06/06/06

Parque das Nações – Aspectos positivos e negativos (índice)

Índice


  1. Introdução
  2. Metodologia
  3. Localização Geográfica e Cultural do Parque das Nações
  4. Objectivos das exposições mundiais, em particular o caso português da Expo´98
  5. O que era o espaço do Parque das Nações antes da grande exposição de 1998
  6. Benefícios do reajustamento desta área no enquadramento local e nacional
  7. Reflexão
  8. Bibliografia


    Parque das Nações (introdução/metodologia)

    Introdução

    A EXPO98, exposição internacional [nota 1] com periodicidade quadrienal, foi um evento que ocorreu em Lisboa, em 1998, no âmbito das comemorações dos 500 anos dos descobrimentos. Este projecto foi estratégico para Portugal: a realização da exposição mundial e a regeneração urbana de uma parte da cidade, 340 ha, localizada na área oriental da capital e junta ao Rio Tejo. Atribui-se ao evento a reabilitação urbanística e ambiental do local, o renascimento de um espaço votado ao “abandono”, ocupado até então por indústrias obsoletas e com enormes potencialidades para atrair e fixar população jovem (e não só) na cidade.

    A área urbanizada está integrada no estuário do Tejo, com cerca de 5 km de frente ribeirinha e a 1ª fase da urbanização aproveitou infra estruturas criadas para a EXPO98, e.g. arruamentos, estacionamentos, algumas construções e espaços verdes.

    Este conceito urbano pretende estreitar a relação da cidade com o Rio, reconverter o uso, integrar a área na malha urbana existente e conseguir movimentar a centralidade da cidade.

    A cidade ficou mais moderna e funcional, melhorou as acessibilidades, criou emprego nas actividades dos serviços e comércio; promoveu-se a internacionalização e respeitou-se o ambiente, conseguiu-se a imagem de uma “cidade modelo”.


    Metodologia


    Para a produção deste trabalho realizaram-se inquéritos, no sentido de observar a satisfação actual dos habitantes, e se correspondia ao que inicialmente se pedia a uma área de tão elevado nível.

    Ao nível bibliográfico, fez-se consulta na actual sede do Parque Expo, retirando a informação que melhor caracterizava este espaço e também algumas perguntas a um dos funcionários.

    Foi utilizada a Internet como fonte de pesquisa, nomeadamente o site do organismo atrás referido, por ter sido o mesmo organismo a aconselha-lo como um excelente recurso.


    NOTAS:

    [1] A 1ª realizou-se em Londres, em 1851.

    Localização Geográfica e Cultural do Parque das Nações

    Lisboa, capital de Portugal com cerca de 600 mil habitantes, é um pólo económico e social de um distrito onde se encontram concentrados dois milhões pessoas. Situa-se na costa atlântica do País, a cerca de duas horas de avião do centro da Europa. O Parque das Nações localiza-se na parte oriental da cidade de Lisboa, numa zona de transição entre os municípios de Lisboa e Loures. Os seus limites físicos são a Av. Marechal Gomes da Costa, a Sul, o rio Trancão, a Norte, o estuário do Tejo, a Nascente e a linha de caminho de ferro do Norte, a Poente.

    O Aeroporto de Lisboa, a Norte da cidade, fica a meia hora do centro da cidade e a dez minutos do Parque das Nações. Lisboa tem um enorme património histórico e monumental, que faz dela um centro turístico de atracção internacional. O seu clima temperado, permite-lhe ter um elevado número de dias de sol, que com a proximidade do mar e de numerosas praias, quer na margem Norte, quer na margem Sul do Tejo, fazem Lisboa um destino cada vez mais procurado.

    Para além da sua posição geográfica, periférica em relação á Europa, a cidade movimenta quase toda a vida industrial, financeira e cultural do País. A nível ferroviário, é o terminal das ligações com a Europa, e o centro de correspondências nacionais.

    Objectivos das exposições mundiais, em particular o caso português da Expo´98

    A par de outros objectivos frequentes neste tipo de mega-eventos, como os que visam uma ampla e diversificada oferta cultural e o investimento em projectos de reabilitação urbanística, estas exposições mundiais têm uma forte presença política, de carácter estratégico, para a promoção de um país ou de uma cidade em fase de procura de distinção Internacional.

    Esta presença política, actua de forma a proporcionar visibilidade externa e afirmação Internacional, já que não são as grandes capitais políticas e económicas dos países centrais as habituais anfitriãs destes mega-eventos, mas sim os países que ambicionam ser reconhecidos no cenário Internacional, como o caso de Portugal, ou de cidades secundárias de países centrais, que pretendam ser mais reconhecidas, como o caso mais recente de Sevilha ou Hanover.

    A exposição de 1998 teve como objectivos principais o reposicionamento do País no novo contexto europeu, devido ao deslocamento do eixo da Europa para Leste, que exigia uma redefinição do lugar de Portugal dentro do espaço da CEE, pela afirmação daquilo que é específico do nosso País; a reafirmação de uma vocação nacional, no sentido de servir como veiculo de promoção de uma ideia portuguesa que defina os campos onde a contribuição de Portugal para o progresso da Europa e do Mundo possa ser mais sensível; a renovação urbana, pois a alta percentagem de equipamentos e instalações duradouras que a sua construção exige, podem e devem contribuir para recuperar e dar vida ao espaço onde se insira; a comemoração dos descobrimentos, realizando-se em 1998, a exposição tem como objectivo comemorar o quinto centenário da chegada de Vasco da Gama à Índia, representando este o ponto mais alto das Comemorações dos Descobrimentos Portugueses; o estímulo económico, na medida que gera um grande número de empregos e permite fortalecer a economia nacional, contribuindo para a expansão de determinados sectores da indústria nacional e a promoção turística, pois sendo um acontecimento internacional, a exposição foi divulgada por os media e atraiu a atenção sobre Portugal. Foi devido á exposição que se verificou a maior afluência de turistas a Portugal desde sempre, e que se prevê que tenha um impacto duradouro no mercado da procura turística, no sentido de ter cativado os visitantes a voltar.

    Assim conseguiu difundir tanto no interior do País como no estrangeiro uma imagem renovada, assente em parâmetros de modernidade que habitualmente definem e identificam os Países mais desenvolvidos, causando reacções de agrado na população Portuguesa, a qual afirmava aquando da visita a este espaço “…parece que estamos no estrangeiro…”, devido á novidade, modernidade, organização, conforto, harmonia e segurança que este oferecia.

    Em suma, a Expo`98, foi uma imagem de civilização que se quis implantar no País e exportar para o exterior. Teve imenso sucesso, foi aplaudida na data e posteriormente á data, por as enumeras actividades que após a realização da Expo`98 se realizaram neste espaço, de forma a tentar reaver o capital investido e dar vida á enumeras infra-estruturas existentes, tentando não seguir o exemplo de Sevilha, que ainda nos dias de hoje não apresenta lucros do espaço utilizado pela exposição de 1992, mas sim despesas de manutenção, devido á sua má gestão.

    O que era o espaço do Parque das Nações antes da grande exposição de 1998


    Há meio século, toda a área actual do parque das nações sofria um processo de transformação física, de forma a se ajustar ás necessidades de Lisboa. Assim, aqui se implantaram indústrias de forma alheia a critérios de ordenamento, sendo que, na data em que este tipo de indústrias fora instalado, corresponde a um período no qual eram ainda incipientes as preocupações ambientais e os meios técnicos para as materializar. Esta industria utilizava o mar para poder movimentar as matérias-primas (ex. refinaria) e da excelente centralidade desta área em relação a todo o território nacional e em relação á rede de transportes.

    Por ser um subúrbio muito próximo de Lisboa, e existir falta de zelo pelo espaço, devido á presença da indústria, conferiu a esta área uma imagem negativa e passou aqui a depositarem-se os lixos de Lisboa. Há semelhança de Lisboa, é na zona oriental das cidades europeias que os lixos das suas capitais são depositados, existindo uma clara preferência pela área ocidental das cidades.

    Com o passar dos anos, as indústrias tornaram-se obsoletas, a malha urbana foi crescendo alcançando estas, e assim tornaram-se incompatíveis, não correspondendo ás necessidades de Lisboa nem da população, e tornando-se incompatível com a qualidade de vida exigível a uma capital europeia do fim do século como a seguir se demonstra.

    A refinaria envelhecera irremediavelmente, destoando na nova geometria da cidade, através do vasto conjunto de cilindros de combustível e de tubagens existentes, originando um aspecto irreal á noite e parecendo durante o dia um complexo “puzzle”, numa enorme área ribeirinha. Em redor da refinaria, três outras companhias petrolíferas vieram também instalar os seus tanques, o que agravou ainda mais o impacto ambiental e visual.

    Após o envelhecimento desta, uma série de infra-estruturas também se desajustaram, como o caso da Ponte-cais da Soponata, onde os petroleiros descarregavam directamente para a refinaria as ramas, designadas por “ouro negro”, e foram adaptadas para se integrar nas zonas temáticas da Expo`98.

    A Doca, era o local onde estacionavam os Clippers da Pan American que cruzavam o Atlântico, mas que com o passar do tempo este velho Aeroporto Marítimo de Lisboa encheu-se de lodo e caiu no esquecimento. Na antiga área do Porto de Lisboa, ocupando a faixa ribeirinha de quase 5 km, as actividades com ligação directa ao Tejo eram muito poucas, e as que ainda havia relacionavam-se com a extracção de areia ou também pequenas unidades navais.

    Os contentores eram um problema, na medida que eram milhares e conseguiam criar uma barreira entre a cidade e o Tejo. O qual não se justificava, pois estes não estavam perto do exportador nem do importador, simplesmente estacionavam ali, para serem consertados ou para esperarem mercadorias.

    O Matadouro, edificado há largos anos, com a forte expansão da malha urbana, não poderia conviver com novos bairros a criar mesmo a seu lado, estava desajustado para a necessidade da área, pelo que foi necessário reintegra-lo noutra área mais apropriada.

    O parque imobiliário era muito antigo, em alguns casos sem as mínimas condições, totalmente degradado, que através do redimensionamento deste espaço, permitiu ás famílias que aqui residiam, a oportunidade de uma casa digna, que de outra forma não seria possível, libertando-as do risco de desabamento destes prédios, nomeadamente o telhado, podendo fazer vitimas. As pessoas que aqui residiam eram na sua maioria grupos sociais marginalizados, minorias éticas e situações de efectiva pobreza. Este parque imobiliário era construído por habitação mas também por armazéns, em alguns casos com portas semicerradas que se não fosse a Expo`98, a inércia dos tempos tudo ali deixava permanecer, por muitos mais anos.

    O depósito de Material de Guerra, era um autêntico cemitério de material bélico e um grande armazém de armas em fim de vida, sem utilidade. A proximidade de aglomerados urbanos tornava o depósito de Beirolas um incomodo para os cidadãos, criando um forte impacto ambiental, e ao mesmo tempo constituindo perigo, havendo a possibilidade deste material ser reutilizado, numa situação de roubo.

    Assim esta unidade foi removida desta área, e colocada numa área mais afastada, em Alcochete.

    Assim, em Beirolas o abandono gerou desleixo, atraiu o lixo a esta área, e tornou-se no palco de toda a imundice. Os cidadãos começaram a utilizar esta área para fazer descargas de entulho ilegais, onde não existia respeito pela lei; passou a receber todo o parque automóvel que era abandonado nas ruas da capital, tornando esta área o caixote de lixo do capital, criando um enorme impacto visual, que se acentuava devido á falta de organização na área destes resíduos. Para alem destes, existia ainda um odor característico das centenas de toneladas de lixo da capital que iam para Beirolas, afim de ser depositado no aterro sanitário. Este não reunia condições de funcionamento, tendo uma tecnologia antiquada, onde durante anos Lisboa acumulou ali milhares de toneladas de resíduos, lançando ocorrências para o Tejo e libertando metano para a atmosfera.

    Ao nível desta tragédia ambiental, estava o rio Trancão, que no seu trajecto ate ao Tejo, recebia a poluição equivalente a 1,2 milhões de habitantes, tornando-se num rio morto com grau zero de oxigénio. Este foi despoluído para a Expo`98 e regularizado o seu caudal, demonstrando após 8 anos elevados níveis de poluição.
    Em relação aos comboios e á rede ferroviária, pode-se afirmar, que foram eles que trouxeram a indústria para Lisboa Oriental, de forma a fazer a passagem entre terra e mar dos produtos. Cedo perdeu a importância de outrora, devido á falta de investimento nas infra-estruturas, provocando o fecho destes apeadeiros, que só observavam antes da reestruturação desta área para a Expo`98, os comboios a passar a grande velocidade.

    Porem, apesar de todos estes problemas existentes nesta área, a estação de Tratamentos de Águas Residuais de Beirolas, era uma infra-estrutura ai pertencente, que não pertence ao padrão de degradação geral. Recentemente construída segundo as mais modernas tecnologias junto á nova ponte sobre o Tejo, esta foi a única infra-estrutura que sobreviveu e actualmente serve as novas urbanizações que ai emergiram. Todos estes problemas apontados persistiram durante algum tempo devido á falta de capacidade do Estado para reanimar esta área oriental de Lisboa, que só viriam a ser resolvidos através da intervenção da Expo`98.

    Benefícios do reajustamento desta área no enquadramento local e nacional

    A EXPO 98 trouxe benefícios significativos para a cidade de Lisboa, para o País e para a comunidade internacional. Estes benefícios passaram por a transformação de uma área urbana degradada numa área nobre da cidade, pela a promoção de uma multiplicidade de projectos inovadores, pelo acolhimento de uma Exposição com expressão mundial e por uma oportunidade única para promover a protecção dos Oceanos. A realização da Exposição permitiu, entre outras coisas a nível local, dar prioridade e canalizar investimentos para uma conclusão mais rápida de projectos, alguns dos quais previstos há muitos anos, mas que por falta de verbas não se tinham efectuado, e gerar empregos que se mantiveram depois do seu teminus.

    Ao nível urbanístico, o facto da área total do Parque das Nações ter sido totalmente libertada de todas as actividades que ali se encontravam, possibilitou que o planeamento urbano fosse traçado em termos das necessidades da cidade ideal. Assim, após identificadas as necessidades através de extensos estudos de mercado dirigidos, quer às empresas, quer aos actuais habitantes do Parque das Nações, delineou-se a melhor forma de as satisfazer criando um espaço urbano de elevada qualidade. Esta qualidade verifica-se na tecnologia empregada nas suas infra-estruturas, nomeadamente ao nível das telecomunicações, nas acessibilidades e ao nível paisagístico, com a criação de jardins, parques, logradouros, rotundas, praças e vias envolventes.

    Ao nível rodoviário, foi feito um grande investimento na zona oriental de Lisboa, embora a maioria dessas obras não seja da responsabilidade exclusiva da Parque EXPO 98, tendo só servido como catalizador, como na Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL). Ao nível das ligações intermodais foi dado um grande passo ao criar-se a primeira estação intermodal portuguesa do Oriente, onde se articulam diversos tipos de transportes. É um ponto de partida para quem pretenda utilizar os transportes disponíveis para circulação na cidade, em especial o metropolitano, evitando-se a circulação no interior da cidade. Também foi potenciado o desenvolvimento de Chelas, não só pelas novas vias mas também pela extensão da linha de metropolitano, abrindo esta área da cidade, que até então estava isolada.

    Ao nível de infra-estruturas, toda a área envolvente, nomeadamente os concelhos de Lisboa e Loures, podem usufruir da construção de vários equipamentos de utilização colectivos, como o Parque Urbano, Pavilhão Multiusos, residências universitárias e centro de educação ambiental, colmatando algumas lacunas existentes. Também Lisboa recebeu novos espaços verdes, aumentando significativamente os espaços verdes disponíveis na Região, numa área da cidade particularmente carenciada, e criou-se o Centro de educação ambiental. Despolui-se o rio Trancão e a zona ribeirinha do Tejo, nomeadamente com a construção de estações de tratamento de águas residuais (ETAR) e remoção de sedimentos contaminados.

    Parque das Nações é uma área urbana de destaque, com uma óptima racionalização dos recursos, com as mais modernas tecnologias e infra-estruturas, entre as quais uma rede de distribuição de frio e calor. Com este sistema, a Climaespaço proporciona aos edifícios da Zona de Intervenção da EXPO’98, energia térmica para ar condicionado, aquecimento central e de águas de consumo, de uma forma cómoda, ecológica, económica e segura desde que os edifícios disponham de ligação à rede de frio e calor. Se os imóveis disporem de ligação à rede, como acontece com a maioria dos melhores empreendimentos da zona, poderá reduzir até 50% a sua factura energética, como se verifica no gráfico a seguir.






    Para alem das vantagens ao nível energético, tem um sistema de rega que é servido preferencialmente por efluente da E.T.A.R. após tratamento terciário e desinfecção. O sistema de recolha automática de RSU permite a separação de resíduos orgânicos e inorgânicos, através de duas bocas de sucção. O uso deste equipamento será obrigatório no licenciamento dos edifícios. A separação de inorgânicos (vidro, papel, metais, plásticos) é feita por diferenciação horária, ou seja, a uma hora ou dia estabelecido, recolhe-se cada tipo de resíduo, atenuando a poluição ambiental através de uma boa gestão.

    A nível nacional pode dizer-se que a construção dum espaço com esta envergadura contribuiu para elevar a auto-estima dos portugueses, já que se tinha tendência para relacionar Portugal como um País atrasado e isolado do resto da Europa. Este espaço modelo em toda a Europa, gerou um conjunto de sentimentos comuns, relacionados com a capacidade de realização e ao “orgulho de ser português”.

    O objectivo é sem dúvida louvável, e os efeitos positivos em diversos domínios são inegáveis, contudo no reverso da moeda existem inconvenientes, entre os quais o excesso de construção, o qual não deixa respirar o tecido urbano já edificado. Esta qualidade de habitação é pioneira em território nacional, proporcionando excesso de procura, que por sua vez originou a sobrelotação de construção nesta área. A construção muitas vezes nasce de forma desordenada, saturando-se o espaço, tendo por fim receitas financeiras.

    Também o facto de ser uma área com elevados preços de habitação, devido á sua localização próximo do rio Tejo, da sua centralidade e qualidade, só permite o acesso a pessoas com elevado poderio económico, o que favorece a estratificação, encontrando-se só uma classe económica nesta área, tornando-a morta.

    A falta de pequeno comércio também merece realce, na medida que os residentes só tem acesso a bens de consumo nas grandes superfícies comerciais, e os que se encontram na periferia desta área tem que fazer uma grande deslocação para ter acesso a estes.

    Na marina da Expo, no lado sul do Parque das Nações, local onde incidiu o nosso estudo através de inquéritos, já há sinais de ferrugem e de deterioração generalizada nos quatro restaurantes flutuantes que entraram em falência em 2003 e que, no entanto, continuam atracados exactamente como no dia que decretaram falência, com a diferença de, em vez de ainda estarem a flutuar na água, assentarem agora no lodo que assoreou a marina até à superfície. É incomodativo para á população, já que inicialmente nunca associaram que á habitação deste nível tivesse este tipo de problemas associados.






    A nível turístico, esta é uma visão da cidade que não se deveria mostrar, já que toda esta área assenta na modernização e qualidade dos equipamentos, e assim sendo, os turistas que desembarcarem no terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia e virem rio acima na zona ribeirinha até ao Parque das Nações, vão se deparando com este espectáculo de desleixo e abandono, numa capital que organizou uma mega exposição sobre oceanos.

    Reflexão / Bibliografia (Parque das Nações)

    Oito anos após a realização da grande exposição, e a partir da realização de inquéritos á população residente no Parque das Nações, pode-se concluir que o espaço da Expo´98 correspondeu ás expectativas, no sentido da inovação e qualidade de vida aquando da sua construção inicial, que com o passar do tempo e com o acentuar de problemas, nomeadamente, excesso de urbanização, falta de pequenos estabelecimentos comerciais locais, falta de infra-estruturas sociais, falta de transportes sociais colectivos, não funcionamento de áreas essenciais à atracção dos visitantes (ex. marina), congestionamentos de tráfego automóvel local e até simples problemas como luzes fundidas em candeeiros de rua ou ate mesmo montes de terra nas estradas e passeios, originando pó no verão e lama no Inverno, reduziu um pouco o grau de contentamento da população ali residente, pois inicialmente nunca pensaram que estes problemas viriam a existir, devido a ser um espaço de topo.

    Apesar dos problemas enunciados anteriormente, este espaço mantém uma boa qualidade de vida, associada à qualidade dos equipamentos instalados, à configuração dos edifícios no terreno, à boa construção aqui praticada que permite aos edifícios serem agradáveis tanto no verão como no Inverno sem a utilização de climatizadores e o facto de estarem perto do rio, transmitindo uma harmonia e uma paz natural ás pessoas.

    Esta qualidade de vida não esta acessível a toda a população devido ao elevado custo da habitação, proporcionando a existência de um só extracto social, tornando assim este espaço isolado e ao mesmo tempo morto, ou seja, sem equilíbrio devido á falta de extractos sociais diversificados, criando uma pequena cidade fechada.


    Bibliografia

     Maria Assunção Gato (1997) – Expo´98 – Uma oportunidade para construir cidade, 1ª Edição, Lisboa.

     Maria de Lourdes Lima dos Santos (1999) – Impactos culturais da Expo´98, 1ª Edição, Lisboa.

    Sociedade Expo. S.A. (1999) – Documentos para a historia da Expo`98 – 1998-1992, 1ª Edição, Lisboa.

     Abílio Leitão (1996) – Memória de intervenção, Sociedade Expo. S.A., 1ª Edição, Lisboa.

     Outras fontes