A crise demográfica que se vivia na Idade Média não teve um términus semelhante em todos os países da Europa, dependendo das suas características e condições locais. Portugal na Idade Moderna estava carente de pessoas o que limitava o povoamento e a colonização. Exemplo disso foi nos Açores que por falta de povoadores nacionais D. Henrique foi obrigado a entregar duas das mais importantes capitanias a estrangeiros. (Volume V, Nova História de Portugal, Cord. João José Alves Dias, 1998). Assim, no início da colonização a falta de pessoas foi ultrapassada por uma estratégia régia que consistia na atribuição de muitos privilégios aliciando os colonos.
A falta de pessoas no reino, ora devido há peste, ora devido a maus anos agrícolas e á consequente subnutrição, limitaram muito a evolução do reino. Situação que só viria a alterar-se a partir de 1450, com um gradual aumento de população em áreas rurais e áreas urbanas. Esta nova dinâmica populacional alterou muito a distribuição geográfica dos aglomerados populacionais: saíam pessoas dos campos para as cidades, das montanhas para as planícies e ainda saiam pessoas para os descobrimentos fixaram-se como colonos nas terras recém-descobertas.
D. Manuel I após ser aclamado rei manda executar um vasto inquérito na comarca da Beira para que pudesse controlar os impostos, funcionários régios, listar o número de mosteiros e igrejas e saber o número correcto de habitantes da comarca.
Os habitantes foram registados por número de fogos. Se multiplicarmos por quatro (número de elementos que constituem um fogo) cada fogo teríamos a viver na Beira em 30 de Dezembro de 1495, aproximadamente, 65 000 habitantes. Outros levantamentos foram feitos nomeadamente em 30 de Dezembro de 1512, foi feito um arrolamento de moradores por alvará régio, nos concelhos de Valença e Caminha.
O primeiro censo da população foi ordenado por decisão de D. João III em 1527-32. Este censo indicou a “ (…) existência de 282.708 fogos, ou seja, entre 1 000 000 e 1 500 000 almas”. (João José Alves Dias, 1998:13).
Esta população estava distribuída da seguinte forma em termos relativos: província Entre-Douro-e-Minho possuía 20% da população e a província do Alentejo e Algarve possuía outros 20%. Acontece que estes últimos 20% representam quase metade do território português em área, o que quer dizer que a população está mais concentrada no Norte de Portugal.
A distribuição por comarcas era a seguinte: Entre Douro e Minho 34,9%, Trás-os-montes 14,3%, Beira 20,4%, Estremadura 15,1%, entre Tejo e Guadiana 7,4% e Algarve 9,1%. (João José Alves Dias, 1998).
As cidades cresciam de forma exponencial e era no Norte do país que mais rápido cresciam as cidades. Apesar da diminuta dimensão do reino de Portugal em relação ao dos vizinhos Lisboa já era considerada uma grande metrópole à escala europeia, possuindo 13 010 fogos, isto é entre 50 000 e 65 000 habitantes. (João José Alves Dias, 1998).
Com a evolução das expedições marítimas o número de pessoas que saia do reino era grande. Os colonos tinham esperança de enriquecer, pois observavam muitas quantidades de ouro a chegar dos territórios ultramarinos. Entre 1527 e 1580, puderam ter saído uma média de 3500 pessoas por ano o que representara em termos aproximados cerca de 185 000 pessoas.
Posteriormente a 1527 a população continuou a tendência crescente, pelos menos até aos finais do século XVI, à semelhança do resto da Península Ibérica.