouxe consigo um superficialismo atroz, bem como, em certos casos, um enviesamento das estruturas vigentes (nada que o autor não preconizasse nos seus pensamentos). Tal facto é visível quando o autor menciona que: “… novas práticas sociais podem amanhã suscitar géneros hoje imprevisíveis…” (Rastier, 2001:22).
A título de exemplo, a internet, o chat, o mIRC e o messenger, são diferentes formas de linguagem que circulam socialmente e que têm introduzido imensas alterações à estrutura da língua, ainda que de um modo informal.
Marcuschi (2001), no seu trabalho, aborda os géneros textuais bem como a distinção entre fala e escrita, uma vez que as considera complementares no contexto das práticas sociais e culturais. Segundo o autor, os géneros textuais são métodos de utilização da língua (seja de forma escrita ou oral), e os usos que fazemos da língua é que determinam as estruturas/formas linguísticas a adoptar: “São as formas que se adequam aos usos e não o inverso” (Marcushi, 2001:16).
O autor, não querendo sobrepor a fala à escrita (ou vice-versa) refere uma alteração entre o passado e o presente. De acordo com a sua opinião, no passado o Homem utilizou, com mais frequência, a língua oral, enquanto que no presente a situação se inverteu, convertendo-se a escrita num bem social indispensável ao quotidiano, destacando a escrita burocrática como resultado da progressiva complexidade das organizações, afim de responder às exigências, cada vez mais diferenciadas da sociedade.
Marcuschi destaca, ainda, que existem duas dimensões de relações no tratamento da língua falada e da língua escrita: de um lado, a oralidade e o letramento, do outro a fala e a escrita.
A oralidade é uma forma de prática social, fazendo uso da produção sonora nos mais diversos tipos de géneros textuais. Por sua vez, o letramento consiste nas diversas práticas sociais que envolvem a escrita. A fala é uma forma de produção textual utilizada de modo oral, estando inserida na oralidade, enquanto que a escrita é uma forma de produção textual, que utiliza elementos gráficos e se situa dentro das práticas do letramento.
Segundo o autor, a relação estabelecida entre a fala e a escrita, num contínuo de géneros, oscila entre duas modalidades: a informal e a formal. Deste modo, existem géneros textuais que se aproximam mais da fala, enquanto outros se aproximam mais da escrita, nomeadamente a escrita burocrática e os textos académicos.
Marcuschi pretende mais do que uma distinção entre oralidade e letramento, pois considera fundamental perceber que são práticas sociais muito distintas, tendo necessidades, possibilidades e funcionalidades diferentes. No âmbito dos géneros textuais, o autor defende uma perspectiva muito próxima da de Rastier, realçando o seu contributo na ordenação e estabilização das actividades de comunicação do quotidiano.
Duarte (2003) aparece como uma autora em ruptura com os dois autores anteriores. Esta gramaticista trabalha os mecanismos de organização textual, do ponto de vista das regras a que a linguística se obriga (coesão textual, conectividade conceptual, estrutura temática e estrutura informacional), ao contrário de Marcushi, que trabalha os géneros como instrumentos de comunicação, ou seja, o uso da língua nas práticas sociais.
No capítulo em análise, que a autora assina e integra na Gramática da Língua Portuguesa, não se verifica um aprofundamento da textualidade, surgindo apenas ténues referências (de carácter introdutório) aos aspectos linguísticos da organização textual. Assim sendo, é visível uma ruptura explícita relativamente à aplicação de géneros textuais nas práticas sociais, referidas por Marcushi.
A distinção de conteúdos entre os trabalhos de Marcuschi e de Duarte, advém da formação académica dos dois autores. Todavia, esta assimetria traduziu-se num acréscimo de qualidade, na medida em que Marcuschi aprofundou os géneros textuais aplicados às práticas sociais, enquanto que Duarte desenvolveu as regras que regem a aplicação da língua. A fusão destes dois trabalhos seria fundamental, uma vez que eles complementam e podem constituir um instrumento valioso na aprendizagem dos alunos de Ciências da Linguagem.
O autor não defende uma formação textual universal estandardizada, de boa qualidade, mas sim princípios de boa formação, adequados a diferentes géneros textuais, que se adaptem às práticas sociais, podendo ambos (géneros e práticas sociais) evoluir ao longo dos tempos, dada a constante mutação a que o mundo e as sociedades estão sujeitas.
Do meu ponto de vista, desde a publicação da obra de Rastier (2001) até à actualidade, a evolução dos géneros textuais não implicou um enriquecimento da textualidade, uma vez que, em alguns casos, se verificou uma proliferação de géneros que trouxe consigo um superficialismo atroz, bem como, em certos casos, um enviesamento das estruturas vigentes (nada que o autor não preconizasse nos seus pensamentos). Tal facto é visível quando o autor menciona que: “… novas práticas sociais podem amanhã suscitar géneros hoje imprevisíveis…” (Rastier, 2001:22).
A título de exemplo, a internet, o chat, o mIRC e o messenger, são diferentes formas de linguagem que circulam socialmente e que têm introduzido imensas alterações à estrutura da língua, ainda que de um modo informal.
Marcuschi (2001), no seu trabalho, aborda os géneros textuais bem como a distinção entre fala e escrita, uma vez que as considera complementares no contexto das práticas sociais e culturais. Segundo o autor, os géneros textuais são métodos de utilização da língua (seja de forma escrita ou oral), e os usos que fazemos da língua é que determinam as estruturas/formas linguísticas a adoptar: “São as formas que se adequam aos usos e não o inverso” (Marcushi, 2001:16).
O autor, não querendo sobrepor a fala à escrita (ou vice-versa) refere uma alteração entre o passado e o presente. De acordo com a sua opinião, no passado o Homem utilizou, com mais frequência, a língua oral, enquanto que no presente a situação se inverteu, convertendo-se a escrita num bem social indispensável ao quotidiano, destacando a escrita burocrática como resultado da progressiva complexidade das organizações, afim de responder às exigências, cada vez mais diferenciadas da sociedade.
Marcuschi destaca, ainda, que existem duas dimensões de relações no tratamento da língua falada e da língua escrita: de um lado, a oralidade e o letramento, do outro a fala e a escrita.
A oralidade é uma forma de prática social, fazendo uso da produção sonora nos mais diversos tipos de géneros textuais. Por sua vez, o letramento consiste nas diversas práticas sociais que envolvem a escrita. A fala é uma forma de produção textual utilizada de modo oral, estando inserida na oralidade, enquanto que a escrita é uma forma de produção textual, que utiliza elementos gráficos e se situa dentro das práticas do letramento.
Segundo o autor, a relação estabelecida entre a fala e a escrita, num contínuo de géneros, oscila entre duas modalidades: a informal e a formal. Deste modo, existem géneros textuais que se aproximam mais da fala, enquanto outros se aproximam mais da escrita, nomeadamente a escrita burocrática e os textos académicos.
Marcuschi pretende mais do que uma distinção entre oralidade e letramento, pois considera fundamental perceber que são práticas sociais muito distintas, tendo necessidades, possibilidades e funcionalidades diferentes. No âmbito dos géneros textuais, o autor defende uma perspectiva muito próxima da de Rastier, realçando o seu contributo na ordenação e estabilização das actividades de comunicação do quotidiano.
Duarte (2003) aparece como uma autora em ruptura com os dois autores anteriores. Esta gramaticista trabalha os mecanismos de organização textual, do ponto de vista das regras a que a linguística se obriga (coesão textual, conectividade conceptual, estrutura temática e estrutura informacional), ao contrário de Marcushi, que trabalha os géneros como instrumentos de comunicação, ou seja, o uso da língua nas práticas sociais.
No capítulo em análise, que a autora assina e integra na Gramática da Língua Portuguesa, não se verifica um aprofundamento da textualidade, surgindo apenas ténues referências (de carácter introdutório) aos aspectos linguísticos da organização textual. Assim sendo, é visível uma ruptura explícita relativamente à aplicação de géneros textuais nas práticas sociais, referidas por Marcushi.
A distinção de conteúdos entre os trabalhos de Marcuschi e de Duarte, advém da formação académica dos dois autores. Todavia, esta assimetria traduziu-se num acréscimo de qualidade, na medida em que Marcuschi aprofundou os géneros textuais aplicados às práticas sociais, enquanto que Duarte desenvolveu as regras que regem a aplicação da língua. A fusão destes dois trabalhos seria fundamental, uma vez que eles complementam e podem constituir um instrumento valioso na aprendizagem dos alunos de Ciências da Linguagem.
Sem comentários:
Enviar um comentário