25/05/06

Discrepância entre Ricos e Pobres

O FOSSO DAS DESIGUALDADES ENTRE RICOS E POBRES CONTINUA A ACENTUAR-SE

A sensibilização dos chefes de estado e cidadãos para esta problemática nos últimos tempos não suscita muitas duvidas em relação há actual distribuição da riqueza a nível mundial, bem como não será estranho para os cidadãos, o porque de esta situação não se alterar. Ainda nesta perspectiva penso que a igreja poderia contribuir um pouco na difusão deste problema, sensibilizando as pessoas, que é o que lhe compete e não se tem verificado.
















Actualmente produz-se cada vez mais riqueza no planeta. No entanto, o fosso que separa as nações ricas das mais pobres tem vindo a aumentar, contrariamente às sugestões dos defensores das forças do mercado. Este facto é uma realidade cada vez mais eminente e preocupante, na medida em que é necessário saber até que ponto os cidadãos que habitam em países em vias de desenvolvimento quererão viver em péssimas condições, sem infra-estruturas e com elevadas carências no campo da saúde e educação.

Estou totalmente em sintonia com a Jornalista e Historiadora Sofhie Bessis em todo o seu texto,acreditando que a distância dos países pobres em relação aos ricos e cada vez maior apesar dos esforços que se têm feito, bem como a estratificação nos países desenvolvidos, criando apenas duas classes sociais: ricos e pobres, sendo que os segundos pertencem ao grupo mais abrangente.

Os estudos feitos pelo Banco Mundial, pela Organização Internacional do Trabalho e pela Organização das Nações Unidas alertam para esta realidade, demonstrando alguns desses indicadores. Deste modo, o relatório realizado em 2006 pelo Banco Mundial, revela que o consumo de um cidadão do Luxemburgo é 62 vezes superior ao de um habitante da Nigéria. Do total da riqueza produzida no mundo, 80% fica com 1 bilião de pessoas que vivem nos países ricos, enquanto 5 biliões de pessoas,quase todas em países pobres, dividem o restante, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a desigualdade.

A Organização Internacional do Trabalho revela que a renda anual de cada pessoa, pertencente aos 20% dos mais ricos a nível mundial, atingiu os 32,3 mil dólares em 2002,tendo sofrido um acréscimo de 183% em 40 anos. Relativamente à renda anual por pessoa (dos 20% mais pobres) foi de 267 dólares, com o minguado aumento de 26% desde 1962.

Foi através da adopção de várias políticas que se tentou diminuir esta diferença entre o Norte e o Sul. Contudo, estas políticas não passaram de boas intenções, uma vez que no começo do séc. XIX as disparidades entre países eram pequenas, verificando-se um grande aumento no séc. XX, com tendência para continuar a aumentar, se excluirmos os dois países que expandiram muito das suas economias nos últimos anos: a China e a Índia.

Se retrocedermos 250 anos, a diferença de renda entre um habitante de um país rico e de um habitante de um país pobre era sensivelmente de 5 para 1. Actualmente, a diferença em termos de renda per capita entre a nação industrial mais rica (a Suíça), e o país industrial mais pobre (Moçambique) é de cerca de 400 para 1. Esta crescente desigualdade entre as nações levou a ONU a incluir entre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – que visam reduzir pela metade a pobreza absoluta existente no planeta até 2015 – o estabelecimento de uma parceria global, na qual os países mais ricos devem contribuir, a fim de ajudar os menos favorecidos a superar a miséria.

Apesar do perdão da dívida externa de alguns países pobres, existem ainda desigualdades vergonhosas,como o facto de uma vaca (pertencente aos rebanhos da União Europeia) receber um subsídio anual que corresponde a três rendas anuais (per capita) dos moradores dos países mais pobres da África. Estes apoios podem passar pela redução das barreiras à entrada de produtos agrícolas e manufacturados que exigem mão-de-obra intensiva, provenientes das partes mais pobres do mundo, bem como pela liberalização comercial e a redução dos subsídios aos agricultores europeus e norte-americanos. Desta forma haveria um gigantesco impacto na redução da pobreza, especialmente nos países africanos.

Também o relatório de 2006 do Banco Mundial propõe que os países mais desenvolvidos permitam maior acesso a seus mercados de trabalho para a mão-de-obra não qualificada, proveniente das regiões mais pobres do mundo, justificando que a abertura de cotas para trabalhadores de países mais pobres contribuiria para a retenção de migrações ilegais ou tentativas desesperadas. Tal ocorreu em Outubro, em Melilla,quando centenas de africanos tentaram forçar as cercas de arame farpado para entrarem no enclave espanhol existente em Marrocos. No entanto, outras iniciativas foram postas em prática: facultar o acesso a remédios genéricos para os países pobres e em desenvolvimento e adoptar programas de ajuda económica de melhor qualidade. A desigualdade é de tal ordem, que o relatório do Banco Mundial evidencia o facto de os países mais abastados não estarem a colaborar afincadamente para inverterem a situação vivida.

De acordo com um estudo realizado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o gasto anual em perfumes e cosméticos nos países industrializados (em 2004) foi equivalente a metade da ajuda económica oficial aos países mais pobres.

Em suma, os países industrializados focam frequentemente a necessidade de ajudar os países mais pobres. Contudo, esta ajuda não lhes convém, pois implicaria uma quebra no seu crescimento económico, realizado através da exploração dos países em vias de desenvolvimento, na exportação para estes países de produtos com elevado teor tecnológico, já trabalhados industrialmente e com elevado valor económico, e exportando destes a um reduzido custo, a matéria-prima desse mesmos produtos. Assim sendo, não existe uma dedicação exclusiva a esta causa.

O crescente aumento de pobreza em várias regiões do mundo levou a que os vários organismos multilaterais tivessem pressionado os países ricos, tentando alterar esta tendência, que traduzida em números, revela que o número de pessoas que vivem em pobreza extrema (renda inferior a 1 dólar por dia) sofreu um acréscimo de 2,4 biliões para 2,7 biliões entre 1981 e 2001, período em que aumentou a riqueza em escala mundial.

A situação só não foi pior graças ao desempenho da economia chinesa, onde o número de pessoas na pobreza extrema caiu de 876 milhões para 594 milhões entre 1981 e 2001. Entre 1980 e 2001, a renda per capita nas partes menos favorecidas do mundo caiu, em comparação com a renda (por habitante) dos países ricos da OCDE: na América Latina caiu de 18% para 13,3% e nos países africanos ao sul do Saara de 3,3%
para 1,9%.

A nível ambiental existem incoerências por parte dos Países desenvolvidos, na medida que são os principais consumidores das energias renováveis e não renováveis, e por sua vez os mais poluidores, com elevados padrões de consumo, que deveriam ser alterados em prol do seu eminente esgotamento

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