3.1. Unidade e Diversidade da Situação Demográfica Mundial
Neste tópico do trabalho, como já foi referido na introdução, fazer-se-á uma pequena abordagem à situação da demografia mundial, de forma a complementar o referido nos capítulos anteriores, e assim dotar o trabalho de um sequência lógica e coerente dos factos. Pretende-se uma curta explanação dos factos actuais, e integradora dos dados trabalhados até ao momento.
Ao longo dos anos a população foi crescendo lentamente, fruto não de uma baixa taxa de natalidade, mas sim de um alta taxa de mortalidade, que resultava entre muitos factores da fome (crises agrícolas), das epidemias (peste negra) e das guerras (nacionalismo). Hoje em dia o crescimento é muito mais veloz porque na generalidade dos países mundiais existem melhores condições de vida que no passado. Contudo, a demografia actual é mais complexa e grosso modo podem definir-se em torno de dois modelos demográficos: países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
Os países desenvolvidos apresentam taxas de natalidade e mortalidade baixas e esperança média de vida longa. Os países em desenvolvimento, nomeadamente países africanos e da América Central, Paquistão, Índia, Bangladesh e Afeganistão, possuem taxas de natalidade altas, taxas de mortalidade altas (médias em alguns casos), a mortalidade infantil é muito alta e a esperança média de vida é baixa. O último relatório das Nações Unidas, de 2010, intitulado de World Population Prospects: The 2008 Revision, confirma esta dualidade na demografia mundial. Aliás, é uma questão que os últimos relatórios já referiam.
Também o Centro Regional de Informação das Nações Unidas [nota 14] reporta estas tendências e resume que o padrão actual, para além das diferenças entre países com realidades económicas distintas, assume uma verdade: o envelhecimento actual não tem comparação com nenhum momento da história da humanidade, é um paradigma novo e pode ser nefasto, afecta muitos países e provavelmente afectará a totalidade dos países num futuro próximo, com um forte impacto no desenvolvimento económico, no mercado de trabalho e nas relações laborais, nos investimentos, nas contribuições fiscais e sustentabilidade dos sistemas sociais vigentes.
Este relatório projecta para 2045, para os países em desenvolvimento, o que já em 1998 se verificou nos países desenvolvidos, quando o número de pessoas com mais de 60 anos excedeu o número de pessoas com menos de 15 anos (crianças).
Segundo a Divisão da População do U.S. Census Bureau, o Mundo tem neste momento 6.830.586.985 habitantes [nota 15] e a média das idades é de 28 anos, conforme documentado na tabela n.º 6. A população está dividida, metade acima deste valor e outra metade abaixo deste valor, e segundo o relatório da ONU, em 2050 a idade média chegará aos 38 anos.
Tabela n.º 6 – População Mundial por Idade e Sexo (2010)
Fonte estatística: Divisão da População do U.S. Census Bureau [nota 16]
Segundo ONU (2010), relatório já citado anteriormente, intitulado World Population Prospects: The 2008 Revision, a nível mundial existem actualmente, em termos médios, cerca de 9 pessoas em idade activa para cada pessoa reformada, e em 2050 as projecções indicam que serão 4 pessoas em idade activa, a trabalhar, por cada pessoa reformada, o que entre outras consequências pode determinar o colapso do sistema de pensões e o declínio gradual do valor das pensões aferidas pelos pensionistas.
Segundo o U.S. Census Bureau, fonte dos gráficos n.os 10, 11, e 12, verifica-se que população mundial aumentou de três mil milhões em 1959 para 6 biliões em 1999, o que significa que foi necessário 40 anos para que a população duplicasse.
De acordo com o gráfico n.º 10, e à semelhança do que se verificou tanto para Portugal como para a Europa, o ano de 2040 marca o declínio do crescimento da população mundial. Verifica-se que a recta da população começa a decrescer de forma suave tal como foi a sua subida nos anos que antecedem 2040, que foi suave. Não obstante, a projecção do gráfico n.º 10, demonstra que a população mundial deverá crescer de 6 bilhões em 1999 para 9 bilhões até 2045, um aumento de 50 por cento que vai necessitar de 46 anos para se efectivar.
Gráfico n.º 10 – População Mundial: 1950-2050
Fonte: http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldgrgraph.php, acedido em 29MAI10.
De acordo com o gráfico n.º 11, a taxa de crescimento da população mundial passou de aproximadamente 1,5 % ao ano em 1950-51, para um pico de mais de 2% no início da década de 1960, devido à redução da mortalidade. Entre 1958 e 1961 verificou-se um decréscimo significativo na taxa de crescimento, em parte justificado pela actuação da china na redução da Natalidade.
O pico que se verificou na taxa de crescimento no início da década de 1960 caiu ainda no decorrer dessa década, de forma declivosa mas constante até a actualidade, e prevê-se que continue a escalada descendente até 2050, justificável pela entrada da mulher em massa no mercado de trabalho (o que já antes tinha acontecido por ocasião das guerras mundiais porque os homens tinham que ir para o campo de combate), ao aumento da idade do casamento, melhores condições de vida, utilização de métodos contraceptivos, maior informação e divulgação, planeamento familiar, condições económicas adversas que limitam a constituição de famílias numerosas, e políticas anti-natalistas seguidas em alguns países, nomeadamente na China, que segundo o U.S. Census Bureau, quando se aplicaram essas medidas, apelidadas de genocídas, “ (…) both natural disasters and decreased agricultural output in the wake of massive social reorganization caused China's death rate to rise sharply and its fertility rate to fall by almost half” http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldgrgraph.php, em 29MAI10.
Gráfico n.º 11 – Taxas de Crescimento da População Mundial: 1950-2050
Fonte: http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldgrgraph.php, acedido em 29MAI10.
De acordo com o gráfico n.º 12, que considera as alterações anuais na população total e que nos oferece outra perspectiva de observar a evolução da população mundial, o maior pico de aumento anual da população mundial foi no final da década de 1980, com cerca de 88 milhões de pessoas.
Verificamos no gráfico anterior que a década de 1960 tinha registado um pico na taxa de crescimento mundial de cerca de 2%, o que no mínimo torna a informação ambígua. Contudo, não é um erro de cálculo. Acontece que a década de 1980 registou um maior crescimento populacional porque a população mundial era maior em 1980 do que o foi em 1960.
Para terminar este ponto do trabalho introduzi o mapa n.º 3 de forma ter uma visão holística da distribuição populacional e das suas desigualdades. Apesar de não ser um mapa que representa a população no ano de 2010, é um mapa actual, de 2007. Os padrões têm sido constantes, e as áreas densamente povoadas continuam a ser a China, Índia, Europa, União das Nações Sul Africanas, Estados Unidos, Mercosul e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, entre outros. Para além dos flagelos ambientais que o superpovoamento acarreta, verifica-se que é nestes locais onde mais desrespeitados são os Direitos Humanos, bem como a condição de Vida Digna.
Gráfico n.º 12 – Mudança anual da população mundial: 1950-2050
Fonte: http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldpopchggraph.php, acedido em 29MAI10.
Mapa n.º 3 – Distribuição da População Mundial
Fonte: http://www.ec-gide-magny-les-hameaux.ac-versailles.fr/oscar/public/Desktop50.jpg, em 22MAI10.
NOTAS:
[14] Consultado em http://www.unric.org/pt/envelhecimento/9486, acedido em 01JUN10.
[15] Disponível em http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldpopinfo.php, acedido em 28MAI10.
Este site é oficial, credível e fidedigno, mas sugere outros dois locais: o National PopClock e o World POPClock. Consultados os dois sites recomendados U.S. Census Bureau verificou-se que os dados sofrem oscilações, mas que essas não são significativas, diga-mos, são redundantes.
[16] Idem.
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