08/03/10

DEMOGRAFIA: Situação Demográfica Contemporânea - Portugal, Europa e Mundo -



A demografia é o “conhecimento matemático das populações, dos seus movimentos gerais, do seu estado físico, social, intelectual e moral”
(Guillard, 1855:xxvi).





























Hà semelhança de outros trabalhos, também este está fragmentado por entradas no blog distintas mas sequênciais.


Índice Geral


Introdução

1. Demografia Portuguesa

    1.1. Situação Demográfica em Portugal

    1.2. Antes: Tendências Registadas entre 1837 a 2001

    1.3. Depois: Análise das Projecções dos Anos 2005 a 2050

2. Demografia Europeia   2.1. Evolução da Demografia Europeia

   2.2. Caracterização Actual da Demografia Europeia

3. Demografia Mundial   3.1. Unidade e Diversidade da Situação Demográfica Mundial

4. Conclusão

Referências Bibliográficas

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Índice de Tabelas, Gráficos e Mapas


TABELAS

Tabela n.º 1 - Projecções da Evolução Comparada das Quatros Regiões Principais

Tabela n.º 2 - Projecções da Evolução Comparada das Quatro Regiões Principais (%)

Tabela n.º 3 - Projecções Projecção da Evolução Comparada no Norte-Sul e Litoral-Interior

Tabela n.º 4 - Projecção da Evolução Pop. EU-27

Tabela n.º 5 – Evolução da População de 1960 a 2007 e Projecções de Evolução entre 2010 a 2060

Tabela n.º 6 – População Mundial por Idade e Sexo (2010)


GRÁFICOS

Gráfico n.º 1 – Evolução da População Residente em Portugal

Gráfico n.º 2 – Projecções da População Residente Portuguesa por Grupos Etários

Gráfico n.º 3 – Índices de Envelhecimento e de Dependência Total (projecção entre 2005-2050)

Gráfico n.º 4 - Evolução Comparada das 4 Regiões Principais

Gráfico n.º 5 - Evolução Comparada no Norte-Sul e Litoral-Interior

Gráfico n.º 6 - Projecção da Evolução Comparada das 4 Regiões principais

Gráfico n.º 7 – projecção da Evolução Comparada Norte-Sul e Litoral-Interior

Gráfico n.º 8 – População por Classe Etária, EU-27

Gráfico n.º 9 - Pirâmide das classes etárias, EU-27, 2007 (% da população total)

Gráfico n.º 10 – População Mundial: 1950-2050

Gráfico n.º 11 – Taxas de Crescimento da População Mundial: 1950-2050

Gráfico n.º 12 – Mudança anual da população mundial: 1950-2050


MAPAS

Mapa n.º 1 – Densidade Populacional e Concentração Urbana em Portugal Continental e Territórios Insulares

Mapa n.º 2 – População Europeia (JAN/09)

Mapa n.º 3 – Distribuição da População Mundial



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Introdução (demografia)

No âmbito da cadeira Demografia e Migrações Internacionais foi solicitado pelo docente a realização de um trabalho sobre a demografia, em vários níveis: portuguesa, europeia e internacional. As partes que constituem o trabalho foram estruturadas em função desta hierarquização. Assim, a primeira parte é relativa à demografia portuguesa, caracteriza-se por um maior peso no corpo do trabalho e foi trabalhada de forma intensiva. A opção por realçar a demografia portuguesa deve-se ao maior interesse do discente nesta área, na medida em que permite compreender os fenómenos sociais actuais e a realidade vivida em Portugal, através de números.

A segunda parte incide na evolução temporal da demografia europeia, e traça o seu panorama actual, de forma sintética, com recuso ao último relatório publicado pelo Eurostat. A terceira e última parte vai fazer uma análise conclusiva da demografia mundial, de forma a permitir uma leitura equilibrada do trabalho, visto que vai permitir estabelecer ligação, que diga-se, do local (Portugal) ao global (mundo). O ensaio termina com uma curta mas “sumarenta” reflexão conclusiva, seguida da bibliografia utilizada para a sua realização.

Procurou-se fazer um trabalho transversal: começou-se com a recolha de dados, seguiu-se os cálculos necessários para responder às questões de partida, e por fim faz-se uma análise conclusiva da informação estatística.

Para introduzir maior evidência e permitir uma melhor leitura (mais fácil) dos dados estatísticos, recorreu-se a gráficos e imagens ilustrativas. Sempre que possível, foram utilizados dados provenientes de organizações credíveis e através destes procedeu-se à elaboração de gráficos.

Os gráficos, mapas ou imagens, são sempre precedidos de uma explicação, mais ou menos extensiva, que clarifica a informação que neles está contida. Procurou-se fazer referência sempre que possível a eruditos de relevo no mundo da demografia, principalmente a demógrafos portugueses, de que é exemplo Nazareth. Toda a informação proveniente da internet, que foi citada através de uma ideia ou de uma transcrição textual, está referenciada em nota de rodapé. A informação de proveniência bibliográfica, citada no corpo do texto, está referenciada no final deste ensaio.

O tema do presente trabalho é muito actual e a comunicação social faz-lhe referências com elevada frequência através de paralelismos com a sustentabilidade do Estado Social. O discente aprecia e faz leituras com regularidade sobre esta matéria. Assim, a redacção do trabalho fluiu normalmente visto que não existia um sentimento de imposição do tema, mas sim de gosto pela matéria e de proveito pelo reforço do conhecimento já existente.

A realização do trabalho interiorizou no discente a necessidade de continuar a fazer leituras regulares sobre o tema e permitiu-lhe compreender que ainda desconhece muito desta ciência, das suas relações e influências.
O termo demografia foi adoptado por Achille Guillard para classificar a ciência que trabalhava os movimentos, condições e evolução da população, numa obra publicada em 1855, que se intitula: Eléments de statistique humaine ou démographie comparée.

Em jeito de definição do tema, cito o grande demógrafo Joaquim Nazareth (1993:884), para quem a demografia é “ (…) uma ciência social de raiz biológica: os dois grandes fenómenos demográficos — a natalidade e a mortalidade — são antes de mais manifestações sócio-culturais de processos biológicos, ou seja, «naturalmente», a demografia estuda fenómenos que, sendo biológicos na origem, sofrem profundas modificações quando inseridos na sociedade. Por outro lado, em sentido restrito, a demografia procura compreender como é que o estado da população se modifica através de dois tipos de movimentos (o natural e o migratório), mas, numa perspectiva mais abrangente, preocupa-se com as causas e as consequências da evolução estrutural, da ocupação do espaço e dos movimentos da população”.

É com esta breve introdução ao conceito de demografia que vamos iniciar este ensaio.

1. Demografia Portuguesa

1.1. Situação Demográfica em Portugal

Em entrevista à Lusa, o Sr. Professor Doutor José Reis, Director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, afirmou que “Portugal vai ser uma população de vários países” [nota 2]. De facto, a população portuguesa já se configura num colorido de vários elementos: étnicos, sociais, culturais, corporativistas e económicos, resultado do crescente dos movimentos migratórios.

Portugal, que já foi um país de emigração, recebe agora imigrantes de todo o mundo, através de fluxos diversificados. Não obstante, mantém a tendência de ser um país de forte emigração, maioritariamente temporária. (Carrilho & Patrício, 2007).

Segundo Carrilho & Patrício (2007:139), “Portugal tornou-se recentemente um país de imigração, tendo países de origem e fluxos diversificados, mas permanece um país de emigração, sobretudo de natureza temporária”.

Num plano como o actual, caracterizado por uma reduzida taxa de natalidade, com predomínio médio de um filho por casal, fruto das adversas condições socioeconómicas, reveste-se da maior importância os filhos dos imigrantes no peso no número anual de nascimentos. Assim, a população estrangeira tem um papel fundamental no traçado da pirâmide de idades do país e na repartição por sexo; uma estrutura etária quase sempre mais jovem, em idades activas, diminuindo o envelhecimento da população portuguesa.

Ao nível da fecundidade, a maternidade é frequentemente pensada depois dos trinta anos, com excepção da maternidade nos adolescentes, que se mantém elevada apesar de ter uma ligeira descida percentual.

Não sendo o objectivo a exaustão do tema, faz-se a seguir uma síntese dos últimos cinquenta anos da demografia portuguesa, em termos quantitativos, com fundamento no gráfico n.º 1, que representa valores reais e não estimativas; dados provenientes do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Na década de 1960 verificou-se uma diminuição populacional de 2,5%, devido a elevados saldos migratórios negativos. Na década de 70 verificou-se um aumento populacional de 13,5%, que se dividiu por dois períodos: até 1973, devido à emigração a população diminui; de 1974-76, em prol da descolonização (retornados), a população cresceu de forma brusca.

A década de 80 regista uma estabilização, ainda que tenda para o lado positivo (+0,4%), que em parte se deve à redução continuada da fecundidade e a saldos migratórios negativos. Os anos 90 trazem consigo um crescimento populacional moderado, de 5%, devido a saldos migratórios positivos. Entre 1996 e 2001 entraram em Portugal cerca de 245 mil imigrantes.


Gráfico n.º 1 – Evolução da População Residente em Portugal



Ao nível dos contrastes regionais, desde 1960 que a tendência de evolução tem sido marcada pela continua diminuição da população no Alentejo, no Interior Norte e Centro, mas também no Norte litoral (Viana do Castelo/Minho lima), no Vale do Tejo (Santarém/Médio Tejo) e nos Açores e Madeira. Em contrapartida, os maiores carecimentos verificaram-se na região de Lisboa (em especial 1960-81), Grande Porto, Península de Setúbal e no Algarve (em particular 1981-2001). Os fortes movimentos migratórios contribuíram para o envelhecimento da população e condicionaram a evolução demográfica nas décadas seguintes.

Em relação às Regiões Autónomas (Madeira e Açores), a evolução populacional foi diferenciada. Os Açores perderam habitantes no período de 1960 a 1991, recuperando ligeiramente nos anos 90 (+1,7%). Na Madeira, embora a diminuição tenha sido menos acentuada mesmo por um ligeiro acréscimo na década de 70, a região perdeu habitantes (-3%) entre 1991 e 2001.

Os indicadores de comportamentos demográficos revelam uma rápida aproximação às médias europeias nas últimas quatro décadas: a fecundidade baixou para metade. ISF=3,1 (1960) 1,5 em (2001); a taxa de mortalidade manteve-se a níveis semelhantes (10%0), mas a mortalidade infantil registou um notável decréscimo (de quase 80 para 4 mil).

A alteração de valores, de paradigma, em parte deve-se à modificação do modelo económico e social, através do crescente e agressivo processo de urbanização e do aumento da taxa de actividade feminina.

Abordando agora, de forma resumida, o envelhecimento e o inerente processo de dependência dos mais idosos, conclui-se de acordo com o gráfico n.º 2 e com o gráfico n.º 3, que a população portuguesa está a envelhecer de forma acentuada e a ficar mais dependente de um número cada vez menor de activos.


Gráfico n.º 2 – Projecções da População Residente Portuguesa por Grupos Etários



Fonte: Justino (2009:online-slide n.º 5)




Gráfico n.º 3 – Índices de Envelhecimento e de Dependência Total (projecção entre 2005-2050)



Fonte: Justino (2009:online-slide n.º 6)


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1.2. Antes: Tendências registadas entre 1837 a 2001

De acordo com o gráfico n.º 4, que representa as tendências de evolução registadas nos anos entre 1837 e 2001 nas principais regiões como Norte Litoral, Norte Interior, Sul Litoral e Sul Interior, podemos verificar que a população portuguesa se situa mais a Norte Litoral tendo uma ligeira diminuição a partir do ano de 1864 e onde volta a recuperar a partir de 1950. Também verificamos que entre 1837 ate 1979, a região do Norte Interior era a segunda onde se concentrava mais população, mas esta situação altera-se em 1979 quando se dá uma diminuição no Norte Interior e um aumento nos valores do Sul Litoral que continua sempre em ascensão até 2001, enquanto o Norte Interior continua sempre a diminuir até ao mesmo ano. A região do Sul Interior mantem-se ao longo dos anos entre os baixos valores, aproximadamente 5.9%, mas a partir 1960 é registado uma diminuição ate 2001.



Gráfico n.º 4 - Evolução Comparada das 4 Regiões Principais



Fonte: Justino (2009:online-slide n.º 10)


O gráfico n.º 4 indica que sempre existiu disparidade entre o Norte Litoral, principalmente, Norte Interior e Sul Litoral em relação ao Sul Interior. Não obstante, desde 1878 a disparidade entre Norte Interior e Sul Interior, tende a diminuir, ainda que lentamente, tendo em 2001 apresentado valores muito próximos. É notória a disparidade entre o Norte Interior, em relação ao Norte Litoral e ao Sul Litoral.

Na mesma linha, verifica-se um distanciamento entre o Norte Litoral e o Sul Litoral, visto que em 1837 o Norte Litoral apresentava-se quase nos 40% e o Sul Litoral nos 25%, mas desde 1789, com a subida do Sul Litoral, os valores destas duas regiões aproximaram-se chegando mesmo a ficarem muito próximos em 1945 e em 1960 os valores do Sul Litoral ultrapassam os do Norte Litoral onde se mantêm próximos até 2001. Esta situação pode ser derivado ao aparecimento do sector terciário, o que atraiu muitas pessoas pois oferecia muitos postos de trabalho fazendo com que a população deixasse as zonas industriais.

No gráfico n.º 5, que representa a evolução registada entre 1837 e 2001 no Norte-Sul e Litoral-Interior, observa-se no ano de 1837, uma tendência que podemos considerar como uma proximidade entre o norte e litoral, visto que registam valores muito aproximados entre os 65% e 68%. Isto deve-se à Revolução Industrial, pois esta originou mais postos de trabalho nas áreas do litoral e norte. Porém, vemos que a partir de 1879, esta situação altera-se pois o litoral sobe atingindo aproximadamente os 85% em 2001; enquanto que acontece o contrário com o norte, este diminui chegando aos 52% em 2001. Esta alteração sucede-se ao facto de as indústrias se localizarem nas zonas litorais o que desenvolveu essas áreas e os seus arredores. E à emigração que aconteceu no norte, muitos dos habitantes do norte do país emigraram à procura de melhores condições de vida.

Relativamente ao interior e ao sul, também verificamos que estes estão próximos onde o Sul se encontra nos 33% e o Interior nos 36%. Precisamente na mesma data enunciada acima, 1879, esta situação também se altera, o Sul regista uma subida pelos restantes anos até 2001 onde atinge os 58% ficando muito próximo do norte. Esta subida deve-se ao aparecimento do sector terciário como o turismo e os serviços. Enquanto que o interior tem uma diminuição ao longo dos anos atingindo os 15% em 2001 onde se afaste de todas as outras regiões. Esta diminuição justifica-se devido ao êxodo rural, porque a população sobrevivia da agricultura mas foi obrigada a deixar visto que já não dava para viver desta, levando a população activa e os mais jovens a deixarem o interior para irem para outras regiões de Portugal procurar meios de subsistência e melhores condições de vida.


Gráfico n.º 5 - Evolução Comparada no Norte-Sul e Litoral-Interior

Fonte: Justino (2009:online-slide n.º 11)


Para concluir de forma sintética o sub-ponto 1.2., importa referir que as características assimétricas na distribuição da população se traduzem em três grandes tendências: litoralização, especificamente na faixa litoral entre Viana do Castelo e a Península de Setúbal (extensão entre 30-50 Km de Oeste / Leste), o despovoamento, principalmente no interior Norte e Alentejo, e bipolarização, basicamente em redor das duas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, em prol das condições socioeconómicas atractivas face às restantes regiões; o que comprova no mapa n.º 1, a seguir.

Mapa n.º 1 – Densidade Populacional e Concentração Urbana em Portugal Continental e Territórios Insulares


Fonte: Justino (2009:online-slide n.º 17)



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1.3. Depois: Análise das projecções dos anos 2005 a 2050

Este ponto do trabalho consiste numa análise quantitativa, com recurso a estimativas demográficas, inspirada em alguns trabalhos elaborados por Joaquim Manuel Nazareth, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, grande demógrafo do século XX. Os valores estatísticos, ou seja, os valores das variáveis em estudo, são provenientes do INE [nota 3]. Após recolha dos dados na plataforma online do INE procedeu-se à realização de uma matriz de dados sob forma de tabela, ordenada, trabalhou-se os dados sob forma de percentagem, e com essa base elaboraram-se os gráficos para permitir uma análise mais simples e de fácil leitura.

A baliza temporal adoptada no âmbito deste ponto, teve génese num trabalho intitulado “Diagnóstico - O contributo da imigração para o crescimento da população portuguesa” [nota 4], disponível na página oficial da Presidência da República Portuguesa na internet, que em síntese faz uma análise estatística que termina no ano 2005. A opção, ainda que possa ser considerada não totalmente correcta, teve origem nessa constatação e trabalhou-se nessa base, comparando-se dados estimados desde o ano de 2005 até ao ano 2050.




O gráfico n.º 6 constitui uma projecção da evolução da população residente em Portugal Continental entre 2005 e 2050. Neste podemos constatar que existe um grande distanciamento entre as regiões do Norte Litoral e Sul Litoral em relação às regiões de Norte Interior e Sul Interior, na medida em que as regiões do Litoral estão entre os 40% e 45% e as regiões do Interior estão entre 0.5% e os 10%.

Verificamos que para qualquer uma das regiões os valores se vão mantendo ao longo dos anos, sofrendo apenas ligeiras oscilações. O Sul Litoral e o Norte Litoral encontram-se com valores aproximados entre os 40% e os 45%, mas perspectiva-se a partir de 2030 uma ligeira subida do Sul Litoral, e uma estagnação na ordem dos 40% do Norte Litoral: o que é compreensível. Apesar do sector terciário continuar a crescer, emprega principalmente nas grandes áreas urbanas, e a mancha industrial localizada a norte de Portugal encontra-se a atravessar uma crise com antecedentes de longa data, sem qualquer perspectiva num futuro próximo de melhorias significativas. O resultado é: emigração para outros países, ou para regiões mais urbanizadas em Portugal, como a área metropolitana de Lisboa e a Costa Litoral Sul.



Quanto às regiões, Norte Interior e Sul Interior, estas também se encontram aproximadas, estando a primeira nos 11% e a segunda nos 0.5%. Ao longo dos anos até 2050, verifica-se uma lenta diminuição em ambas as regiões. Esta situação deve-se ao facto das pessoas continuarem a migrar tanto dentro do país como para fora deste. Vão à procura de melhores condições de vida, inconformados com o desinvestimento no interior de Portugal, que não oferece perspectivas sustentáveis de trabalho a curto e longo prazo.

No Norte Interior e no Sul Interior começam a formar-se “ilhas demográficas”, ou seja, manchas com densidades superiores à média global da região onde estão inseridas, como a Cidade de Viseu, que se apresenta como atractiva, reconhecida no ano de 2008 pela DECO (defesa do consumidor) como a cidade do interior com melhor nível de vida, englobando factores como empregabilidade, sustentabilidade, ambiente, educação, saúde, acesso a bens e serviços públicos, etc.,. Parece evidente que o factor de repulsa pelo interior e a inerente saída de pessoas, resulta da ausência de investimento e da falta de políticas públicas no sentido de tornar mais atractivas as áreas isolados, de forma a captar a atenção dos mais jovens, podendo e devendo criar postos de trabalho em sectores característicos da própria região, de forma harmoniosa e sustentável, sem agredir o meio. Como consequência, verifica-se um grande envelhecimento populacional, generalizado, mas com mais incidência nas áreas isoladas do interior de Portugal. Os mais jovens que lá nascem decidem emigrar para procurar aquilo que não encontrem na terra natal. Estas regiões também não sofrem uma regeneração, na medida em que é uma população envelhecida, onde a taxa de natalidade é inferior à taxa de mortalidade.

A tabela n.º 3, que dá origem ao gráfico n.º 7, verifica-se a projecção da evolução comparada entre o Norte-Sul e o Litoral-Interior. Os dados são muito expressivos. Existem duas regiões polarizadoras: o Litoral que está acima dos 80% e o interior que se encontra abaixo dos 20%. As outras duas regiões de certa forma equilibram-se.

Os dados indicam que as regiões Norte e Sul estão em equilíbrio natural, muito próximas uma da outra, e chegam mesmo a encontrar-se em 2040, nos 50%, mantendo-se assim até 2050. Isto acontece porque a população divide-se entre estas duas áreas embora a maioria da população se concentre a Litoral. Uma parte da população localiza-se a Norte devido às indústrias que oferecem mais postos de trabalho e melhores condições de vida e outra parte da população localiza-se a sul devido à terciarização da região, pois foi a sul do país que o sector terciário como o turismo se desenvolveu inicialmente e ainda continua a viver desse.







Ao longo dos anos até 2050, o Litoral apresenta uma ligeira subida aproximando-se dos 90%. Esta litoralização deve-se ao facto de as duas principais cidades se situarem no litoral, de se constituírem como áreas atractivas, pela maior oferta de emprego e serviços públicos, e por melhores condições de vida. Também é na região do Litoral que se encontra uma melhor rede de transportes que liga toda a zona e ainda todo o país, e uma maior variedade de transportes públicos, como comboios e autocarros.

Nos grandes centros urbanos, as taxas de nascimento e de óbito, podem não ser muito distantes; são nestes que se verificam mais nascimentos, é onde residem os habitantes mais jovens, mas também é aqui que se registam mais óbitos que não por morte natural, tais como os acidentes de viação e as doenças que ligadas ao modo de vida citadino (hipertensão, problemas cardiovasculares, entre outras). Outra razão para a região do litoral ter um grande número de população residente é a imigração; os imigrantes vêm para Portugal principalmente para as principais cidades e os seus arredores.

Em contrapartida, no outro pólo do gráfico está o Interior, por oposição a todas estas razões mencionadas anteriormente. Constata-se que não existem tantos nascimentos como no litoral, são regiões onde se verificam mais óbitos, onde a idade dos habitantes é mais avançada.

As regiões do interior do país parecem esquecidas, são alvo de reduzido desenvolvimento e tornam-se repulsivas para a população. Estas regiões não proporcionam um futuro para os mais jovens, o emprego escasseia (principalmente o mais qualificado), as condições de vida são precárias, as instituições públicas são muitas vezes insuficientes (hospitais, lares de idosos, creches e ensino superior) e outras vezes existem em número razoável mas estão pouco apetrechadas e não conseguem dar assistência a toda a população (carência de médicos e enfermeiros nos centros de saúde). A saída dos jovens para as Universidade localizadas nos grandes centros urbanos constitui uma arma contra o interior, já que na maioria das vezes após terminado o curso não voltam para a sua terra natal, decidindo ficar nas cidades ou na periferia destas, em função da proximidade do mercado de trabalho mais amplo.


NOTAS:

[1] Salvo indicação em contrário, este ponto do trabalho tem fundamento no trabalho do Sr. Professor Doutor David Justino, professor associado do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Está referenciado na bibliografia como Justino (2009).

[2] Disponível em http://aeiou.expresso.pt/demografia-portugal-vai-ser-uma-populacao-de-varios-paises-afirma-investigador-de-coimbra=f570717, acedido em 04MAI10.

[3] Informação estatística recolhida em http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main, em 04MAI10.

[4] Disponível em http://www.presidencia.pt/?idc=24&idi=1742, acedido em 06MAI10.


2. Demografia Europeia

2.1. Evolução da Demografia Europeia

Ao longo do século XIX a Europa apresentou comportamentos demográficos diferenciados e ritmos de crescimento muito irregulares entre as suas regiões. Contudo, podem apontar-se dois momentos distintos na demografia europeia, separados pelo ano de 1840 (data de referência).

Até 1840 quase todo o continente europeu continuava a apresentar características demográficas semelhantes às do século XVIII: natalidade e mortalidade elevadas (aproximadamente de 40%0 e 30%, respectivamente); esperança de vida curta (entre os 30 e os 40 anos); populações jovens; e comportamentos demográficos em estreita dependência das crises de subsistência e dos cataclismos naturais (a grave epidemia de cólera dos anos de 1829-37 ainda causou sequelas idênticas às das fatídicas crises do Antigo Regime). (Neves, 2001).

Após 1840 é possível detectar alterações significativas ao modelo demográfico descrito. Inicialmente nos países de maior desenvolvimento económico e cultural, como a Inglaterra, a Holanda e a Bélgica, seguidas de perto pela França, principalmente a Norte, e pela Alemanha, na Renânia do Norte, o que nos permite estabelecer relações de causa e efeito entre estes dois fenómenos do século XIX: a explosão demográfica e a crescente industrialização.

Numa primeira fase registou-se um alto índice de crescimento populacional, causado pelo recuo da mortalidade, enquanto a fecundidade e a natalidade permaneciam elevadas. Este recuo era já significativo em 1840 para as regiões mais favorecidas, mas só se generalizou ao conjunto do continente europeu depois de 1890. Em 1900, a taxa de mortalidade da população europeia era de 18%o, o que significava um decréscimo de cerca de 30% em relação à taxa de 1800.

A diminuição da mortalidade é explicada, essencialmente, pela melhoria geral das condições de vida, devido ao desenvolvimento económico produzido pela Revolução Industrial, materializado através da produção agrícola, da revolução dos transportes e do alargamento dos mercados nacionais e internacionais. Esse desenvolvimento trouxe consigo a abastança financeira e de bens de consumo, o que permitiu pôr fim às crises de subsistência do Antigo Regime. Com efeito, as fomes de tipo tradicional desapareceram da Europa após 1860; melhoria das dietas alimentares, o que fortaleceu o organismo humano permitindo-lhe reagir com maior sucesso às doenças e às epidemias, ainda frequentes; desenvolvimento científico e técnico então vivido, que permitiu o avanço da medicina, com notáveis progressos na química biológica, na microbiologia, na bacteriologia, na farmacologia, na assepsia, na anestesia e na parasitologia. A utilização das análises laboratoriais facilitou o diagnóstico clínico; a prática da anestesia e o melhor apetrechamento dos hospitais desenvolveu a medicina operatória; o aparecimento das vacinas (contra a varíola, o carbúnculo, a raiva, o tétano, o tifo e a difteria) permitiu um combate mais eficaz às doenças endémicas altamente mortais; a prática da assepsia salvou inúmeras vidas, principalmente em obstetrícia e em pediatria reduzindo substancialmente as taxas de mortalidade infantil e juvenil; melhor apetrechamento social dos Estados que, gradualmente, foram assumindo responsabilidades para com a saúde pública e a assistência social, construindo mais escolas, asilos e hospitais; promulgando leis de protecção sanitária para as fábricas; lançando o saneamento público; melhores condições de trabalho, de habitação, de vestuário; progressos na higiene individual e colectiva.

Numa segunda etapa, o facto mais significativo do novo comportamento demográfico do século XIX, na Europa e nalgumas das regiões abrangidos pela sua diáspora, foi a redução da taxa de natalidade cujos índices baixaram de cerca de 40%o, em 1800, para perto de 20%0 na primeira década do século XX. Contudo, a redução da natalidade foi uma tendência de implantação progressiva: atingiu primeiro os países mais industrializados (Inglaterra, Alemanha, Suécia, Dinamarca e, muito especialmente, a França e os meios burgueses e urbanos; na última década do século XIX, tornou-se visível nos países menos desenvolvidos localizados no Sul do Mediterrâneo e no Império Russo; no final do século transpôs nos meios operários; e só no século XX se começou a verificar entre os camponeses.

A diminuição da taxa de natalidade deve-se ao decréscimo da mortalidade infantil e juvenil e, consequentemente, o aumento da esperança de vida para os recém-nascidos; ao enfraquecimento das políticas de natalidade por parte dos Estados, dos laços familiares alargados, e do isolamento da família nuclear [nota 5]; à crescente industrialização, fruto da substituição do artesanato tradicional pela fábrica e pela introdução maciça das mulheres no mercado de trabalho [nota 6]; e por fim, a tomada de consciência de que era necessário o planeamento familiar, a designada “reprodução responsável”, levando os pais a pensar mais no futuro dos filhos, investindo mais na sua educação e formação pessoal e profissional.

Apesar de todos os argumentos enumerados, não deixa de ser verdade que o superpovoamento nos meios industrializados trouxe problemas sociais, e que os governos adoptaram medidas malthusianas, o que facilitou a redução populacional. A título de exemplo, em França, entre 1830 e 1860, os governos liberais incentivaram a redução da fecundidade dos casais [nota 7], e na Inglaterra, depois de 1820, distribuíram-se desdobráveis aterrorizadores que relacionavam directamente a fecundidade à miséria, e eruditos como John Stuart Mill (economista) culpavam as famílias numerosas que eram pobres do seu próprio infortúnio [nota 8].

Por fim, um último factor que facilitou a redução da fecundidade foi o avanço do pensamento laico na Europa, já que a Igreja tinha uma política de expansão demográfica, comprovável pelo facto de os países com maior “fanatismo religioso” permanecessem com altas taxas de natalidade até ao século XX.



2.2. Caracterização Actual da Demografia Europeia [nota 9]

Há semelhança do que se verifica no resto do mundo, a Europa apresenta um declínio da taxa de natalidade. Em muitos Estados-membros esta taxa é inferior a 2.1 filhos por casal, o que dificulta a renovação das gerações no futuro. Para o demógrafo Philip Longman [nota 10] esta situação representa o factor mais poderoso que afecta a sustentabilidade das nações e o futuro da sociedade no século XXI, e pode constituir uma crise semelhante à falta de água ou o esgotamento do petróleo.

No último relatório do Eurostat (2009) verifica-se que o ritmo de crescimento da população foi mais forte na década de 60 do século XX do que o é actualmente (os últimos dados do relatório referem-se a 2007), tendo passado de 402,6 milhões para de 495,1 milhões de pessoas, respectivamente. (Eurostat, 2009:137).

De acordo com o mesmo relatório, na década de 1960 a população europeia cresceu a um ritmo superior a 3 milhões de pessoas por ano, e em 1963, ano em que houve um pico na natalidade, verificaram-se 4,2 milhões de pessoas nascidas. Porém, nas décadas seguintes, de 1970 e 1980, o crescimento populacional baixou para uma média de 1,25 milhões de pessoas ao ano (aproximadamente). No futuro perspectiva-se que a taxa de natalidade ronde esses valores, apesar de ter existido entre 2003 e 2007 uma ligeira melhoria, durante a qual a população cresceu cerca de 2 milhões de habitantes por ano.
A distribuição populacional na UE-27 (União Europeia) é pouco uniforme. A Alemanha é o país mais populoso, com 82,3 milhões de habitantes, e o Liechtenstein é o país menos populoso, aparecendo mesmo a zeros nas estatísticas da UE.

A principal característica da Alemanha, tal como da generalidade dos países europeus, é o aumento do percentual de idosos em relação ao de jovens, um fenómeno causado pelo aumento da expectativa de vida e pelo baixo índice de natalidade, que levou a população alemã a diminuir nos últimos anos: passou de 82,5 milhões, em 2004, para 82,2 milhões, em 2007, e estima-se que continue a diminuir para 77,8 milhões, em 2040, e para 70,8 milhões, em 2060, conforme documentado no mapa n.º 2 e na tabela n.º 4, a seguir.





De facto, este elevado percentual de idosos é visível no gráfico n.º 8, que representa a população por classes etárias em toda a UE; ou seja, o problema da velhice dos cidadãos europeus é transversal a todos os Estados-membros (gráfico n.º 9).






Analisando o rácio de dependência dos jovens, verificamos que diminuiu entre 1960 e 2005, de 41,4% para 23,3%. Porém, sentido oposto teve o rácio de dependência de idosos, entre 1960 e 2005, que registou o maior aumento do mundo, passando de 13,7% para 23,3%, o que representa um valor absoluto, de dependência, quase três vezes superior ao segundo continente do Ranking, a Oceânia, que registou aumentos de 12,2% para 15,5%, nos mesmos períodos.

Segundo o Eurostat (2009:137), ao nível das projecções demográficas, em toda a EU-27 o crescimento vai ser lento até 2040, altura em que se começa a verificar perda ligeira de população por parte da generalidade dos Estados-membros. Quase todos os países vão perder população, à exclusão de alguns países, como Luxemburgo, Chipre, Irlanda, Dinamarca e Bélgica, que vão de forma sublime ganhar população. Do ponto de vista populacional vão ser os países mais pequenos a aumentar, ainda que de forma suave, a sua população no ano de 2060, à exclusão da Inglaterra que se prevê aumentar significativamente a sua população, passando de 62 milhões, em 2010, para 72 milhões em 2040, e para 76,7 milhões em 2060, altura que se prevê tornar o país com mais população, muito superior à Alemanha, a actual campeã em demografia na Europa, mas que em 2060 não deverá ir além dos 70,8 milhões de pessoas, conforme tabela n.º 5, a seguir. De salientar que Portugal à luz desta estatística, deverá manter-se constante, com pequenas oscilações, e deverá ter em 2060, cerca de 11,3 milhões de pessoas (tabela n.º 5).





NOTAS:

[5] Sem o suporte e a segurança da estrutura familiar, a nupcialidade diminuiu ou tornou-se mais tardia e os jovens casais não se arriscavam, tão facilmente, a uma fecundidade elevada.

[6] Levou ao afastamento das mulheres/mães dos lares, impedindo-as de tomar conta dos filhos pequenos. Levou ao aumento das despesas devido ao pagamento às amas (nos meios burgueses, o celibato feminino cresceu entre as mulheres profissionais liberais).

[7] Entre vários exemplos, Dunoyer, em 1833, determinou a supressão da assistência social aos casais necessitados com mais do que um filho.

[8] Estas acções deram origem à Liga Malthusiana (1870), a qual exerceu um importante papel no combate à fecundidade, influenciando principalmente a classe operária.

[9] Este ponto do trabalho, salvo referência em contrário, foi elaborado com informação proveniente do Eurostat, conforme foi informado na introdução do trabalho. (Eurostat, 2009).

[10] Autor da obra, The Empty Cradle: How Falling Birthrates Threaten World Prosperity and What To Do About It.

[11] France métropolitaine, à l'exclusion des quatre départements d'outre-mer >(Guyane française, Guadeloupe, Martinique et Réunion. (Eurostat, 2009:137).

[12] Disponível em http://www.indexmundi.com/map/?v=21&r=eu&l=en, acedido em 02MAI10.

[13] Segundo o relatório do Eurostat, o ano 1998 não contabilizado.

3. Demografia Mundial

3.1. Unidade e Diversidade da Situação Demográfica Mundial

Neste tópico do trabalho, como já foi referido na introdução, fazer-se-á uma pequena abordagem à situação da demografia mundial, de forma a complementar o referido nos capítulos anteriores, e assim dotar o trabalho de um sequência lógica e coerente dos factos. Pretende-se uma curta explanação dos factos actuais, e integradora dos dados trabalhados até ao momento.

Ao longo dos anos a população foi crescendo lentamente, fruto não de uma baixa taxa de natalidade, mas sim de um alta taxa de mortalidade, que resultava entre muitos factores da fome (crises agrícolas), das epidemias (peste negra) e das guerras (nacionalismo). Hoje em dia o crescimento é muito mais veloz porque na generalidade dos países mundiais existem melhores condições de vida que no passado. Contudo, a demografia actual é mais complexa e grosso modo podem definir-se em torno de dois modelos demográficos: países desenvolvidos e países em desenvolvimento.

Os países desenvolvidos apresentam taxas de natalidade e mortalidade baixas e esperança média de vida longa. Os países em desenvolvimento, nomeadamente países africanos e da América Central, Paquistão, Índia, Bangladesh e Afeganistão, possuem taxas de natalidade altas, taxas de mortalidade altas (médias em alguns casos), a mortalidade infantil é muito alta e a esperança média de vida é baixa. O último relatório das Nações Unidas, de 2010, intitulado de World Population Prospects: The 2008 Revision, confirma esta dualidade na demografia mundial. Aliás, é uma questão que os últimos relatórios já referiam.

Também o Centro Regional de Informação das Nações Unidas [nota 14] reporta estas tendências e resume que o padrão actual, para além das diferenças entre países com realidades económicas distintas, assume uma verdade: o envelhecimento actual não tem comparação com nenhum momento da história da humanidade, é um paradigma novo e pode ser nefasto, afecta muitos países e provavelmente afectará a totalidade dos países num futuro próximo, com um forte impacto no desenvolvimento económico, no mercado de trabalho e nas relações laborais, nos investimentos, nas contribuições fiscais e sustentabilidade dos sistemas sociais vigentes.

Este relatório projecta para 2045, para os países em desenvolvimento, o que já em 1998 se verificou nos países desenvolvidos, quando o número de pessoas com mais de 60 anos excedeu o número de pessoas com menos de 15 anos (crianças).

Segundo a Divisão da População do U.S. Census Bureau, o Mundo tem neste momento 6.830.586.985 habitantes [nota 15] e a média das idades é de 28 anos, conforme documentado na tabela n.º 6. A população está dividida, metade acima deste valor e outra metade abaixo deste valor, e segundo o relatório da ONU, em 2050 a idade média chegará aos 38 anos.


Tabela n.º 6 – População Mundial por Idade e Sexo (2010)

 

Fonte estatística: Divisão da População do U.S. Census Bureau [nota 16]



Segundo ONU (2010), relatório já citado anteriormente, intitulado World Population Prospects: The 2008 Revision, a nível mundial existem actualmente, em termos médios, cerca de 9 pessoas em idade activa para cada pessoa reformada, e em 2050 as projecções indicam que serão 4 pessoas em idade activa, a trabalhar, por cada pessoa reformada, o que entre outras consequências pode determinar o colapso do sistema de pensões e o declínio gradual do valor das pensões aferidas pelos pensionistas.

Segundo o U.S. Census Bureau, fonte dos gráficos n.os 10, 11, e 12, verifica-se que população mundial aumentou de três mil milhões em 1959 para 6 biliões em 1999, o que significa que foi necessário 40 anos para que a população duplicasse.

De acordo com o gráfico n.º 10, e à semelhança do que se verificou tanto para Portugal como para a Europa, o ano de 2040 marca o declínio do crescimento da população mundial. Verifica-se que a recta da população começa a decrescer de forma suave tal como foi a sua subida nos anos que antecedem 2040, que foi suave. Não obstante, a projecção do gráfico n.º 10, demonstra que a população mundial deverá crescer de 6 bilhões em 1999 para 9 bilhões até 2045, um aumento de 50 por cento que vai necessitar de 46 anos para se efectivar.



Gráfico n.º 10 – População Mundial: 1950-2050





De acordo com o gráfico n.º 11, a taxa de crescimento da população mundial passou de aproximadamente 1,5 % ao ano em 1950-51, para um pico de mais de 2% no início da década de 1960, devido à redução da mortalidade. Entre 1958 e 1961 verificou-se um decréscimo significativo na taxa de crescimento, em parte justificado pela actuação da china na redução da Natalidade.

O pico que se verificou na taxa de crescimento no início da década de 1960 caiu ainda no decorrer dessa década, de forma declivosa mas constante até a actualidade, e prevê-se que continue a escalada descendente até 2050, justificável pela entrada da mulher em massa no mercado de trabalho (o que já antes tinha acontecido por ocasião das guerras mundiais porque os homens tinham que ir para o campo de combate), ao aumento da idade do casamento, melhores condições de vida, utilização de métodos contraceptivos, maior informação e divulgação, planeamento familiar, condições económicas adversas que limitam a constituição de famílias numerosas, e políticas anti-natalistas seguidas em alguns países, nomeadamente na China, que segundo o U.S. Census Bureau, quando se aplicaram essas medidas, apelidadas de genocídas, “ (…) both natural disasters and decreased agricultural output in the wake of massive social reorganization caused China's death rate to rise sharply and its fertility rate to fall by almost half” http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldgrgraph.php, em 29MAI10.



Gráfico n.º 11 – Taxas de Crescimento da População Mundial: 1950-2050




De acordo com o gráfico n.º 12, que considera as alterações anuais na população total e que nos oferece outra perspectiva de observar a evolução da população mundial, o maior pico de aumento anual da população mundial foi no final da década de 1980, com cerca de 88 milhões de pessoas.

Verificamos no gráfico anterior que a década de 1960 tinha registado um pico na taxa de crescimento mundial de cerca de 2%, o que no mínimo torna a informação ambígua. Contudo, não é um erro de cálculo. Acontece que a década de 1980 registou um maior crescimento populacional porque a população mundial era maior em 1980 do que o foi em 1960.

Para terminar este ponto do trabalho introduzi o mapa n.º 3 de forma ter uma visão holística da distribuição populacional e das suas desigualdades. Apesar de não ser um mapa que representa a população no ano de 2010, é um mapa actual, de 2007. Os padrões têm sido constantes, e as áreas densamente povoadas continuam a ser a China, Índia, Europa, União das Nações Sul Africanas, Estados Unidos, Mercosul e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, entre outros. Para além dos flagelos ambientais que o superpovoamento acarreta, verifica-se que é nestes locais onde mais desrespeitados são os Direitos Humanos, bem como a condição de Vida Digna.



Gráfico n.º 12 – Mudança anual da população mundial: 1950-2050






Mapa n.º 3 – Distribuição da População Mundial






NOTAS:

[14] Consultado em http://www.unric.org/pt/envelhecimento/9486, acedido em 01JUN10.

[15] Disponível em http://www.census.gov/ipc/www/idb/worldpopinfo.php, acedido em 28MAI10.
Este site é oficial, credível e fidedigno, mas sugere outros dois locais: o National PopClock e o World POPClock. Consultados os dois sites recomendados U.S. Census Bureau verificou-se que os dados sofrem oscilações, mas que essas não são significativas, diga-mos, são redundantes.

[16] Idem.

4. Conclusão (demografia)

Na demografia portuguesa, através da análise dos gráficos dos diferentes anos, conclui-se que a situação estimada entre os anos de 2005 a 2050 é semelhante á que se verifica desde 2001, e que a população das regiões do Norte e Sul, em 2001, mantêm-se muito próximas das previsões realizadas do ano 2050, ou seja, o interior continua a ser onde a concentração populacional é menor.

Na última década, a evolução demográfica de Portugal caracterizou-se pela manutenção da tendência de concentração populacional na faixa litoral do Continente, entre Braga e Setúbal e no litoral do Algarve, e pelo crescimento demográfico de alguns concelhos do interior que integram cidades de média dimensão (ex: Évora, Guarda, Castelo Branco, Viseu, Bragança).

Nas áreas metropolitanas, a população diminuiu nos núcleos centrais (Lisboa=15%; Porto=13%), mas também em alguns concelhos metropolitanos (Espinho, Amadora, Barreiro), situação que indicia um processo de reconfiguração dos espaços urbanos e metropolitanos.

Em relação à demografia europeia, conclui-se que o retrocesso da mortalidade e a diminuição da natalidade determinaram o novo regime demográfico da Europa no início do século XX, com as seguintes características: baixas taxas de natalidade e mortalidade, com relevo para o decréscimo da mortalidade infantil e juvenil; esperança de vida alargada para os 50 anos (média dos países europeus) e, simultaneamente, um alto índice de crescimento. Actualmente, a população em idade activa ainda é a classe maioritária, e serve de suporte ao funcionamento da economia e do sistema social europeu, sendo que conta com o contributo fundamental da imigração, sem a qual seria muito difícil manter o sistema social a funcionar. Contudo, o sistema vigente está “fragilizado de morte”, e perspectiva-se o seu colapso caso a fecundidade se mantiver aos níveis actuais.

A população europeia apresenta uma evolução no incentivo e fortalecimento fisiológico, como se comprova pelo crescente aumento da estatura média dos europeus.

Do lado negativo regista-se o envelhecimento global da população europeia, causado pela maior proporção de adultos no conjunto demográfico, e uma elevada dependência dos idosos, que atingiu valores alarmantes. As projecções dizem que em 2060, a Alemanha vai deixar de ser o país mais populoso da Europa, com pouco mais de 70 milhões de habitantes, e passe o título à Inglaterra, que vai ganhar população até 2060, ao contrário de quase toda a Europa, passando a fasquia dos 76 milhões de habitantes.

Conjugado com outros factores de ordem estrutural (maior mobilidade profissional e geográfica, maiores oportunidades de sucesso individual e transformações na mentalidade), o crescimento demográfico do século XIX teve um papel importantíssimo no progresso da vida no mundo ocidental. A abundância dos homens e o sobrepovoamento nalgumas regiões incentivaram, a vários níveis, o comportamento humano: estimularam o desenvolvimento técnico e científico, accionaram o crescimento económico, despoletaram grandes movimentos migratórios à escala mundial e favoreceram a aglomeração urbana.

A nível mundial verificam-se as mesmas tendências que existiam em Portugal ou na Europa, o crescimento da população vai crescer de forma lenta até 2040, altura em que vai deixar de crescer e começa a estabilizar.

Verificamos, segundo a Divisão da População do U.S. Census Bureau, que o Mundo tem neste momento 6.830.586.985 habitantes, e que a média das idades é de 28 anos, perspectivando-se segundo a ONU que chegue a 38 anos em 2050.

É pouco provável que a taxa de natalidade aumente e que se posicione novamente nos níveis do passado. O envelhecimento é irreversível e as populações jovens, que até recentemente representavam um padrão comum, vão começar a rarear no presente século.

Este envelhecimento coloca em causa a estabilidade financeira e económica dos países, bem como a solidez financeira dos sistemas sociais que suportam a velhice. Perspectiva-se uma redução acentuada do poder de compra e um retrocesso no nível de vida dos idosos, fruto da redução progressiva dos montantes das suas reformas.

Referências Bibliográficas (demografia)


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